Pesquisa do Dia
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Sex, 01 Mar 2019 16:59:00 -0300
Pesquisa sobre Transidentidades revela talento de jovem bolsista do CNPq
Fabrício Pupo estava, desde cedo, determinado a ingressar no mundo da ciência com seu objeto de estudo praticamente definido, que resultou no projeto "Estudo sobre sexo, gênero e orientação sexual a partir da análise literária da obra A Garota Dinamarquesa, de David Ebershoff", contemplado com uma bolsa de Iniciação Científica Júnior do CNPqSuas referências teóricas são Judith Butler, Michel Foucault, Paul Preciado, Guacira Lopes Louro, entre outros estudiosos e especialistas que tratam a questão do gênero e da sexualidade dentro de um viés social. Mas foi sob a influência de Lili Elbe, uma das primeiras pessoas no mundo a realizar uma cirurgia de transgenitalização, que Fabrício Pupo Antunes, de apenas 15 anos, decidiu mergulhar nesse tema "tão polêmico e ao mesmo tempo fascinante", como ele próprio define.
Nascido em Campo Grande (MS), longe dos grandes centros de pesquisa, Fabrício não é um garoto comum. Desde cedo, estava determinado a ingressar no mundo da ciência com seu objeto de estudo praticamente definido. "Eu sabia que iria pesquisar essas questões, pelas quais sempre me interessei, mas depois de ler o livro A Garota Dinamarquesa, decidi incluí-lo", disse, referindo-se ao projeto "Estudo sobre sexo, gênero e orientação sexual a partir da análise literária da obra A Garota Dinamarquesa, de David Ebershoff", contemplado em abril de 2018 com uma bolsa no âmbito do Programa Iniciação Científica Júnior, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fabrício e o livro que o inspirou a projetar a pesquisa que hoje desenvolve como bolsista do CNPq. Foto: Arquivo Pessoal
"Em março [de 2018], participei da FEBRACE-USP [Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo - USP]. Lá, o projeto ganhou alguns prêmios: primeiro lugar na área de Ciências Humanas, Melhor projeto do Estado de Mato Grosso do Sul e a Bolsa CNPq, no valor de R$ 100, implementada em abril", contou Fabrício.
Também na FEBRACE, sua pesquisa foi credenciada para participar do Verano Nacional para Estudiantes Sobresalientes (Vences), feira científica que seleciona 40 trabalhos no mundo, e em 2018 ocorreu no México. "Mas eu não pude ir, porque coincidiu com o período da [70ª Reunião Anual da] SBPC, em Maceió, e o professor Ivo recomendou que eu participasse da SBPC", explicou o jovem pesquisador. O químico Ivo Leite Filho, doutor em Educação, é professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e um dos maiores incentivadores de Fabrício no universo da ciência.
O bolsista em sua apresentação na UFMS. Foto: Arquivo Pessoal
Coragem e identidade
Pesquisar sobre um assunto ainda visto como tabu na sociedade é um constante desafio, admite Fabrício. Afinal, como ele mesmo diz, "um menino de 15 anos, aparentemente homem, escrevendo e falando sobre trans, pode parecer muitas coisas e despertar inúmeras interpretações". Mas ele não se intimida: "Hoje, pesquiso experiências contemporâneas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul. Analiso relatos, recebido através de um blog que desenvolvi como metodologia de estudo - o Transidentidades."
"Até aqui, Lili me ensinou muito sobre coragem. Coragem para enfrentar desafios para ser o que quiser ser, o que for possível ser, para falar sobre o que me causa encantamento¿ ainda que para isso tenha que buscar e muito, o entendimento", escreve em seu blog.
Participar da 70a Reunião Anual da SBPC foi um dos eventos mais extraordinários para Fabrício. "Lá, pude fazer vários contatos, participei na sessão de pôsteres, na qual o projeto ganhou Menção Honrosa, apresentei para o grupo do Ministério da Saúde e conheci o [então] presidente do CNPq. Foi uma semana muito intensa".
Amigo do autor
Primeiro foi o filme. Com a leitura das críticas ao roteiro muito "romanceado", veio o livro. De um jeito ou de outro, a obra de David Ebershoff já havia mexido com as emoções de Fabrício. Mais uma vez incentivado pelor professor Ivo Leite Filho, ele foi buscar informações sobre o autor. Encontrou o site de Ebershoff. Não titubeou e enviou um e-mail falando de sua pesquisa. Seis dias depois, o escritor norte-americano respondeu, e desde então, passaram a trocar mensagens e se tornaram amigos.
Ao que tudo indica, Ebershoff virá para a 71a Reunião Anual da SBPC, este ano, justamente em Campo Grande, organizada por Ivo Leite Filho. "Gostaria muito de conhecer pessoalmente o David Ebershoff. Somos amigos, trocamos muitos e-mails e ele foi de uma gentileza incrível desde o começo de minhas pesquisas com sua obra", diz.
Ebershoff também é professor, e certamente sabe a diferença entre um garoto comum e um garoto extraordinário, aquele que, como diz Manoel de Barros, precisa ser Outros.
Entrevista
"Meu principal objetivo é tornar vidas mais viáveis"
Estudante em tempo integral do primeiro ano do Ensino Médio no Colégio Novaescola, da rede privada de ensino de Campo Grande (MS), Fabrício é o único filho de Rogério Pupo Antunes,43 anos, autônomo, e de Fabiana F. Cabral, 37, professora. No projeto do CNPq, é orientado pelo professor Dr. Tiago Duque, coordenador do Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças, na UFMS. Sua pesquisa também transita no campo da Psicologia. Fabrício participa do Grupo de Estudo de Gênero e Psicologia, da UFMS, coordenado pela professora Dra. Zaira Lopes, no qual a sexualidade é discutida sob essa outra perspectiva.
A seguir, a entrevista que Fabrício concedeu ao CNPq.
Você é, digamos, um ponto fora da curva entre jovens da sua idade. Considera-se exemplar?
Eu me considero responsável e comprometido. Mesmo com uma agenda bastante movimentada por conta do projeto, viajo bastante, participo de Feiras Científicas e dos grupos de estudo na universidade, cumpro com todos os compromissos da escola como provas, trabalhos e tarefas. Faço tudo, cumpro prazos. Tenho muito apoio da escola para poder pesquisar, por isso faço questão de manter minhas notas altas em todas as matérias.
Alguém inspira você na sua maneira de ser e de pensar o mundo?
Quatro pessoas em especial: o professor Dr. Tiago Duque, pela atenção incrível que me dá através de suas orientações; o professor Dr. Ivo Leite, incansável no trabalho de levar a ciências para todas as pessoas e de aproximar a universidade das escolas; o professor Newton Mihayra, diretor da escola onde estudo, que me apoia e me motiva na minha rotina como estudante e pesquisador; e o escritor e professor David Ebershoff, que, mesmo de longe (Nova York), me orienta, inspira e auxilia nos estudos.
Que Brasil você espera para o futuro?
Eu espero que o Brasil se desenvolva no sentido de ser melhor para todos. Que as pessoas valorizem a democracia, que deem importância devida à educação e que ela seja a realidade de todos. Espero, também, que a ciência e a ética estejam mais presentes no governo e na sociedade.
E que mensagem gostaria de passar para jovens como você?
Gostaria que nós jovens entendêssemos desde cedo a importância do estudo e da pesquisa, considero isso muito importante. Mas sobre deixar uma mensagem... meu conselho é que se sintam motivados a participar das transformações tão necessárias para nosso mundo, que sejam protagonistas de suas vidas e que acima de tudo lutem pela coletividade.
Fale sobre algo que não perguntei e você considera importante mencionar.
Sou uma pessoa muito feliz por fazer o que faço e pela pesquisa que realizo. Quero poder fazer mais e levar o tema para além da universidade e da escola. Meu principal objetivo é tornar vidas mais viáveis. Sou grato a todos e todas pelo apoio e ao CNPq pelo incentivo e oportunidade.
Uma produção do Programa de Divulgação e Disseminação Científica do CNPq
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Sex, 15 Fev 2019 17:23:00 -0200
Identificação de feromônio da praga do coco pode levar ao controle biológico
Cientistas da UFPR identificaram feromônios de agregação da principal praga do côco no Brasil - o besouro Homalinotus depressus. A pesquisa, desenvolvida pelo Laboratório de Semioquímicos do Departamento de Química da UFPR, está descrita em artigo publicado na revista Scientific Report e é coordenada pelo Prof. Paulo Henrique Zarbin, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1C do CNPq.O coco é uma das principais fruteiras brasileiras, com importância social e econômica devido à diversidade de produtos derivados úteis à agroindústria, como, por exemplo, água de coco, leite de coco, madeira, fibras, biocombustível, ração animal e óleos, entre outros. O desafio é controlar os insetos-praga, que causam perdas significativas para a sua comercialização em nível mundial. Após vários anos de pesquisa, finalmente esse problema pode estar perto de uma solução eficiente e ambientalmente correta.
Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificaram feromônios de agregação da principal praga do côco no Brasil - o besouro Homalinotus depressus (Coleoptera: Curculionidae). A pesquisa, desenvolvida pelo Laboratório de Semioquímicos do Departamento de Química da UFPR, está descrita no artigo Isophorone derivatives as a new structural motif of aggregation pheromones in Curculionidae ("Derivados de isoforona como nova classe estrutural de feromônios de agregação em Curculionidae", em tradução livre), publicado na revista Scientific Report, do grupo Nature, em 28 de janeiro.
O artigo é resultado de pesquisa coordenada pelo Prof. Paulo Henrique Zarbin, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1C do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), assinado, também, pelos pesquisadores Diogo Montes Vidal (autor da tese de doutorado, no qual foi bolsista do CNPq), Marcos Antonio Barbosa Moreira e Miryan Denise Araujo Coracini (pós-dutorandos). O Laboratório de Semioquímicos, ao qual todos os autores estavam vinculados à época do estudo, integra o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Semioquímicos na Agricultura.
A pesquisa
Feromônios são moléculas responsáveis pela comunicação química entre os insetos, e vários comportamentos biológicos estão a eles associados. Existem vários tipos desempenhando diferentes funções. Os de agregação permitem que os insetos sejam atraídos por outros, inicialmente para uma fonte de alimentação, e, depois, quando se encontram agregados nessa fonte, desenvolvem um potencial muito menor de sofrer ataques de 'inimigos' naturais.
Os pesquisadores coletaram voláteis emitidos por machos e fêmeas da espécie Homalinotus depressus e, quando testaram no olfatômetro (sistema fechado, que estuda o comportamento de insetos, quando eles captam algum cheiro), constataram que o estrato do macho apresentou atividade de agregação não encontrada no da fêmea. Concluiu-se que havia moléculas responsáveis por esse comportamento e, posteriormente, notaram que essas moléculas são derivadas da isoforona.
O 'pulo do gato' foi a síntese dessas moléculas em laboratório, chegando a um composto capaz de simular o código de comunicação que o próprio inseto emite. "No estudo de campo, empregando a molécula sintética, colocamos o liberador em armadilhas e percebemos que os insetos foram atraídos da mesma forma que são pelo feronômio natural. Com isso, temos perspectiva de desenvolver metodologias de controle da praga a partir de um composto produzido pelo próprio inseto", explica Zarbin.
Os surtos de praga são favorecidos por fatores intrínsecos da planta, como a produção contínua de folhas e inflorescências, ou fatores extrínsecos, incluindo temperatura, umidade, relações culturais mal conduzidas e uso excessivo de pesticidas, levando à redução da população de inimigos naturais. No caso do coco, as larvas de Homalinotus depressus constroem galerias dentro de coqueiros, pedúnculo floral e estipe, interrompendo assim o fluxo de seiva e promovendo a falha de flores e frutos.
De acordo com o pesquisador, os feromônios sintetizados têm a grande vantagem de ser totalmente específicos para esse tipo de praga e não permitem resistência dos insetos (devido ao simulacro do código emitido por eles). Além disso, não afetam inimigos naturais e nem insetos benéficos à plantação, e, principalmente, não causam nenhum dano ambiental, como contaminação ou resíduos químicos, provocados pelo uso de defensivos agrícolas. "Daí a importância desse achado, que, além de tudo, é ambientalmente correto", destaca Zarbin.
O meio de controle mais comumente usado para combater o Homalinotus depressus ainda são os inseticidas, mas, segundo Zarbin, a eficácia é limitada por conta do comportamento do inseto, que se desenvolve no interior da planta, inviabilizando o seu alcance de forma efetiva. "Esse estudo abre as portas para que, finalmente, consigamos, em curto prazo, desenvolver uma metodologia eficaz para o controle desta praga agrícola, haja vista que nenhuma metodologia tem mostrado eficiência".
Metodologia
A pesquisa utilizou-se de pupas e adultos de Homalinotus depressus coletados em uma fazenda comercial de coco, a Fazenda Sococo, situada no município de Mojú, a 61 quilômetros de Belém, no Pará. Os insetos coletados foram enviados para o Laboratório de Semioquímicos da UFPR. Os adultos foram identificados por sexo e mantidos em condições de laboratório, a 28° C, 85% de umidade relativa, 12h na luz e 12h no escuro. Eles foram alimentados com cana-de-açúcar, que foi substituída a cada 72 horas.
Os voláteis foram coletados pelo método de aeração. Cinco insetos de cada sexo foram condicionados separadamente dentro de câmaras cilíndricas de 30cm de comprimento e 12cm (diâmetro interno) contendo cana como fonte de alimentação. Os voláteis liberados foram coletados em polímeros adsorventes e posteriormente extraídos com hexano, a cada 24 horas. O olfatômetro consistia de um tubo de vidro em forma de Y com dois braços de 20 cm cada. As fontes de odores - pedaços de papel de filtro impregnados com os compostos sintéticos, extratos naturais ou hexano (para controle) - foram colocadas nas extremidades dos braços.
