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Qui, 17 Jan 2019 18:02:00 -0200
Pesquisa na Antártica é tema de exposição do Museu Nacional
Pesquisa do projeto PALEOANTAR, apoiada pelo CNPq por meio do programa Proantar, compõe a exposição "Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico", organizada pelo Museu Nacional. É a primeira após o incêndio. Os achados do projeto contam uma história do continente antártico ainda desconhecida para muitas pessoas.O Museu Nacional inaugurou, durante coletiva nessa quarta-feira, 16, a exposição Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico, no Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil, no Centro do Rio. A exposição, a primeira após o incêndio, no dia 2 de setembro do ano passado, vai apresentar as novas descobertas do Projeto PALEOANTAR, vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A exposição tem curadoria da paleontóloga Juliana Sayão, bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, que, junto com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, também bolsista PQ, coordenou o projeto.
A pesquisadora Juliana Sayão fala, ao lado de Alexander Keller, durante a coletiva de abertura da exposição. Foto: Maurício Salles
Durante três anos, Juliana liderou as equipes em campo. A pesquisadora destaca a importância dos achados do projeto para contar uma história do continente antártico ainda desconhecida para muitas pessoas. "Nem sempre a Antártica foi congelada. Ela era mais quente e tinha uma fauna e flora completamente diferentes daquelas que a gente encontra hoje. Através dos fósseis resgatados pelo projeto Paleoantar a gente consegue contar essa historia e trazer essa informação para a população", aponta.
Juliana ressalta que as pesquisas são responsáveis, também pela formação de recursos humanos, já tendo levado dois alunos de doutorado cujo foco