"Um inseto foi introduzido na base do olfatômetro e o comportamento do inseto foi observado durante 10 minutos. Um inseto andando contra o fluxo de ar em direção à fonte de odor por mais de 5cm em qualquer um dos braços e permanecendo no braço por mais de 2 minutos foi considerado uma resposta. Um inseto que permanece no tubo principal foi considerado sem resposta. Cada inseto foi testado apenas uma vez, representando um experimento replicado. A fonte de odores foi substituída após cada teste", descrevem os pesquisadores.
As experiências foram realizadas entre a quarta e a sexta horas da escotofase (fase escura ou da noite de um ciclo de claro/escuro), a hora do dia da maior liberação de feromônio. Insetos que não escolheram nenhum dos braços foram excluídos da análise estatística. Quatro experimentos de resposta comportamental foram realizados: as respostas de machos a odores de machos, machos a odores de fêmeas, fêmeas a odores de machos e fêmeas a odores de fêmeas. "Então constatamos a diferença na atividade de agregação entre macho e fêmea", reitera Zarbin.
Novos parâmetros
Mas as "descobertas" não param por aí. Para a surpresa dos pesquisadores, os estudos revelaram ainda que as moléculas envolvidas nessa comunicação são estruturas químicas totalmente inéditas e que fogem completamente do padrão que vinha até então sendo descrito para esta família de insetos denominada Curculionidae. "Todas as moléculas já identificadas como feromônios de agregação para insetos da família Curculionidae apresentam um padrão estrutural bastante característico, que serve como referência para os trabalhos de identificação", explica Zarbin.
Como, nesse estudo, verificou-se que o padrão não estava presente nessas moléculas, os pesquisadores tiveram que partir do zero e realizar um conjunto bastante grande de complexas análises e derivações estruturais do próprio produto natural para que pudessem chegar a estrutura correta. "Com essa nova descoberta, os pesquisadores que vierem futuramente a trabalhar com esta família de inseto terão, a partir de agora, um novo conjunto de referências estruturais para nortear os trabalhos", ressalta.
Produção do Programa de Divulgação e Disseminação Científica do CNPq
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Seg, 04 Fev 2019 18:15:00 -0200
Pesquisadores desenvolvem algoritmos para reduzir custos com transportes
Com aporte financeiro do CNPq, grupo de pesquisa da UFPB trabalhou para elaborar um plano de roteamento de veículos com base em algoritmos "altamente competitivos". O grupo foi liderado pelo professor Anand Subramanian, bolsista PQ do CNPq.Quem nunca ouviu a expressão caixeiro-viajante? Ela designa pessoas que, no passado, quando não havia facilidade do transporte entre diferentes municípios e até regiões, eram as responsáveis por levar produtos de um lugar a outro, percorrendo distâncias hoje inimagináveis. Esse trabalho passou a ser feito por empresas especializadas, porém, a distribuição logística nos moldes atuais se depara com o Problema de Roteamento de Veículos (PRV), um dos grandes desafios nas áreas de Ciência da Computação, Engenharia de Produção e Pesquisa Operacional.
Pensando nisso, um grupo de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, liderados pelo professor Anand Subramanian, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), trabalhou na construção de algoritmos para elaborar um plano de roteamento de veículos que pudesse reduzir custos com transporte de produtos, levando em conta que o preço final de uma mercadoria sofre considerável acréscimo devido aos gastos obtidos através de sua distribuição. Subramanian e sua equipe desenvolveram algoritmos "altamente competitivos" capazes de minimizar esses custos.
Mas, afinal, o que é PRV? Um dos mais estudados problemas na área da Otimização Combinatória (OC), o PRV consiste basicamente em estabelecer e organizar, por meio de algoritmos, rotas ou itinerários eficientes para veículos realizarem entrega ou captação de mercadorias, que partem de um ou mais pontos, para destinos diversos. Em outras palavras, PRV é uma generalização do clássico Problema do Caixeiro Viajante (PCV), que, de modo simplificado, tentava determinar a menor rota para percorrer várias cidades, sempre retornando à origem (os chamados depósitos).
"Você tem uma frota de veículos e um conjunto de clientes com demanda por entrega ou coleta. Então, a ideia é atender esses clientes minimizando a soma dos custos do deslocamento dos veículos. Mas isso é muito complicado de ser resolvido", afirma Subramanian, que é bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Justamente por sua aplicabilidade e importância, o PRV é um dos problemas de distribuição logística mais conhecidos e estudados por pesquisadores no mundo inteiro, de acordo com o pesquisador.
Para se ter uma ideia do nível do complexidade, Subramanian dá o seguinte exemplo: "Imagine uma situação em que você tem 100 clientes e deseja encontrar a melhor solução para reduzir seus custos. Se, por ventura, você tentar enumerar todas as soluções possíveis, esse número ultrapassa o número estimado de átomos existentes no universo. Mesmo supercomputadores mais potentes levariam anos para enumerar todas as possibilidades de maneira explícita e encontrar a melhor solução", diz.
O pesquisador acrescenta que, em geral, problemas de otimização combinatória podem ser resolvidos de maneira exata com a utilização de algoritmos baseados em teoremas matemáticos, através dos quais se obtém a melhor solução encontrada - "O que a gente denomina de solução ótima" - explica Subramanian. Outra possibilidade é resolvê-los de forma heurística, em que uma solução de boa qualidade é obtida, "mas sem garantia de otimalidade", ressalta o pesquisador.
"A desvantagem dos métodos exatos, mesmo garantindo a otimalidade, é que eles possuem uma complexidade exponencial e demandam um alto tempo computacional, enquanto os algoritmos heurísticos rodam mais rápido e são bem mais escaláveis. Por isso, acabam sendo bem mais utilizados na prática", ressaltou.
O projeto coordenado por Subramanian considerou as duas vertentes, dependendo do problema. O pesquisador explica que o PRV possui inúmeras variantes, geralmente motivadas por situações reais. Por exemplo, em uma das variantes a frota de veículos é heterogênea, ou seja, os veículos não são idênticos. Outro caso é quando o cliente possui janelas de tempo para atendimento, não podendo ser atendido a qualquer momento, ou seja, as visitas estão limitadas a um dado período. É possível ainda combinar essas e outras variantes em um plano de roteamento de veículos, diz Subramanian.
Prof. Subramanian e alunos trabalham nas pesquisas que geraram os algoritmos. Foto: Bruno Petrato Bruck/Divulgação
Seu estudo levou em conta as variantes "clássicas" mencionadas acima e outras recém propostas na literatura científica, e, de acordo com suas próprias palavras, "obteve êxitos em produzir algoritmos altamente competitivos, inclusive superando a maioria das abordagens existente nas variantes consideradas". Os algoritmos desenvolvidos pelo grupo podem ser embutidos em softwares já disponíveis no mercado ou a serem desenvolvidos, e a tendência é que se obtenha uma redução considerável de custos de transporte.
"No caso de empresas de grande porte, aquelas que têm ampla carteira de clientes e de pedidos, e numerosa frota de veículos, um plano eficiente de roteamento de veículos pode levar a uma redução anual substancial de custos de transporte. Também podem ser utilizados para verificar se o tamanho da frota está adequado, dentre outras possibilidades. Os impactos econômicos da pesquisa são enormes, e a gente acredita que os algoritmos desenvolvidos podem ser bastante benéficos e interessantes se postos em prática", acredita Subramanian.
O PRV teve sua origem associada ao trabalho The Truck Dispatching Problem (O problema do despacho de caminhões, em tradução livre), desenvolvido por Dantzig e Ramser, em 1959. "No próximo ano, completa seis décadas deste trabalho pioneiro", observa Subramanian. Segundo ele, a resolução por meio de métodos exatos é uma tarefa extremamente árdua. Por esta razão, o PRV pertence à classe NP-difícil, isto é, a dificuldade para encontrar a solução ótima por meio dos algoritmos exatos existentes cresce exponencialmente à medida que o número de clientes aumenta, conforme explicou.
Saiba mais - Anand Subramanian é graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela UFPB (2006), com doutorado em Computação pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2012). Sua tese de doutorado recebeu Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese. Atualmente, é Professor do Departamento de Sistemas de Computação do Centro de Informática da UFPB, tem experiência na área de Pesquisa Operacional, atuando nos temas Otimização Combinatória, Algoritmos Híbridos e Roteamento de Veículos, dentre outros.
O pesquisador também bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, tendo publicado mais de 30 artigos científicos em periódicos internacionais renomados na área de Pesquisa Operacional. A pesquisa Algoritmos eficientes para resolução de problemas de roteamento de veículos foi desenvolvida com recursos do CNPq. O montante - R$ 16.300,00 - foi destinado à aquisição de equipamentos, materiais de consumo, além de passagens aéreas e diárias relacionadas à congressos para membros da equipe.
Produção do Programa de Divulgação e Disseminação Científica do CNPq
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Ter, 22 Jan 2019 15:26:00 -0200
Estudo pioneiro analisa poluição em meios de transportes em seis cidades
Resultados indicaram que usuários de barcos urbanos são os mais expostos a elevadas concentrações de material particulado ultrafinos e finos. O estudo pioneiro, de pesquisadores da da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) foi financiado pelo CNPq por meio de duas chamadas.Cientistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) realizaram um estudo pioneiro para analisar os níveis de poluição do ar em transportes marítimos, terrestre, aéreos e subterrâneos, além de modais ativos (não-motorizados) de seis cidades do Brasil: Curitiba, São Paulo Londrina (PR), Rio de Janeiro, Ilha do Mel (administrada pelo município de Paranaguá) e Pontal do Sul (PR). Os resultados da pesquisa, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), indicaram que usuários de barcos urbanos são os mais expostos a elevadas concentrações de partículas ultrafinas e finas durante suas viagens.
Partículas finas, também conhecidas como PM2.5, são aquelas com diâmetro inferior a 2,5 milionésimos de metro, enquanto ultrafinas possuem diâmetro inferior a 100 nanômetros (nm). Mas o estudo também focou no monitoramento de outros materiais particulados, como, por exemplo, black carbon (comumente chamado de fuligem), compostos orgânicos voláteis (COVs) e ozônio, dado os efeitos negativos e imediatos que esses poluentes podem ter sobre a saúde humana.
De acordo com o professor Admir Créso Targino, coordenador do estudo e bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT) do CNPq, o fato de usuários de barcos urbanos estarem mais expostos a partículas ultrafinas e finas pode ser parcialmente atribuído à baixa qualidade do diesel usado nesse modal. Ele explica que esse resultado era, de alguma forma, esperado, devido à qualidade do diesel, mas nunca realmente havia sido quantificado com medições in situ no Brasil.
"A qualidade do diesel marítimo é inferior ao diesel de veículos urbanos. No Brasil, usa-se o diesel S-500 e S-10, com teor de enxofre máximo de 500 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente. No caso das embarcações, alguns barcos usam o diesel rodoviário S-500, e outros usam o diesel marítimo, com teor de enxofre máximo de 5000 mg/kg.O diesel S-5000 é um combustível mais poluente, que gera mais partículas na combustão", explica.
Outro aspecto que deve ser considerado, para compreender esse resultado, é a idade e a manutenção dos motores. "Alguns barcos em operação entre Pontal do Sul e a Ilha do Mel têm até 30 anos de vida. A emissão de fumaça preta era evidente durante a navegação, mas principalmente nas manobras para atracar", acrescenta.
Targino salienta que, embora a população urbana passe apenas entre 7% e 10% do seu tempo diário em transportes motorizados, a quantidade de poluentes atmosféricos inalada pode corresponder a até 20% do total diário, devido às altas concentrações de material particulado nesses ambientes.
Segundo o pesquisador, foram medidos os níveis de poluentes atmosféricos em ônibus do transporte público, em ciclovias, metrô, barcos, aviões comerciais e em diferentes ambientes de trabalho, em cidades pequenas, de porte médio, até a megacidade de São Paulo. Participaram do estudo pesquisadores da UTFPR (unidade executora) e Universidade Federal de Itajubáno Brasil, além da Dalhousie University (Canadá), SMHI0 Swedish Meteorological and Hydrological Institute (Suécia). "Na Nova Zelândia, tivemos um bolsista de pós-doutorado, contratado pela chamada de Bolsista de Jovens Talentos, projeto do qual eu também fui coordenador".
Coleta de dados para a pesquisa envolveu a medição de poluentes em diversos locais urbanos, como ciclovia. Foto Divulgação.
Pioneirismo
A exposição da população aos poluentes comumente é estimada através das concentrações medidas em estações de monitoramento fixas, que são extrapoladas para outras áreas da cidade. Porém, o grupo adotou uma estratégia pioneira no Brasil, utilizando instrumentos portáteis instalados dentro de meios de transportes ou carregados por pessoas que levavam os sensores no seu dia a dia, durante o período de estudo.
Se os usuários de barcos urbanos são mais expostos a elevadas concentrações o de partículas ultrafinas e MP2.5, em termos de transporte público de superfície, a cidade de Curitiba foi a que obteve os piores resultados com relação às concentrações de black carbon e também MP2.5, o que, segundo Targino, pode estar relacionado à frota de ônibus local, a mais antiga entre as cidades estudadas, com uma considerável fração de ônibus com tecnologia P4 e P5.
Registro da coleta de dados da pesquisa coordenada por Targino feita em ônibus urbano. Foto Divulgação
"Como os ônibus estudados eram do sistema BRT, que usam corredores dedicados e com poucas paradas, a velocidade de circulação era maior do que a de ônibus típicos urbanos. Dessa forma a resuspensão e partículas causou um aumento de MP2.5", afirma Targino, acrescentando que, em São Paulo, por exemplo, os ônibus apresentaram as maiores concentrações de partículas ultrafina, com valores extremos na saída do túnel do Anhangabaú/próximo ao terminal Bandeira, e no cânion urbano da Av. Duque de Caxias, áreas possuem um alto fluxo de ônibus."Cabe lembrar que em todas as cidades fizemos medições dentro dos ônibus, no entanto, vários processos transportam poluição da rua para dentro do ônibus, fazendo que os passageiros sejam expostos a níveis altos de poluentes atmosféricos", acrescenta o pesquisador.
Compostos voláteis
Já as concentrações de COVs foram até oito vezes maiores em uma sapataria, salão de beleza e ônibus urbano comparado com um ambiente de referência (um escritório administrativo sem fontes locais de VOC), enfatizando a necessidade de um maior controle de práticas relacionadas à segurança de trabalho.
"O nosso analisador de VOC não permitiu a especiação dos compostos, apenas o VOC total. No entanto, as pessoas nesses locais mantiveram um diário de atividades e conseguimos cruzar os picos de concentrações com as atividades desenvolvidas. Por exemplo, na sapataria observamos que os valores de VOC subiram cada vez que o sapateiro relatava consertos usando cola. No salão de beleza, os valores de VOC subiram com a realização de processos de alisamento e trabalho de manicure/pedicure", explica Targino.
"Momento oportuno"
A pesquisa, que durou quatro anos, resultou no trabalho On land, air and sea: An overview of fine particle concentrations in motorised transport modes in Brazilian cities, premiado na 15th International Conference on Urban Health, realizada em Kampala, Uganda, em novembro. Os dados coletados foram objetos de seis dissertações de mestrado, um projeto de pós-doutorado, e de dez trabalhos de iniciação científica.
O estudo foi financiado pelo CNPq, por meio de duas chamadas: a Nº 37/2013 - MCTI/CNPq/CT-AGRO/CT-SAÚDE/CT-HIDRO - Mudanças Climáticas e a Chamada de Projetos MEC/MCTI/CAPES/CNPQ/FAPS Bolsa Atração de Jovens Talentos - BJT 2014.
Para Targino, essas chamadas ocorreram em um momento oportuno no qual o Brasil precisava de incentivos para avançar em pesquisas sobre o efeito das mudanças climáticas na área de saúde, seguindo a agenda científica adotada por vários países. Ele destaca, especificamente, a elaboração do Plano Setorial da Saúde de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima (PSMC-Saúde), determinado por meio do Decreto n. 7.390, de 9 de dezembro de 2010.
"[Esse Decreto] enfatizou a necessidade de identificar exposições específicas atribuídas direta ou indiretamente às mudanças climáticas, passíveis de serem associadas com a saúde humana, incluindo a exposição a poluentes ambientais tóxicos, tais como poluentes orgânicos persistentes, metais e pesticidas. O momento foi muito oportuno para o Brasil", concluiu.
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Qui, 17 Jan 2019 18:02:00 -0200
Pesquisa na Antártica é tema de exposição do Museu Nacional
Pesquisa do projeto PALEOANTAR, apoiada pelo CNPq por meio do programa Proantar, compõe a exposição "Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico", organizada pelo Museu Nacional. É a primeira após o incêndio. Os achados do projeto contam uma história do continente antártico ainda desconhecida para muitas pessoas.O Museu Nacional inaugurou, durante coletiva nessa quarta-feira, 16, a exposição Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico, no Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil, no Centro do Rio. A exposição, a primeira após o incêndio, no dia 2 de setembro do ano passado, vai apresentar as novas descobertas do Projeto PALEOANTAR, vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A exposição tem curadoria da paleontóloga Juliana Sayão, bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, que, junto com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, também bolsista PQ, coordenou o projeto.
A pesquisadora Juliana Sayão fala, ao lado de Alexander Keller, durante a coletiva de abertura da exposição. Foto: Maurício Salles
Durante três anos, Juliana liderou as equipes em campo. A pesquisadora destaca a importância dos achados do projeto para contar uma história do continente antártico ainda desconhecida para muitas pessoas. "Nem sempre a Antártica foi congelada. Ela era mais quente e tinha uma fauna e flora completamente diferentes daquelas que a gente encontra hoje. Através dos fósseis resgatados pelo projeto Paleoantar a gente consegue contar essa historia e trazer essa informação para a população", aponta.
Juliana ressalta que as pesquisas são responsáveis, também pela formação de recursos humanos, já tendo levado dois alunos de doutorado cujo foco da tese é entender a paleontologia da Antártica e alunos da iniciação científica. Além disso, estagiários e alunos de graduação, mestrado e doutorado estão envolvidos nas análises dos materiais coletados pelo projeto nos laboratórios da universidade.
Para Kellner, o apoio do Governo Federal, por meio da Marinha, com o apoio logístico; e do CNPq, com o financiamento das pesquisas, é essencial para a pesquisa naquela região, que tem uma importância geopolítica, segundo o pesquisador. "A sociedade brasileira tem que entender que somente quem está fazendo pesquisa científica na região antártica vai definir o futuro do continente. Então, é fundamental que o governo brasileiro continue incentivando o Proantar nas mais diversas áreas do saber", complementa.
A exposição
A exposição permite que crianças e adultos entendam, de forma didática, através de vídeos, imagens, amostras, réplicas e fósseis, o que acontece na Antártica. Ela tem entrada gratuita a partir desta quinta-feira, 17, e poderá ser visitada até maio.
"Essa exposição, aberta pouco mais de quatro meses depois da tragédia que se abateu sobre a nossa instituição, tem inúmeros significados: é a primeira realizada desde o incêndio, acontece no prédio que foi a primeira sede do Museu Nacional e será uma oportunidade incomparável para o público conhecer uma Antártica apresentada de forma única e surpreendente. Uma experiência inesquecível que inclui os equipamentos originais usados pelos pesquisadores brasileiros", destaca Kellner.
A curadora acrescenta que estão apresentadas na exposição as mais recentes descobertas das expedições realizadas entre 2015 e 2018. "Nesse período, nossos pesquisadores trabalharam na região mais ao sul da Antártica na prospecção e coleta de fósseis para fins de reconstrução paleoclimática, paleoambiental e paleobiogeográfica da fauna e flora do Cretáceo no continente. O objetivo é convidar o público a acompanhar de perto esta missão", destaca a curadora.
Segundo Juliana, a exposição Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico foi pensada para estimular o diálogo com o grande público e, assim, gerar conhecimento e reforçar a importância das expedições realizadas ao continente gelado. "É uma forma de facilitar o entendimento das pessoas sobre questões que afetam as vidas de todos nós e entender, por exemplo, porque os dias no Rio de Janeiro estão cada vez mais quentes. Afinal, as correntes que chegam ao Brasil, no verão, saem justamente da Antártica. E qual a origem das massas polares que trazem chuva e, ao se encontrarem com massas quentes, geram tantos alagamentos? Ou seja, é fundamental conhecer esses fenômenos para que possamos trabalhar em pesquisas que contribuam para manter as pessoas vivas", explica.
Os visitantes vão se surpreender logo na entrada, onde chama a atenção a réplica de um mosassauro, com impressionantes cinco metros de comprimento, semelhante ao que aparece no filme Jurassic World (2015). O espécime pertence a um grupo extinto de criaturas marinhas que habitaram os mares do final do período Cretáceo. Considerados grandes predadores, os mosassauros chegavam a medir 17 metros e pesar seis toneladas.
A curadoria da exposição convida o visitante a percorrer diferentes momentos da história do continente gelado. O percurso começa pela sala que apresenta a situação atual, com direito à réplica de um navio da marinha do Brasil e a reconstituição do trajeto percorrido pelos pesquisadores, com detalhes sobre a vida nos acampamentos e laboratórios.
Em outra sala, o público terá contato com detalhes do trabalho realizado pelos paleontólogos e saber como trabalham esses pesquisadores, que equipamentos usam e como eles encontram fósseis e amostras de rochas.
A sala seguinte é a da Antártica de 90 milhões de anos atrás, completamente diferente da atual. Um continente quente, coberto por uma floresta tropical e com uma fauna exuberante. A proposta é justamente gerar a curiosidade e os questionamentos do público: por que essa Antártica era tão diferente? Por que mudou? O que aconteceu? Essa mudança pode acontecer em outros continentes no futuro?
O Proantar
O Proantar é um programa de Estado que tem como objetivo a produção de conhecimento científico sobre a Antártica e suas relações com o restante do sistema climático global. Ele garante a presença da comunidade científica brasileira na Antártica desde o verão de 1982/83. De acordo com o artigo IX do Tratado da Antártica, os países que se tornaram membros por adesão, como é o caso do Brasil, devem manter na região um programa científico de excelência, de forma que possam participar das reuniões consultivas que decidem o futuro da região com direito a voz e voto, inclusive com atuação no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) órgão interdisciplinar do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), responsável por promover, desenvolver e coordenar a investigação científica internacional de alta qualidade na região Antártica, inclusive o Oceano Antártico.
O CNPq participa da realização dos objetivos científicos do programa desde 1991, sendo responsável pelo financiamento das pesquisas científicas na Antártica. Junto com o MCTIC é responsável pelo fomento e pela coordenação da execução das pesquisas científicas realizadas pelas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs). A implementação logística do PROANTAR está a cargo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), vinculada ao Comando da Marinha (Ministério da Defesa - MD). Também são parceiros na execução do Programa o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), entre outros atores do setor público (PETROBRAS) e privado.
Sobre o Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil
Com cerca de 200 anos de idade, o Palacete da Casa da Moeda é uma edificação de grande valor histórico, especialmente para a memória da pesquisa científica do país. O Palacete abrigou a primeira instituição de pesquisa do país, a Casa de História Natural e foi nesse imóvel que Dom João VI abrigou o primeiro museu do país, o Museu Real, criado por decreto em 6 de junho de 1818. Tombado pelo IPHAN em 2016, o Palacete é uma construção eclética, de traços neoclássicos.
SERVIÇO
Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico
Período da exposição: de 17 de janeiro a 17 de maio Local: Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil (Praça da República ¿ nº26 - Centro)
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 16h e domingo, das 10h às 15h Entrada franca
Com informações da Asssessoria de Imprensa do Museu Nacional
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Seg, 03 Dez 2018 11:33:00 -0200
Doença Falciforme é tema de obra premiada, financiada pelo CNPq
A doença falciforme é muito comum no Brasil, mas ainda desconhecida para a maioria dos brasileiros. Embora tenha sido descrita há mais de cem anos, as desigualdades de acesso à educação, serviços sociais e de saúde das pessoas adoecidas ainda não foram superadasA doença falciforme é muito comum no Brasil, mas ainda desconhecida para a maioria dos brasileiros. Embora tenha sido descrita há mais de cem anos, as desigualdades de acesso à educação, serviços sociais e de saúde das pessoas adoecidas ainda não foram superadas. Assim, visando reduzir a invisibilidade do problema que acomete grande parte da população, as enfermeiras, professoras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Evanilda Souza Santana Carvalho e Aline Silva Gomes Xavier, organizaram a obra Olhares sobre o adoecimento crônico: Representações e práticas de cuidado às pessoas com doença falciforme, julgada como uma das três melhores publicações brasileiras na categoria "Ciências da Vida", recebendo o 2o lugar no Prêmio ABEU 2018 da Associação Brasileira das Editoras Universitárias. A premiação aconteceu no dia 5 de novembro, na Cinemateca Brasileira em São Paulo.
A obra, publicada pela Editora UEFS em 2017, derivou de resultados do projeto "REPRESENTAÇÕES SOBRE O CORPO E A DOENÇA FALCIFORME: REPERCUSSÕES SOBRE A VIDA COTIDIANA, O CUIDADO E A SEXUALIDADE" financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do edital Universal. O livro reúne uma coletânea de artigos de pesquisadores do Brasil, Cuba e Estados Unidos da área de Saúde Coletiva que trazem as experiências da doença na perspectiva tanto dos adoecidos, quanto dos familiares e prestadores de serviços e cuidados.
Professoras Evanilda Souza Santana Carvalho e Aline Silva Gomes Xavier recebem o prêmio da ABEU
A doença
As professoras explicam que a doença falciforme é um grupo de distúrbios hereditários em que as células vermelhas do sangue assumem o formato de foice morrem prematuramente, causando a anemia, e obstruindo o fluxo sanguíneo em diversos órgãos causando fortes crises de dor. "Em situações de stress, baixas ou altas temperaturas as células vermelhas do sangue tendem a assumir a forma de foice mais rapidamente, por isso as pessoas com doença falciforme necessitam se proteger do frio bem como do calor", acrescentam.
Presente em todo o mundo, e mais freqüentemente nas populações afrodescendentes, a doença, no Brasil, é diagnosticada em cerca de 3.500 crianças que nascem por ano, sendo os estados com maior número de casos Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. "Para cada 17 pessoas que nascem na Bahia, uma delas tem o traço da doença falciforme - ou seja, possui um dos genes responsável pela doença, que é caracterizada pela alteração genética da hemoglobina. E para cada 650 nascidos, um tem a doença. Feira de Santana é a segunda maior população com doença falciforme no estado da Bahia com 480 pessoas já cadastradas no Centro Municipal de Referencia a Pessoas com doença falciforme", apontam as pesquisadoras.
Dentre as principais complicações, destacam-se crise de dor muscular nos braços, pernas e articulações, no tórax, abdômen e costas, responsáveis pela freqüente busca de ajuda nas unidades de emergência. Pessoas com essa doença padecem ainda com ulceras de difícil cicatrização, alteração no baço, problemas pulmonares graves, necrose de cabeça do fêmur, problemas graves de retina comprometendo a visão e pode levar a acidentes vasculares cerebrais (AVC) desde a infância.
A doença falciforme é diagnosticada por meio da triagem neonatal, popularmente conhecida como teste do pezinho, entre o 3º e o 7º dia de vida. Jovens, adultos e crianças com mais de quatro meses de idade, que não passaram pelo teste do pezinho, devem ser submetidos ao exame de eletroforese de hemoglobina para obter o diagnóstico. O tratamento implica no auto cuidado, vitaminas, vacinas especiais na infância, uso de penicilina para prevenir infecções respiratórias, uso de hidroxiureia e ácido fólico ajudam na produção das hemácias, monitorização de exames mensalmente, dentre outras medidas protetoras requerem a existência de uma rede pública assistencial múltipla de cuidados, a fim de garantir atenção integral e resolutiva.
Algumas vacinas que antes não eram disponíveis pelo SUS, como pneumonia, hepatite A, gripe e catapora. Até os cinco anos de vida, as crianças tomam antibióticos de maneira profilática, pois neste período elas estão propensas a contrair infecções que podem agravar o quadro de saúde. O ácido fólico, vitamina do grupo B, também é usado em crianças com anemia falciforme, pois ajuda na produção das hemácias.
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Qui, 22 Nov 2018 11:58:00 -0200
Pesquisa apoiada pelo CNPq recebe Prêmio Direitos Humanos 2018
Uma proposta de implementação da primeira experiência no Brasil de um programa de educação cidadã a partir do conceito de deliberação foi agraciada com o Prêmio Direitos Humanos 2018Uma proposta de implementação da primeira experiência no Brasil de um programa de educação cidadã a partir do conceito de deliberação foi agraciada com o Prêmio Direitos Humanos 2018
Este projeto foi aprovado pela Chamada CNPq n. 22/2016 - Pesquisa e Inovação em Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas, coordenado pela Prof. Dra. Rousiley Celi Moreira Maia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e também pesquisadora de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A teoria da democracia deliberativa é considerada a "área mais ativa" da ciência política; uma teoria que atrai continuamente a atenção de pesquisadores de campos de conhecimento cada vez mais diversos. O conceito de deliberação - oriundo majoritariamente da obra do filósofo Jürgen Habermas - refere-se basicamente ao processo de discussão pública, fundado na troca de argumentos e em considerações refletidas sobre questões controversas, com vistas à produção de decisões mutuamente aceitáveis. As interações entre os interlocutores, considerados com igual status moral e político, devem basear-se na escuta atenta e no respeito recíproco às opiniões divergentes.
Segundo a Dra. Rousiley, a teoria da democracia deliberativa inclui diferentes "fases". Após um intenso debate, desde 1990, sobre as controvérsias filosóficas e teóricas em torno dos princípios e das normas da deliberação, seguiu-se, desde 2000, a fase de implementação empírica de experiências deliberativas em diversas regiões do mundo. "No recente e vibrante debate sobre o conceito de "sistema deliberativo", acadêmicos têm defendido a adoção de uma agenda de pesquisa capaz de aprofundar o entendimento da deliberação como um processo social de escala ampliada", disse.
Esta proposta de pesquisa busca lidar com esse desafio. O objetivo, segundo a pesquisadora, é, por meio de recursos pedagógicos específicos, oferecer oportunidades para que estudantes aprendam na prática e desde cedo, como funciona a deliberação. "Dessa forma, esperamos promover capacidades deliberativas entre estudantes, fomentando respeito, inclusão e eficiência no engajamento discursivo sobre conflitos e questões controversas em geral".
Este projeto possui grande relevância, porque a deliberação vem sendo reconhecida como um meio altamente eficaz para criar compreensão esclarecida de problemas, entendimento mútuo, tolerância e participação produtiva na resolução de conflitos, do nível local até a política internacional. "Garante, sobretudo, a legitimidade na produção de decisões políticas. Nesse sentido, o projeto pode ter efeitos positivos de longo prazo", explica Rousiley.
Rousiley esclarece que o projeto articula duas regiões do Brasil (Norte e Sudeste), explorando as diversidades e lacunas na consolidação dos direitos humanos de cada realidade. O estudo pretende, de tal forma, produzir um impacto social no ambiente escolar e contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas para a promoção de direitos humanos que reconheçam as injustiças locais e que criem canais de discussão com cidadãos capacitados com habilidades deliberativas para se engajar na resolução de conflitos sociais.
A metodologia da pesquisa contempla a participação de alunos de forma prática em deliberação sobre temas sensíveis (violações de direitos, violência, exploração, dominação e exclusão) a serem escolhidos por eles a partir de um diagnóstico local, a fim de aplicarem as capacidades deliberativas. Será produzido material multimídia para treinamento de multiplicadores do projeto, bem como um legacy website com o repositório do conteúdo produzido ao longo do projeto. Ferramentas digitais também serão utilizadas para tratamento analítico da pesquisa. "O projeto caracteriza-se, portanto, pela articulação multidisciplinar envolvendo principalmente as áreas de ciência política, comunicação social, tecnologia da informação e educação na condução da pesquisa, numa tentativa de implementar práticas inovadoras e criativas na educação pública brasileira, bem como transformar a relação dialógica entre cidadãos e o poder público por meio da capacitação deliberativa", finaliza a professora Rousiley.
Além da professora Rousiley, são também pesquisadores responsáveis pelo projeto o Prof. Emérito Jürg Steiner (Equipe Associada I/University of Bern/Suíça- University of North Carolina/USA), e a Prof. Dra. Danila Cal (Equipe Associada II/UFPA/Brasil).
Demais participantes:
Profª. Drª. Ana Carolina Soares Costa Vimieiro (PPGCOM)
Profª. Drª. Regiane Lucas Garcêz (PPGCOM/UFMG)
Profª. Drª. Vanessa Veiga de Oliveira (PPGCOM/UFMG)
Drª. Érica Anita Baptista (UFMG)
Drª. Fernanda Nalon Sanglard (PPGCOM/UFMG)
Drª. Janine de Kássia Rocha Bargas (PPGCOM/UFMG)
Gabriella Hauber Pimentel, doutoranda (PPGCOM/UFMG)
Leonardo S.I. Cunha, doutorando (PPGCOM/UFMG)
Maiara Orlandini, doutoranda (PPGCOM/UFMG)
Thais Choucair, doutoranda (PPGCOM/UFMG)
Bruna Silveira, mestranda (PPGCOM/UFMG)
Júlia Ester de Paula, mestranda (PPGCOM/UFMG)
Carolina Abreu, bolsista de iniciação científica (Psicologia /UFMG)
Leandro Soares, bolsista de iniciação científica (Ciências Sociais /UFMG)
Gabriel Silva bolsista de iniciação científica (Ciências Sociais /UFMG)
Pedro Camelo, bolsista de iniciação científica (Comunicação/UFMG)
Vinicius Cirqueira, bolsista de apoio técnico (Geografia/UFMG)
Antônio Ursine (Gestão Pública/UFMG)O Prêmio Direitos Humanos 2018 é uma promoção do Ministério dos Direitos Humanos (MDH) e destaca personalidades e entidades em virtude da atuação relevante para a promoção de direitos em âmbito nacional e internacional. A cerimônia de entrega da premiação foi realizada pelo MDH no dia 21 de novembro, em Brasília, com a presença do ministro Gustavo Rocha. Este ano 48 personalidades e entidades foram agraciadas. Veja aqui a Relação de Personalidades e Entidades escolhidas para receber as honrarias ou as homenagens especiais do Prêmio Direitos Humanos 2018.
Foto: Marcelo Gondim
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Ter, 30 Out 2018 17:55:00 -0300
Pesquisa identifica resistências de carrapatos bovinos a pesticida
Um estudo feito por pesquisadores da USP e do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, em Eldorado do Sul (RS), identificou mecanismo de resistência do carrapato bovino à ação de ivermectina, pesticida mais usada no combate às infestações por carrapato. O trabalho foi publicado na Scientific Reports e é resultado de pesquisa que conta com apoio do CNPq e da FapespUm estudo feito por pesquisadores do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociência da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, em Eldorado do Sul (RS), identificou mecanismo de resistência do carrapato bovino à ação de ivermectina, pesticida mais usada no combate às infestações por carrapato. O trabalho foi publicado na Scientific Reports e é resultado de pesquisa que conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A importância desse estudo está relacionada ao destaque que a carne bovina tem para a economia brasileira. O Brasil é o maior exportador mundial dessa carne, mas poderia contar com vendas ainda mais expressivas não fosse a perda anual causada por parasitas. As perdas com mortalidade, queda de peso, redução na fertilidade e perda de produtividade provocadas por parasitas equivalem a mais do que o dobro de tudo o que é exportado.
O controle do carrapato bovino é feito por meio da aplicação de pesticidas, o que conduz, invariavelmente, a seleção de linhagens resistentes. Hoje, no Brasil, o carrapato bovino apresenta resistência, em maior ou menor grau, a todos os pesticidas comerciais empregados no controle da praga.
De acordo com um dos pesquisadores envolvidos nesse estudo,Guilherme Klafke, é importante entender como a resistência ocorre.
Segundo ele, a resistência aos pesticidas, incluindo os carrapaticidas e inseticidas, nada mais é que uma resposta evolutiva do agente que se quer controlar - carrapatos ou insetos - contra sua eliminação. "O tratamento com o pesticida elimina aqueles indivíduos da população que são suscetíveis, favorecendo a manutenção daqueles que são resistentes. Quanto maior o número de aplicações de determinado produto, mais indivíduos resistentes são selecionados até que finalmente o produto não funciona mais, levando a falhas de controle", explicou.
Guilherme aponta, ainda, que o manejo da resistência aos carrapaticidas depende de um diagnostico da situação, ou seja, é preciso saber quais são os produtos que os carrapatos já desenvolveram resistência, assim evitar o seu uso. No Brasil existem seis classes de carrapaticidas disponíveis comercialmente para o controle do carrapato bovino (Rhipicephalus microplus). São eles: piretróides, organofosforados, amitraz, fipronil, fluazuron e lactonas macrocíclicas (onde está incluída a ivermectina).
O especialista explica que, para diagnosticar a resistência, o produtor conta com exames laboratoriais, conhecidos popularmente como "biocarrapaticidogramas" que são realizados por alguns laboratórios de referência no Brasil como o Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul (IPVDF), o Instituto Biológico de São Paulo e a Embrapa (Juiz de Fora, MG e Campo Grande, MS). "Uma vez que se sabe quais são os produtos mais eficazes, se monta a estratégia de controle para minimizar o uso de aplicações de produtos, favorecendo uma seleção mais lenta da resistência", afirmou.
O carrapato bovino é um parasita bem adaptado às condições climáticas do Brasil, distribuídos praticamente em todo o território nacional durante o ano todo. Fazem de 4 a 5 gerações anuais e é capaz de produzir infestações importantes em um número grande de bovinos em uma propriedade. Ele tem duas fases distintas de vida: a livre na pastagem e a parasita no hospedeiro que dura 21 dias. A fêmea sempre procura um local bem escondido para fazer a postura dos ovos, que levam de 30 a 70 dias dependendo da temperatura e da umidade do local. "Uma vez cumprida sua missão, a fêmea morre. Os ovos eclodem e as larvas sobem até a ponta das folhas, onde ficam à espera do animal. Quando o bovino aparece, ela se agarra em seu pelo e busca as melhores regiões de seu corpo para se fixar", diz o especialista.
Sete dias após se fixar no animal, a larva se transforma em ninfa. Com mais sete dias, já é um adulto. As fêmeas sugam cada vez mais sangue e copulam com os machos. Caem novamente no solo e o ciclo recomeça.
Esse estudo é parte de um projeto de pesquisa financiado pelo Edital Universal 2013 (478477/2013-9) com intitulado Caracterização de mecanismos de resistência em isolados de Rhipicephalus microplus multirresistentes à acaricidas. O projeto de pesquisa resultou em outras duas publicações. A primeira, similar a este estudo, que trata da atividade de enzimas detoxificantes em carrapatos expostos ao fluazuron. E outra que trata da situação da resistência múltipla a carrapaticidas no estado do Rio Grande do Sul.
Com informações da Agência FAPESP
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Seg, 08 Out 2018 10:58:00 -0300
Dicionário relaciona termos populares e linguagem médica
Professora da UFC, Virginia Bentes Pinto, bolsista PQ do CNPq, trabalhou na construção de vocabulário de nomes populares das doenças e o estabelecimento de sua relação com a terminologia da área da saúde. Doutora em Biblioteconomia, a pesquisadora trouxe importante contribuição clínica e social por construir uma ponte entre estes dois mundos que muitas vezes não se encontram.Caroço, pano branco, doença do mundo, amarelão, dor no pé da barriga. Para muitos, esses são termos conhecidos de doenças ou sintomas comuns, mas eles não constam em nenhuma literatura médica. Isso faz com que, muitas vezes, a linguagem entre paciente e médico torna-se confusa, dificultando diagnósticos e o entendimento dos tratamentos.
Pensando nisso, a Professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Virginia Bentes Pinto, bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) trabalhou na construção de um vocabulário de nomes populares das doenças e o estabelecimento de sua relação com a terminologia da área da saúde. Doutora em Biblioteconomia, a pesquisadora trouxe importante contribuição clínica e social por construir uma ponte entre estes dois mundos que muitas vezes não se encontram.
O Dicionário com cerca de 300 palavras relacionando termos populares com o respectivo Código Internacional de Doenças (CID) foi o resultado de pesquisa realizada com apoio do CNPq, por meio da Chamada Universal de 2014, de planejamento e construção de um vocabulário de termos populares utilizados pelas comunidades cearenses para nomear as doenças, estabelecendo as relações entre esses termos e os nomes técnicos, usados pela medicina, na perspectiva de melhorar o processo de comunicação entre o sujeito enfermo e os médicos.
São exemplos de termos e relações contidas no Vocabulário criado:
Anemia Pretensiosa - Anemia por deficiência de vitamina B12 (CID D51)
Doença do Mundo - Sífilis congênita (CID A50.-)
Fala Bororó ¿ Seqüelas de acidente vascular (CID I69.4)
Olho de Bomba -Transtornos da conjuntivite (CID H11.-)
Pampa - Vitiligo (CID L80)
Pelada - Alopecia (CID L65.9)
O Dicionário está disponível para ser consultado e complementado com outros termos regionais ainda não trazidos na versão inicial da pesquisa. Acesse aqui.
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Sex, 21 Set 2018 11:46:00 -0300
Pesquisa desenvolve inovação para medir vanádio e estanho em águas e em alimentos
Processo inovador, fruto de pesquisa apoiada pelo CNPq, desenvolve instrumentação para medir vanádio e estanho em águas e em alimentos. Tese de doutorado desenvolvida na USP de Piracicaba teve como foco o desenvolvimento de procedimentos analíticos automáticos, visando às determinações fotométricas de vanádio e de estanho a partir de processo de multicomutação em fluxo.Processo inovador desenvolve instrumentação para medir vanádio e estanho em águas e em alimentos. Tese de doutorado desenvolvida na Área de Química Analítica da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba teve como foco o desenvolvimento de procedimentos analíticos automáticos, visando às determinações fotométricas de vanádio e de estanho em águas e em alimentos a partir do processo de multicomutação em fluxo.
Sabe-se que existe uma demanda para a determinação de estanho e vanádio em amostras de interesse ambiental, onde, em geral, a espécie de interesse está em baixas concentrações. Em baixas concentrações, o vanádio é considerado um micronutriente essencial para os seres humanos. Atua na normalização dos níveis de açúcar, tem participação em vários sistemas enzimáticos e inibe a síntese de colesterol. Segundo a literatura especializada, há uma estreita relação entre a concentração de vanádio em águas potáveis em nível de micrograma por litro (µgL-1) e a prevenção de cardiopatias. Estima-se que a necessidade de ingestão diária de vanádio está na faixa entre 10 e 60 µg L-1. O vanádio é, também, essencial para animais, plantas e micro-organismos, conforme os fundamentos que embasam o desenvolvimento.
Instrumentação analítica desenvolvida pela bolsista de doutorado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Tuanne dos Reis Dias, orientada pelo professor Boaventura Freire dos Reis, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, inova em método e em performance. Ela utilizou um microcontrolador da família PIC e um programa escrito em linguagem Visual Basic 6.0 para controle dos dispositivos e aquisição de dados. A unidade de detecção foi construída empregando LED de alto brilho e células de fluxo com longo caminho óptico (50-200 mm) para ganho em sensibilidade.
Segundo Tuanne, os sintomas de envenenamento com vanádio incluem depressão, vômito, anemia e diarréia, entre outros. Combustíveis derivados de petróleo, mineração e atividades industriais são considerados fontes de poluição ambiental com vanádio. "No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da resolução 357 estabelece em 0,1 µgL-1 a concentração máxima de vanádio em águas doces, portanto para sua determinação é necessário dispor de métodos analíticos sensíveis", esclarece.
O desenvolvimento de procedimento analítico foi baseado em multicomutação, empregando bomba de seringa como propulsor de fluído e microcontrolador para gerenciar o módulo de análise e efetuar a aquisição de dados. O módulo de análise baseado no processo de multicomutação em análise em fluxo foram projetados para formar uma estrutura compacta e miniaturizada, permitindo uma redução significativa do consumo de reagentes e do volume de efluentes gerados, sem comprometer a qualidade dos resultados.
O procedimento para a determinação de estanho em alimentos foi desenvolvido empregando bomba de multi-seringa como unidade de propulsão de fluidos, cela de fluxo com caminho óptico de 200 mm e parada de fluxo de 50 s.
O estanho é usado para produzir diversas ligas metálicas utilizadas para recobrir outros metais para os proteger da corrosão. O estanho é obtido principalmente do mineral cassiterita, onde se apresenta como um óxido.. É um dos metais mais antigos conhecidos, e foi usado como um dos componentes do bronze desde a antiguidade.
O vanádio é um metal de transição usado para a produção de aços inoxidáveis para instrumentos cirúrgicos e ferramentas, em aços resistentes a corrosão e, misturado com alumínio em ligas de titânio, é empregado em motores a reação. Também, em aços, empregados em eixos de rodas, engrenagens e outros componentes críticos.
Um maior detalhamento do processo e instrumentação desenvolvidos foram publicados no Artigo: Development of a photometric procedure for tin determination in canned foods employing a multicommuted flow analysis approach na revista Analytical Methods Impact factor: 2.073 Número: 48 Indexada no Web of Science. Acesse http://pubs.rsc.org/en/content/articlelanding/2016/ay/c5ay02958a#!divAbstract
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Ter, 11 Set 2018 08:59:00 -0300
Estudo quantifica estoques de Carbono Azul em Manguezais
Estudo de pesquisadores bolsistas do CNPq quantifica estoques de Carbono Azul em Manguezais do Norte do Brasil. Os estoques de Carbono ecossistêmico por hectare de manguezais amazônicos são duas vezes maiores do que a Floresta AmazônicaO professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Angelo Fraga Bernardino, e o Prof. Tiago O. Ferreira da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), ambos bolsistas de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), são co-autores do artigo publicado na revista da Sociedade Real Inglesa de Ciências (Biology Letters), que apresenta dados inéditos de estoques de carbono mensurados em manguezais do Norte do Brasil como parte de esforços mundiais na quantificação e identificação do Carbono Azul. O Carbono Azul se refere ao sequestro natural de carbono atmosférico em ecossistemas marinhos costeiros e úmidos, incluindo Florestas de Manguezais, Marismas e bancos de gramíneas marinhas. Estudos iniciados em 2014 pela equipe brasileira em parceria com o Prof. Boone Kauffman (Oregon State University), primeiro autor do artigo, conseguiu recursos da Agência Americana de Desenvolvimento Internacional (USAID) para vir ao Brasil quantificar esses estoques e avaliar as emissões de gases do efeito estufa associadas a impactos nesses ecossistemas.
Os primeiros resultados publicados agora em 2018 permitiram o inventário de estoques de carbono ecossistêmicos baseados em amostras obtidas in-situ associados a manguezais equatoriais, incluindo o Nordeste e Norte do Brasil, onde está uma das áreas de maior extensão de Florestas de Manguezais do mundo. Também se procurou avaliar, seguindo protocolos internacionais, as emissões de gases estufa (CO2) decorrentes de mudanças no uso do solo, que levam a perda de florestas de manguezal.
Manguezais no estado do Pará. Danilo Romero/USP
Os resultados foram publicados em dois artigos de 2018. "Em geral, nesses estudos mostramos que estoques de carbono azul em solos de manguezais do semi-árido do Nordeste se assemelham aos estoques de manguezais Amazônicos (341 a 413 Mg C por hectare), mesmo com grandes diferenças pluviométricas entre essas regiões. Porém, verificamos que o estoque aéreo na Amazônia é um dos mais altos do mundo em razão do alto desenvolvimento das florestas", esclarece Bernardino.
O estudo mostra ainda que mesmo nessas áreas de alto desenvolvimento de florestas de manguezais, cerca de 70% dos estoques ecossistêmicos de carbono estão nos solos. Assim, comparativamente, cada hectare de manguezal amazônico sequestra mais de duas vezes o carbono retido em florestas tropicais continentais, como a Floresta Amazônica. No semi-árido, manguezais do Nordeste sequestram mais de 8 vezes o equivalente a ecossistemas terrestres da Caatinga. Nas marismas costeiras o mesmo padrão é encontrado, sendo que cerca de duas vezes mais carbono é retido nessas marismas se comparado ás savanas do Cerrado Brasileiro.
Comparação de estoques de carbono aéreo (verde) e sub-aéreo (azul e marrom) entre manguezais (mangrove) e florestas continentais (Floresta Amazônica, Caatinga e Cerrado). Reproduzida de Kauffman et al., 2018, Biology Letters.
Bernardino explica que a remoção de mangues para fazendas de camarão que provoca a retirada de cerca de 1 a 2 metros superficiais de solo, muito comum no Nordeste, leva a perdas da ordem de 58 a 82% dos estoques de carbono, emitindo em média 1,390 Mg CO2e por hectare de área removida. "Nesses casos, a emissão de gases do efeito estufa por hectare é cerca de 10 vezes o equivalente a emissões por fogo em florestas continentais".
"Quando se considera a vida útil de certas carciniculturas e a sua produtividade, o consumo de cerca de 1 kg de camarão produzido em áreas onde houve remoção de manguezais tem uma pegada ecológica, ou seja, emite uma quantidade de CO2 equivalente similar a dirigir um carro econômico por 100 km", complementa, Bernardino. Esses protocolos e estudos ecológicos estão sendo aplicados pelo grupo de estudo no sítio PELD Hábitats Bentônicos Costeiros do Espírito Santo (PELD-HCES), onde procura-se entender melhor a dinâmica do carbono e de diversos gases do efeito estufa em florestas de manguezais.
O grupo de pesquisa incliu os pesquisadores J. Boone Kauffman (OSU), Angelo F. Bernardino (UFES), Tiago O. Ferreira (ESALQ-USP), Gabriel N. Nóbrega (UFF), Hermano M. Queiroz (ESALQ-USP), Leila R. Giovannoni (OSU), Luiz Eduardo de O. Gomes (UFES), Danilo Jefferson Romero (ESALQ-USP), Laís Coutinho Zayas Jimenez (ESALQ-USP), Francisco Ruiz (ESALQ-USP).
Os pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo foram apoiados pelo CNPq, Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES) e FAPESP, através de financiamento de bolsas e apoio a projetos.
Os dois artigos publicados em 2018 podem ser acessados online:
http://rsbl.royalsocietypublishing.org/content/14/9/20180208
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Ter, 28 Ago 2018 16:32:00 -0300
Pesquisa dá origem a cerveja e iogurte para diabéticos
Os produtos em desenvolvimento levam o alecrim do campo, extraindo seus bioativos para o combate e prevenção da diabetes. A pesquisa é desenvolvida por uma equipe da Unicentro (PR), coordenada pelo Dr. Carlos Ricardo Maneck Malfatti, com apoio do Governo Estadual do Paraná e do CNPq.Uma planta muito conhecida entre os brasileiros está em estudo como objeto de matéria prima para a fabricação de cerveja e iogurte para diabéticos. A pesquisa é desenvolvida por uma equipe interdisciplinar da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), em Guarapuava (PR), coordenada pelo Biomédico e PhD em Bioquímica Dr. Carlos Ricardo Maneck Malfatti, que tem apoio do Governo Estadual do Paraná e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de bolsa de Produtividade em Pesquisa (DT) em Tecnologias Médicas e para Saúde ¿ 2018. Os alimentos estão com as patentes depositadas (algumas já atestadas pela ANVISA) e outras ainda tramitando para o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
De acordo com Malfatti, a pesquisa inicial visava tratar a obesidade por meio de um produto natural, mas acabou mudando de rumo: "foi um acidente científico". Segundo ele, ideias são exploradas e quase sempre acabam chegando a outras. "Quando começamos a pesquisa com o alecrim do campo identificamos uma modesta redução de gordura visceral associada com efeito hipoglicemiante e despertou a curiosidade". O passo seguinte foi estudar o efeito do alecrim do campo em ratinhos diabéticos e chegou-se a uma fórmula de como extrair bioativos, que são substâncias presentes na planta, para observar a concentração ideal desses extratos em estudos in vitro (células isoladas) e pré-clínicos (modelos animais que mimetizam diabetes), buscando a dose ideal e analisando a resposta bioquímica, antioxidante, histopatológica, toxicológica e, por fim, a aplicação em humanos.
Entretanto, os produtos em estudo não se tratam de remédios/fármacos (Atestado pela ANVISA), e sim um tratamento natural que colabora para a prevenção e controle da glicemia. A cerveja ganhou o nome de 'Rosemary' (em fase de rotulagem e logomarca por equipe de publicidade vinculada), que significa alecrim em inglês. O grupo pretende ainda estender os estudos para aplicação em outros alimentos, compondo uma linha de produtos. "Estamos elaborando novos produtos a partir de orientações acadêmicas em diferentes níveis, como Iniciação Científica Tecnológica, Mestrados Acadêmicos e Profissionais e Doutorado", afirma Malfatti.
Recentemente, o professor Dr. Malfatti foi convidado como orador oficial para apresentar os dois produtos em um importante evento em Lisboa, Portugal (FISSIN- LISBOA), cujo objetivo é aproximar cientistas de empresários em uma rodada de negócios, transferência de tecnologia para o setor empresarial, gerando Royalties, emprego e renda, bem como oportunidades de parcerias entre diferentes IES da Europa com o Brasil.
*Com informações da assessoria de Imprensa do Laboratório de Estudos (BIOMED)
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Ter, 21 Ago 2018 19:12:00 -0300
Pesquisa estuda relação entre alimentos e câncer nas redes sociais
Artigo publicado no periódico inglês Future Science AO na semana passada examina se as postagens em uma mídia social são modismo ou se há evidência científica quando o assunto é o câncer associado a alimentos funcionais.Artigo publicado no periódico inglês Future Science AO na semana passada examina se as postagens em uma mídia social são modismo ou se há evidência científica quando o assunto é o câncer associado a alimentos funcionais.
Uma das autoras do artigo, Claudia Jurberg, bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), explica que foram analisados alimentos funcionais relacionados ao câncer no Pinterest (rede social de compartilhamento de fotos) e se havia evidência científica ou não no portal de periódicos do PubMed, que é um motor de busca de livre acesso à base de dados MEDLINE de citações e resumos de artigos de investigação em biomedicina. O Pinterest foi a mídia de escolha porque está em franca ascensão no mundo e no Brasil.
"Foram analisados 507 Pins, sendo 75 de alimentos associados ao câncer, compartilhados mais de 27 mil vezes, e encontramos mais de 80 mil artigos científicos sobre esses alimentos e câncer no PubMed. Em 90% dos alimentos mencionados como funcionais para o câncer, encontramos literatura científica. Os Pins são ideias que as pessoas encontram e salvam de toda a Web", esclarece a pesquisadora.
Claudia informa que existem cerca de 50 bilhões de pins sobre comida no pinterest, e que o objetivo principal era investigar a relação entre postagens sobre comida e câncer no Pinterest e as evidências científicas. "Surpreendemente, 90% dos alimentos citados nessa mídia social também aparecem na literatura científica".
No entanto, apesar desse paralelo entre conteúdo publicado em mídia social e evidência científica, a pesquisadora diz que não foi possível identificar a exata relação dos alimentos com o câncer: se previne, cura ou trata.
A pesquisa conclui que há um paralelo entre o conteúdo sobre alimentos e bebidas relacionados ao câncer divulgado no Pinterest e a literatura científica sobre esses mesmos ingredientes no PubMed, uma vez que sobre 90% deles foram encontrados artigos científicos. "Com isso, pode-se afirmar que os alimentos correlacionados ao câncer geram interesse, embora tenhámos percebido que os usuários dessa mídia são tímidos para expressar sua opinião com comentários sobre o assunto".
Além de Claudia Jurberg, da Fiocruz e Universidade Federal do Rio de Janeiro, participaram do estudo Eloy Macchiute de Oliveira, do Datasus, e Graça Justo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi financiada pelo CNPq, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e Fundação do Câncer.
O artigo pode ser acessado no link https://www.future-science.com/doi/10.4155/fsoa-2018-0023
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Ter, 14 Ago 2018 18:32:00 -0300
Música melhora efeito de remédio para hipertensão
A descoberta é fruto de pesquisa apoiada pelo CNPq, a partir do Edital Universal, que identificou efeitos positivos, em curto prazo, da música sobre a resposta do controle autonômico da frequência cardíaca induzida por anti-hipertensivos.Pesquisa apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Edital Universal, identificou efeitos positivos, em curto prazo, da música sobre a resposta do controle autonômico da frequência cardíaca induzida por anti-hipertensivos.
O estudo foi realizado em parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp/Marília), Faculdade de Juazeiro do Norte (CE), Faculdade de Medicina do ABC e Oxford Brookes University (Inglaterra) e acompanhou 37 indivíduos com hipertensão controlada (14 homens e 23 mulheres) em dois dias.
Em um dia, os voluntários eram tratados com medicamento anti-hipertensivo e os parâmetros cardiovasculares foram monitorados durante uma hora após a administração do remédio enquanto ouviam música por meio de um fone de ouvido (Someone like you, piano instrumental - Adele; Airstream - Electra; Hello, piano instrumental - Adele; Amazing grace [my chains are gone], instrumental - Chris Tomlin e Watermark -Enya). Em outro dia, os pacientes realizaram o mesmo protocolo de pesquisa, porém, permaneciam com o fone de ouvido desligado, de modo que os dois dias foram aleatórios.
"Observamos que a música melhorou a frequência cardíaca e os efeitos de anti-hipertensivos no período de até uma hora após a medicação", disse Vitor Engrácia Valenti, coordenador do estudo, bolsista em Produtividade de Pesquisa do CNPq e professor do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp de Marília.
Um método mais sensível para detectar alterações no coração, conhecido como variabilidade da frequência cardíaca, detectou que os medicamentos apresentaram respostas significantemente mais intensas sobre a atividade do coração quando os voluntários ouviam música.
Como principal achado do estudo, os pesquisadores concluíram que a música intensificou os efeitos benéficos dos anti-hipertensivos em curto prazo.
"Constatamos que a música erudita ativa o sistema nervoso parassimpático [responsável por estimular ações que permitem ao organismo responder a situações de calma, como desaceleração dos batimentos cardíacos e diminuição da pressão arterial e da adrenalina e açúcar no sangue] e reduz a atividade do sistema simpático [que pode acelerar os batimentos cardíacos]", explicou Valenti.
Os resultados foram publicados, no início do ano, na revista Scientific Reports (grupo Nature).
Coração e cafeína
Outra pesquisa também realizada por Valenti analisou, ainda, os efeitos da ingestão de cafeína antes da realização de exercício (corrida na esteira) sobre a recuperação após o esforço.
O estudo investigou 32 jovens saudáveis do sexo masculino. Fumantes, alcoólatras, indivíduos com doenças cardiovasculares, respiratórias ou neurológicas conhecidas ou com lesão musculoesquelética que impedissem a realização dos protocolos de exercício não foram incluídos. Os voluntários realizaram dois protocolos de exercício moderado: placebo e cafeína, consistindo de 15 minutos de repouso, 30 minutos de exercício em uma esteira, seguido de 60 minutos de recuperação. No protocolo com cafeína os voluntários ingeriram cápsulas contendo 300 mg de cafeína e no protocolo placebo cápsulas idênticas sem cafeína. As variáveis analisadas foram pressão arterial sistólica e diastólica, frequência respiratória e a influência do sistema nervoso autônomo sobre o coração, analisada por meio da variabilidade da frequência cardíaca.
Não houve efeito da cafeína sobre a pressão arterial, entretanto, por meio de uma análise mais sensível, capaz de detectar mudanças fisiológicas com mais precisão, foi observado que a cafeína diminuiu a velocidade de recuperação do organismo após o exercício. Esse achado sugere que a administração de cafeína antes da realização de exercício pode aumentar os riscos de complicações cardiovasculares mesmo em sujeitos saudáveis.
Os autores do artigo são, além de Vitor, Luana Almeida Gonzaga, Luiz Carlos Marques Vanderlei, bolsista PQ 2 do CNPq e Rayana Loch Gomes. O estudo também foi publicado na Scientific Reports, em 2017, e está disponível em https://www.nature.com/articles/s41598-017-14540-4
Contato: Vitor Engrácia Valenti, prof. Dr. da UNESP/Marília. e-mail:vitor.valenti@unesp.br
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Sex, 27 Jul 2018 15:31:00 -0300
Proteger estoques de carbono pode não resultar em proteção à biodiversidade
Estudo inédito demonstra que mais carbono significa mais biodiversidade em florestas severamente danificadas, no entanto, em florestas com menor interferência humana, quantidades crescentes de carbono podem não ser acompanhadas por mais espécies. A pesquisa integra o programa PELD do CNPq.As florestas tropicais são ricas em carbono e também em biodiversidade. Por conta das alterações climáticas induzidas por ação humana, são crescentes os gastos com a proteção do carbono das florestas tropicais. Mas essas medidas também garantem a sobrevivência das espécies que habitam as florestas?
Um estudo publicado hoje na renomada revista Nature Climate Change sugere que a resposta a esta pergunta não é tão simples. A pesquisa, realizada no âmbito da Rede Amazônia Sustentável (RAS), uma rede internacional de cientistas de diversas instituições e integrante do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi liderada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental e do Centro de Meio Ambiente da Universidade de Lancaster (Reino Unido). O grupo descobriu que os investimentos destinados a evitar perdas maciças de carbono em florestas tropicais são provavelmente menos eficazes para a biodiversidade nas florestas de maior valor ecológico. Para a surpresa do time de pesquisadores, nestas florestas (que são as mais preservadas), até 77% das espécies que teriam sido protegidas por meio de ações voltadas à conservação da biodiversidade, não seriam protegidas no caso de medidas centradas exclusivamente na proteção dos estoques de carbono.
"Proteger os estoques de carbono das florestas tropicais deve permanecer um objetivo central em políticas internacionais de conservação", afirma Joice Ferreira, uma das líderes do estudo, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e pesquisadora da Embrapa. "Esse tipo de medida não apenas pode desacelerar as alterações climáticas, como também tem o potencial de proteger a vida selvagem única e insubstituível das florestas tropicais como a Amazônia. No entanto, para garantir que tais espécies sobrevivam, a biodiversidade precisa ser tratada como foco central dos esforços de conservação - tanto quanto o carbono".
As florestas tropicais são fundamentais para o planeta
As florestas tropicais armazenam mais de um terço de todo o carbono terrestre do mundo. Fenômenos causados por ação humana, como o desmatamento e as perturbações florestais (extração de madeira, caça, incêndios e fragmentação florestal) podem provocar a liberação do carbono e exacerbar os efeitos das mudanças climáticas globais.
Por essa razão, a proteção do carbono das florestas tropicais é uma das principais metas das iniciativas internacionais de combate às alterações climáticas, atraindo dezenas de bilhões de dólares em financiamento todos os anos.
A relação entre carbono e biodiversidade
Para chegar às principais conclusões do estudo, a equipe internacional, composta por cientistas de Brasil, Europa e Austrália, passou 18 meses realizando medições do conteúdo de carbono e da variedade de espécies de plantas, pássaros e besouros em 234 áreas de florestas tropicais na Amazônia brasileira.
Em uma primeira etapa, foram avaliados os níveis de carbono e de biodiversidade em áreas ao longo de um gradiente florestal (os variados graus de interferência humana): desde as florestas conservadas até aquelas crescendo após a completa supressão da vegetação pelo desmatamento. De posse dos dados inéditos, a equipe descobriu que mais carbono significava mais biodiversidade em florestas severamente danificadas, como previsto. Contrariando as expectativas, no entanto, onde os impactos humanos eram menos intensos, quantidades crescentes de carbono não eram acompanhadas por mais espécies.
Para Gareth Lennox, pesquisador-sênior da Universidade de Lancaster e também um dos líderes da pesquisa, "a mudança na relação entre carbono e biodiversidade entre as florestas que sofreram diferentes níveis de distúrbios provocados por ação humana explica nossas descobertas. Conforme as localidades desmatadas e altamente perturbadas se recuperam dos efeitos do uso agrícola e de incêndios florestais graves, a biodiversidade também se recupera. No entanto, essa relação direta entre carbono e biodiversidade perde-se na etapa intermediária da recuperação. O resultado: as florestas com o maior teor de carbono não abrigam necessariamente mais espécies, o que significa que a conservação focada exclusivamente no carbono pode deixar de lado áreas bastante biodiversas das florestas tropicais."
Foco duplo: na biodiversidade e no carbono
Juntamente com as descobertas mais preocupantes, o estudo oferece esperança para o alinhamento dos esforços de conservação de carbono e biodiversidade. "Embora algum nível de perda seja inevitável, os conflitos de estratégia entre o carbono e a biodiversidade podem ser reduzidos por um planejamento mais integrado", explica Toby Gardner, pesquisador-sênior do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI, na sigla em inglês), na Suécia, um dos coautores do trabalho científico. "Ao considerar carbono e biodiversidade juntos, descobrimos, por exemplo, que o número de espécies de árvores grandes que podem ser protegidas aumenta em até 15% em relação à abordagem com foco exclusivo no carbono. Em contrapartida, nessa mesma situação, há redução de apenas 1% de carbono."
Embora ferramentas promissoras de sensoriamento remoto estejam sendo desenvolvidas para medir o carbono florestal, promover a proteção da biodiversidade por meio de investimentos focados em carbono só será possível com o monitoramento extensivo em campo. No entanto, no Brasil, o progresso nessa área tem sido extremamente aquém do necessário. Joice Ferreira descreve a situação: "Como país megadiverso, o Brasil precisa de mecanismos adicionais e integrados para garantir um monitoramento abrangente de sua biodiversidade. Infelizmente, as ações do atual governo tem reduzido a capacidade científica e a extensão da proteção ambiental, ou seja, estamos no caminho oposto do ideal".
Em última análise, a redução dos efeitos das mudanças climáticas exige a salvaguarda da biodiversidade. O professor Jos Barlow, da Universidade de Lancaster, explica: "A biodiversidade e as alterações climáticas estão intrinsecamente ligadas quando se fala em florestas tropicais. Um clima mais quente e mudanças nos padrões de chuvas levarão à extinção de muitas espécies tropicais e é importante lembrar que o carbono florestal reside na biodiversidade das florestas tropicais. A pobreza de espécies resultará inevitavelmente em pobreza de carbono. O enfrentamento da crise climática requer a proteção de ambos simultaneamente".
O artigo científico, Ferreira & Lennox et al. (2018), A conservação focada exclusivamente no carbono pode deixar de proteger as florestas tropicais mais biodiversas (Carbon-focused conservation may fail to protect the most biodiverse tropical forests), está disponível online no Nature Climate Change (DOI: 10.1038/s41558-018-0225-7). Os autores estão disponíveis para entrevistas em inglês e português. Informações para contato abaixo:
Para mais informações:
Joice Ferreira (autora principal) EMBRAPA, Brazil: joice.ferreira@embrapa.br
Toby Gardner (coautor) Instituto Ambiental de Estocolmo, Suécia: toby.gardner@sei-international.org
Gareth Lennox (autor principal) Universidade de Lancaster, Reino Unido: g.lennox@lancaster.ac.uk
Jos Barlow (coautor) Universidade de Lancaster, Reino Unido: jos.barlow@lancaster.ac.uk
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Sex, 13 Jul 2018 17:49:00 -0300
Pesquisa desvenda os recifes de Abrolhos
Artigo publicado por pesquisadores brasileiros aponta para novos aspectos da singularidade das estruturas recifais conhecidas como chapeirões.Segundo o estudo, os corais, protagonistas na construção dos recifes tropicais em outras regiões do mundo, possuem um papel menor no ecossistema de Abrolhos, onde briozoários, e as algas coralináceas, desempenham essa função essencial.Artigo publicado no mês de junho deste ano por pesquisadores brasileiros, na revista Scientific Reports, aponta para novos aspectos da singularidade das estruturas recifais conhecidas localmente como "chapeirões", em alusão a seu formato de chapéu. Os corais são os protagonistas na construção dos recifes tropicais em outras regiões do mundo. No entanto, a descoberta relatada no artigo revela que invertebrados filtradores conhecidos como briozoários, juntamente com algas coralináceas, desempenham essa função essencial no ecossistema de Abrolhos, onde os corais possuem um papel menor como estruturadores do recife.
Vista aérea de dezenas de chapeirões, recifes em forma de cogumelos, típicos da região de Abrolhos, no sul da Bahia. Os resultados publicados revelam a grande importância de briozoários na construção desses singulares recifes biogênicos. Foto: Fernando Moraes/ Rede Abrolhos.
O novo estudo também relaciona aspectos oceanográficos e climáticos, tais como a ausência de furacões e tempestades tropicais, à morfologia peculiar e à diversidade dos recifes de Abrolhos. O trabalho, realizado pelos cientistas da Rede Abrolhos, tem subsidiado medidas para a gestão sustentável do uso dos recursos naturais.
O artigo atual é um terceiro capítulo de pesquisas que estão sendo realizadas há mais de dez anos pela Rede Abrolhos no maior complexo coralíneo do Atlântico Sul, localizado no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos.
Esse trabalho tem dentre os financiadores o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do PELD Abrolhos: monitoramento do maior complexo coralíneo do Atlântico Sul, entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. Os co-autores estrangeiros são Pesquisadores Visitantes Estrangeiros bolsistas do programa Ciência Sem Fronteiras e os coordenadores da Rede Abrolhos, Alex Bastos, Rodrigo Leão de Moura e Gilberto Menezes Amado Filho são bolsistas de em Produtividade do CNPq.
Ao longo de uma década de trabalho, o grupo produziu dezenas de artigos, teses e materiais de divulgação, uma trilogia científica que alterou o entendimento sobre a região de Abrolhos, no sul da Bahia e norte do Espírito Santo.
Com o uso de sistema de mergulho fechado (rebreather), os pesquisadores aumentaram o tempo de trabalho no fundo do mar, permitindo a operação prolongada da perfuratriz hidráulica para a coleta de amostras geológicas, entre 4 e 25 metros de profundidade, no Banco dos Abrolhos. Foto: Gilberto Amado-Filho/ Rede Abrolhos.
Em um artigo de 2012, publicado na revista PLOS ONE, foi revelada a ocorrência do maior banco de rodolitos do mundo, ao largo da área recifal mais conhecida e estudada desde os trabalhos pioneiros de Charles Darwin no Século XIX. Rodolitos são nódulos calcários estruturados por algas coralináceas que mineralizam carbonato de cálcio.
Dada a magnitude da formação descrita no artigo, Abrolhos foi colocado no mapa mundial das áreas recifais que mais contribuem com o sequestro de carbono, tais como o Caribe e a Grande Barreira australiana. Em 2013, um levantamento publicado na revista Continental Shelf Research revelou que o fundo marinho de Abrolhos abrange um complexo mosaico de hábitats, no qual a área de recifes é 20 vezes maior do que aquela anteriormente conhecida. Esse artigo chamou atenção para o baixo nível de conhecimento sobre a plataforma continental, mesmo em áreas emblemáticas como Abrolhos.
Os pesquisadores da Rede Abrolhos utilizaram uma perfuratriz hidráulica submarina para coletar amostras dos recifes entre 4 e 25 metros de profundidade. Os resultados revelaram uma formação biogênica singular em Abrolhos, onde briozoários são os principais construtores dos recifes. Foto: Gilberto Amado-Filho/ Rede Abrolhos.
Este artigo de 2018, segundo o pesquisador Alex Bastos, quebra um paradigma sobre quais são os principais organismos bioconstrutores da estrutura do recife em Abrolhos. "O principal resultado mostra que os recifes de Abrolhos são construídos na sua maioria por briozoários e não por corais, como sempre foi descrito. Isso desperta uma complexidade ecológica muito maior do que era tratado anteriormente", explica Bastos.
Para o pesquisador, a pergunta hoje é como se dá o crescimento de uma estrutura com esta complexidade de biocosntrutores. "Além disso, a gente chama a atenção para o fato de que o Atlântico Sul é uma zona de baixa energia quando se trata da ocorrência de tempestades tropicais e furacões. Essa baixa energia pode ser a explicação para o formato em cogumelo único e somente observado em Abrolhos, que recebe o nome de chapeirão", conclui.
Bastos destaca, ainda, a importância da abordagem multidisciplinar e de longa duração para a consolidação, no cenário internacional, das ciências do mar desenvolvidas no Brasil. "Nesses anos de pesquisa multidisciplinar a gente conseguiu publicar trabalhos mostrando a extensão do banco de rodolitos, a vasta ocorrência de recifes submersos, a ocorrência e importância das 'buracas', a produção de carbonato de cálcio no Banco de Abrolhos e agora estamos investindo nossos esforços no entendimento da estrutura recifal e do registro geológico/ecologicos de mudanças climáticas e variação do nível do mar", finaliza o pesquisador.
Mais detalhes sobre as pesquisas podem ser vistos em dois vídeos realizados pelo grupo, disponíveis na versão original e com legendas em inglês.
Além do CNPq, as pesquisas receberam financiamento da CAPES, IODP, FAPERJ, FAPES e ANP/Brasoil.
Contatos da Rede Abrolhos:
Gilberto Menezes Amado Filho, Inst. Pesq. Jardim Botânico do RJ (21 99271-9550)
Alex Cardoso Bastos, Univ. Fed. do Espírito Santo (27 98116-2318)
Rodrigo Leão de Moura, Univ. Fed. do Rio de Janeiro (21 99609-2724)
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Seg, 25 Jun 2018 17:08:00 -0300
Bactérias benéficas aumentam a produtividade do milho
O uso de bactérias promotoras do crescimento de plantas em gramíneas já está sendo desenvolvido por alguns grupos de pesquisa no Brasil, mas ainda há necessidade de aprofundamento e abrangência sobre outros enfoques da produção agrícola. É o que está fazendo, em Rondônia, o professor Fabiano Gama de Sousa, coordenador de projeto financiado pelo CNPq.O uso de bactérias promotoras do crescimento de plantas em gramíneas já está sendo desenvolvido por alguns grupos de pesquisa no Brasil, mas ainda há necessidade de aprofundamento e abrangência sobre outros enfoques da produção agrícola. É o que está fazendo Fabiano Gama de Sousa, coordenador do projeto Adição de inoculante com Azospirillum brasilense combinado com níveis de nitrogênio para a produção de grãos e silagem de milho, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Campus Colorado do Oeste, Sousa recebeu recursos financeiros por meio da Chamada CNPq/VALE S.A N° 05/2012 para o desenvolvimento do projeto que aponta que as bactérias benéficas à cultura do milho, como o Azospirillum brasilense, podem trazer ganhos consistentes para o agricultor sem a necessidade de grandes investimentos com fertilizantes químicos, particularmente os nitrogenados.
Elas também promovem o crescimento de plantas pela produção de hormônios vegetais e disponibilização de outros nutrientes como o fósforo. Segundo o professor Fabiano, essas bactérias são organismos capazes de fixar nitrogênio atmosférico (N2), ou seja, eles são capazes de transformar o nitrogênio de uma forma não disponível (N2) em uma forma disponível (amônio - NH4+).
Sousa ressalta que o produtor rural deve utilizar inoculante comercial com Azospirillum brasilense para aumentar a produtividade e melhorar a sanidade do milho para a produção de silagem. O uso desse produto permite reduzir o uso da adubação nitrogenada em até 50% e aumenta a rendimento da parte aérea do milho. "O inoculante é um produto que favorece a produção sustentável da cultura do milho com fabricação de alimentos com melhor qualidade para os animais. Este produto possibilita reduzir o custo de produção da cultura e tornar a sua produção com menor dependência dos adubos nitrogenados, como a uréia e o sulfato de amônio", explica o professor.
A relação simbiótica entre bactérias da qual faz parte o Azospirillum brasilense com as gramíneas tem favorecido a redução da utilização de fertilizantes químicos, principalmente os nitrogenados. Essas bactérias são promotoras do crescimento de plantas ao estimular a capacidade de fixação biológica do nitrogênio. Sousa explica que a adição de inoculantes com bactérias Azospirillum brasilense tem sido empregadas nas culturas do milho, trigo e arroz, substituindo parcialmente o fornecimento de nitrogênio para as plantas, diminuindo a dependência dos fertilizantes químicos, que normalmente dificultam a viabilidade econômica da produção agrícola em virtude dos altos custos. "Ademais, os agricultores familiares, geralmente descapitalizados, apresentam dificuldade em se manter na atividade agropecuária devido a carência de incentivos e de tecnologias de fácil acesso", aponta.
A aplicação desse produto é realizado na semeadura do milho, imergindo os produtos no inoculante por 30 minutos e colocando para secar à sombra. "Dessa forma, a aplicação desse inoculante permite o crescimento mais rápido da planta, melhorando a sua eficiência contra o ataque a insetos e fungos que promovem a redução na produção", completa Sousa.
O projeto foi desenvolvido como parte da dissertação de Mestrado do Professor Leandro Cecílio Matte, também do IFRO, O projeto possibilitou a capacitação a nível Stricto Sensu de um professor, que possibilitará ao profissional ministrar aulas de melhor qualidade e desenvolver projetos de pesquisa na Instituição. Além disso, a pesquisa fortaleceu a interação entre os pesquisadores do grupo de pesquisa Sistemas Integrados de Produção Agropecuária na Amazônia Ocidental, o que promove maiores possibilidades de desenvolvimento de novos projetos e formação de novos bolsistas do ensino médio e superior.
Atualmente, a atividade de produção agropecuária tem almejado a redução na dependência externa de insumos e produtos. A aplicação de inovação tecnológica de fácil acesso para o produtor rural, principalmente o agricultor familiar, tem sido utilizada com a finalidade de manter o homem no campo bem como de estabelecer a sustentabilidade do ambiente agrícola. Nesse contexto, o município de Colorado do Oeste, situado na região do Cone Sul do estado de Rondônia, apresenta como principais atividades a bovinocultura de leite e a produção de milho, prioritariamente por pequenos produtores. "Desse modo, a utilização de práticas agrícolas que reduzam o custo de produção tem sido estudada para serem empregadas na região", explica Fabiano.
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Seg, 18 Jun 2018 16:24:00 -0300
CNPq apoia projetos do programa Horizonte 2020
Os pesquisadores brasileiros que estiverem participando de projetos apresentados e aprovados nas chamadas do programa podem solicitar o apoio do CNPq, que irá avaliar as possibilidades de financiamento. As submissões poderão ser feitas nos prazos definidos nas Chamadas e atendendo as características detalhadas nas Guildelines.O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) apoiará a participação de pesquisadores brasileiros no Programa Horizonte 2020. A iniciativa é resultado da assinatura, em maio 2018, em parceria com a FINEP e o CONFAP, de um Acordo de Colaboração (Administrative Arrangement) com a Comissão Europeia.
O Programa Horizonte 2020 é o maior programa de pesquisa e inovação da União Europeia (UE). Ele promove a transferência de tecnologia e inovação entre Academia e Indústria. Perto de 80 bilhões de Euros de financiamento estão disponíveis ao longo de sete anos de atuação do programa (2014 a 2020), além do investimento privado e público nacional, e co-financiamentos disponibilizados pela UE.
Candidatos brasileiros são elegíveis para participar do programa Horizonte 2020, mas Instituições Brasileiras não recebem financiamento automático, com exceção de alguns casos específicos, como, por exemplo, pesquisadores individuais, ou quanto está indicado no edital.
Como Participar
É importante destacar que a forma do apoio para participação em projetos, submetidos e aprovados nas Chamadas lançadas pelo Programa Horizonte 2020, se dará conforme estabelecido no Documento denominado Guidelines - consulte aqui.
No momento, estão abertas oportunidades de participação de pesquisadores brasileiros em Projetos Europeus nas seguintes chamadas: SC1-BHC-15-2018, SC1-BHC-18-2018, SC5-13-2018-2019 e LC-CLA-06-2019, de acordo com as regras estabelecidas nas Guidelines.
Os pesquisadores brasileiros que estiverem participando de projetos apresentados e aprovados nas chamadas acima descritas, podem solicitar o apoio do CNPq, que irá avaliar as possibilidades de financiamento.
As submissões destas solicitações poderão ser feitas nos prazos definidos nas Chamadas e atendendo as características detalhadas nas mencionadas Guildelines e serão avaliadas quanto ao possível apoio por processos definidos pelo CNPq.
Mais informações podem ser obtidas junto à Coordenação Geral de Cooperação Internacional do CNPq por meio do e-mail : horizonte2020.cgcin@cnpq.br
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Qui, 07 Jun 2018 14:05:00 -0300
Internações por diabetes e complicações custam mais que outras doenças
Estudo realizado por pesquisadores do INCT para Avaliação de Tecnologias em Saúde revela que internações por diabetes e complicações são mais caras que internações não relacionadas à doença. Em artigo publicado, apontam que o custo para hospitalização de um adulto, no SUS, pela diabetes ou complicações é 19% mais caro que a média do custo de hospitalizações.Estudo recentemente publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, por pesquisadores do INCT para Avaliação de Tecnologias em Saúde (IATS), revela que internações por diabetes e complicações dela decorrentes são mais caras que internações não relacionadas à doença e suas comorbidades. Intitulado Disease and Economic Burden of Hospitalizations Attributable to Diabetes Mellitus (DM) and Its Complications: A Nationwide Study in Brazil, o artigo aponta que o custo médio para hospitalização de um indivíduo adulto custou R$ 1.240,75 no SUS, enquanto o custo médio de uma hospitalização por diabetes e doenças relacionadas custou aproximadamente 19% a mais, atingindo o valor de R$ 1.478,75.
O estudo Disease and Economic Burden of Hospitalizations Attributable to Diabetes Mellitus (DM) and Its Complications: A Nationwide Study in Brazil, recentemente publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, revela que internações por diabetes e complicações dela decorrentes custam mais caro que internações não relacionadas à doença e suas comorbidades. Enquanto o custo médio para hospitalização de um indivíduo adulto custou R$ 1.240,75, o custo médio de uma hospitalização por diabetes e doenças relacionadas custou aproximadamente 19% mais, atingindo o valor de R$ 1.478,75. Os resultados apontam, ainda, que entre as internações atribuíveis ao DM, as que decorrem de doenças renais (R$ 2.803,00) e das doenças cardiovasculares (R$ 2.675,00) foram as que apresentaram maior custo médio.
A pesquisa foi desenvolvida em uma colaboração de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Avaliação de Tecnologias em Saúde (INCT/IATS), programa coordenado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo de custos das doenças crônicas no Brasil ocorre em consonância com a implementação do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), atendendo a uma demanda do Ministério da Saúde.
Os INCTs foram criados para agregar, de forma articulada, os melhores grupos de pesquisa na fronteira da ciência e em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país; impulsionar a pesquisa científica básica e fundamental competitiva internacionalmente; estimular o desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica de ponta associada a aplicações para promover a inovação e o espírito empreendedor. além do Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações e do CNPq, participam a CAPES e as Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais, além de cooperações internacionais. Mais de 100 institutos funcionam atualmente, nas mais diversas áreas do conhecimento.
A pesquisa
As estimativas da pesquisa do IATS foram feitas com base na prevalência auto-referida de diabetes derivada da Pesquisa Nacional de Saúde (2013) e considerando a população maior de 18 anos e nas 27 Unidades da Federação, regiões e país como um todo. Os dados brutos de hospitalização foram obtidos dos arquivos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). As internações foram categorizadas em dois grupos: (a) DM propriamente dito e (b) complicações crônicas do DM e outras doenças relacionadas. A proporção de internações por DM foi estimada pelo método do risco atribuível para o segundo grupo. Esse método considera que os pacientes diabéticos utilizam mais os serviços de saúde do que os não-diabéticos e que uma parte dos cuidados associados a esses cuidados médicos pode ser atribuída ao DM. O risco de apresentar determinada condição médica, de acordo com a presença ou não de DM, e a proporção da população com a doença são combinados para calcular a fração etiológica.
Estimou-se que 17.320.339 indivíduos adultos no país seriam diabéticos. Um total de 11.3 milhões de hospitalizações foram registradas em 2014, dos quais 8.6 milhões (76,2%) foram em adultos. Destas internações, 313.273 foram por DM, correspondendo a 3,6% das internações totais e representando uma taxa de internação de 22,8/10.000 adultos. DM per se representou 41,9% das internações, seguido das doenças cardiovasculares atribuíveis ao diabetes (26,5%). As internações devido ao DM e condições relacionadas custaram R$ 463 milhões, representando 4,3% dos custos totais de hospitalizações no SUS (R$ 10,6 bilhões). A diferença entre as regiões do Brasil é bastante expressiva, variando o custo entre 18 milhões de reais para a Região Norte e 224 milhões de reais para a Região Sudeste.
As taxas de hospitalização da população adulta foram de 3,5 e 3,8/10.000 para homens e mulheres (respectivamente) entre 20-44 anos, e 146 e 133,3 para a faixa etária de 75 anos ou mais. Quando considerado o número absoluto e a taxa de hospitalização bruta, as mulheres tiveram mais internações que os homens. No entanto, ao considerar as taxas ajustadas por idade, estas são mais elevadas para os homens (23,9/10.000 habitantes) quando comparadas às mulheres (21,9/10.000). Este estudo apresentou uma visão geral detalhada das internações atribuíveis ao DM no Brasil considerando a perspectiva do SUS. Compreender os custos do diabetes e suas principais complicações é crucial para aumentar a conscientização e permitir a avaliação de estratégias para reduzir sua prevalência e seu impacto, analisam os autores.
Leia entrevista com a pesquisadora do IATS, Michelle Quarti Machado da Rosa, coautora do estudo e Bolsista de Desenvolvimento Tecnológico Industrial do CNPq, Nível B:
O estudo revela quanto custa a internação hospitalar de pacientes por diabetes e suas complicações no Brasil. Também informa que este tipo de internação é mais onerosa que a média das internações. O que isso representa para a saúde pública do país?
Michelle - Para entendermos o impacto desta diferença, podemos começar com os números do diabetes mellitus (DM) no Brasil. Nós somos o 4º país no ranking no número de indivíduos com diabetes no mundo. Em 2013, o IBGE divulgou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) (este inquérito visa produzir dados nacionais sobre a situação de saúde e os estilos de vida da população brasileira) revelando que 6,2% da população de 18 anos ou mais de idade referiram diagnóstico médico de diabetes. Julgamos que este seja um número subestimado, uma vez existem estudos brasileiros que demonstram que 50% de indivíduos com diabetes desconhecem a doença.
Nesse sentido, isso pode resultar em pacientes buscando cuidados quando já estão com complicações pelo diabetes, consequentemente, um tratamento ainda mais oneroso para o sistema e para o paciente. Além disso, em função das complicações, pacientes diabéticos estão em maior risco de desenvolver outras doenças em comparação a não diabéticos. O DM está classificado entre as principais causas de cegueira, insuficiência renal e amputação de membros inferiores em muitos países, ao passo que cerca de 50% das pessoas com diabetes morrem de doença cardiovascular [3]. Portanto, uma parcela de utilização de cuidados de saúde associado a essas condições médicas é atribuível ao diabetes. Portanto, pacientes com diabetes vão precisar mais do sistema de saúde. Nossos dados demonstram o impacto do custo das hospitalizações por diabetes sob a perspectiva do sistema de saúde pública, mas também colocam em evidência a carga pelo desconhecimento da doença, reforçando a importância de ações preventivas no combate ao diabetes.
Como a senhora qualifica a carga econômica e social provocada pela doença? De que forma os achados podem contribuir com a gestão dos recursos da Saúde? Quais outros aspectos da pesquisa a senhora destacaria como úteis a gestão do SUS?
Michelle - O diabetes impõe uma grande carga econômica nos indivíduos, uma vez que a doença aumenta o uso de serviços de saúde, a perda de produtividade e a incapacidade. O aumento da prevalência do diabetes em países de baixa e média renda tem causado relevante impacto econômico e social, tanto no que diz respeito aos encargos da doença, quanto as causas de incapacidade, redução da qualidade de vida e morte, resultantes das complicações da doença. Segundo o Global Burden of Disease Study de 2015, o diabetes está entre as 10 principais causas de anos vividos com incapacidade (AVI) no Brasil. Estamos preparando o artigo que vai divulgar nossos dados relacionados aos custos indiretos do diabetes no Brasil.
Neste estudo, estimamos que os custos das internações por diabetes e condições relacionadas chegaram a R$ 463 milhões em 2014, representando 4,3% dos custos totais de hospitalizações no SUS (R$ 10.6 bilhões). A diferença entre as regiões do Brasil é bastante expressiva, variando o custo entre 18 milhões de reais para a Região Norte e 224 milhões de reais para a Região Sudeste. Nesse mesmo ano, o total de gastos com saúde no Brasil foi de 8% do Produto Interno Bruto, dos quais 46% estavam associados a despesas com saúde pública (R$ 1,060 per capita). Esse gasto equivale a R$ 3,36 por adulto pelo governo federal somente com hospitalizações por DM e suas complicações.
O valor médio de internação de um adulto por diabetes foi 19% maior que uma internação sem diabetes, e as internações por doenças renais e cardiovasculares foram as que tiveram maior custo médio. A documentação do impacto econômico nacional do diabetes, sem utilização de dados internacionais, pode orientar o estabelecimento de prioridades na pesquisa e na prestação de cuidados de saúde, incluindo a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do diabetes.
Em sua visão, qual melhor caminho para o enfrentamento do diabetes? Medidas preventivas podem ser adotadas como uma atitude individual? Devem pautar políticas públicas?
Michelle - Nos últimos anos, através da qualificação do atendimento no SUS, o Brasil tem elaborado diferentes políticas públicas, na tentativa de promover melhor acesso aos serviços de saúde, reduzindo desigualdade social e incentivando estratégias de prevenção à Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). O Ministério da Saúde, em 2001, estabeleceu as diretrizes e metas para a Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Sistema Único de Saúde. Como parte das metas, foi realizado um programa nacional de triagem de diabetes. O custo por caso diagnosticado foi estimado em R$ 45,00 (ano 2001). Campanhas como esta podem mobilizar a população e o sistema de saúde, sugerindo seu potencial uso na prevenção do diabetes em ambientes específicos.
Em julho de 2011 o Ministério da Saúde publicou o "Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DNCT) no Brasil" onde considera a atenção básica fundamental na prevenção de doenças crônicas. Baseado em dados da PNS, um estudo demonstrou que mais da metade da população brasileira refere estar cadastrada nas unidades de saúde da família, sendo maior na área rural, além de ter havido crescimento na cobertura nos últimos cinco anos. No ano de 2012, o Ministério da Saúde implementou o programa da Farmácia Popular, aumentando o subsidio para compra de medicamentos básicos para doenças como diabetes e hipertensão.
Aqui foram citados (brevemente) políticas públicas e ações governamentais que geraram impacto no atendimento aos pacientes que utilizam o SUS. Ainda que novas estratégias e tecnologias tenham sido incorporadas nos sistemas de saúde do Brasil, muitas pessoas com DM ainda têm acesso limitado aos cuidados de saúde devido aos altos custos associados e porque os serviços de saúde pública não estão disponíveis para todos, fazendo com que os custos indiretos permaneçam excedendo os custos diretos. Nesse sentido, políticas de prevenção como a Academia da Saúde e o próprio programa e saúde da família precisam ser mantidos e ampliados.
Outra estratégia que poderia entrar na criação de políticas públicas, é o subsídio para compra de alimentos saudáveis. Pacientes com diabetes precisam fazer uma dieta balanceada para manter o controle glicêmico, alimentos como frutas e verduras e produtos de baixo teor calórico, são caros e dificultam o acesso à população mais necessitada.
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Qua, 30 Mai 2018 14:51:00 -0300
Terapia por internet tem alta aceitação para tratamento do alcoolismo
O uso abusivo de álcool é um grave problema de saúde pública, pois traz uma série de prejuízos de saúde, psicológicos, ocupacionais, familiares e sociais ao indivíduo. Preocupada com esse problema, a pesquisadora Laisa Marcorela Andreoli Santos, desenvolveu uma série de estudos que visam avaliar se a terapia por internet é efetiva para dependentes de álcool.O uso abusivo de álcool é um grave problema de saúde pública, pois traz uma série de prejuízos de saúde, psicológicos, ocupacionais, familiares e sociais ao indivíduo. Preocupada com esse problema, a pesquisadora Laisa Marcorela Andreoli Santos, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), desenvolveu uma série de estudos que visam avaliar se a terapia por internet é efetiva para dependentes de álcool, tanto aqueles que procuram por serviços especializados, tanto por pessoas que buscam informações pela internet no site Informaalcool.org. A pesquisa contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio da Chamada Universal 14/2014.
O uso abusivo do álccol afeta, principalmente, homens e jovens, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a partir da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2016. Segundo esse levantamento, que considera uso abusivo quem ingeriu de quatro a mais doses para mulheres, ou cinco a mais doses para homens, em uma mesma ocasião dentro dos últimos 30 dias antes da pesquisa, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi duas vezes mais freqüente em homens (29,6%) do que em mulheres (13,3%). Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi maior nas faixas etárias mais jovens, alcançando cerca de 36,6% dos homens e cerca de 20% das mulheres entre 25 e 34 anos de idade.
Segundo Laísa Marcorela, grande parte dos usuários de álcool no Brasil não chegam ao tratamento especializado, devido à falta de oferta de tratamento em relação à demanda, ao estigma com relação ao uso de álcool, a residir em locais geograficamente desfavorecidos, entre outros fatores. Com o crescimento do uso da internet, muitos países têm adotado e avaliado a realização de psicoterapias realizadas por internet para diversos problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, fobia social e alcoolismo e tabagismo. No Brasil, existem poucas iniciativas nesses sentido.
"Por meio deste estudo, também buscamos compreender a satisfação dos clientes e terapeutas quanto a esta modalidade de tratamento e quanto ao atendimento pela internet, tentando comparar seus resultados à mesma terapia realizada presencialmente", explica a pesquisadora.
Os resultados iniciais da pesquisa indicaram que a terapia pode ser efetiva para homens e mulheres com dependência de álcool, que há uma alta taxa de aceitabilidade pelos clientes quando lhes é oferecido o tratamento, altas taxas de satisfação e boa percepção tanto do cliente, quanto do terapeuta a respeito o atendimento realizado pela internet.
Coordenação de Comunicação Social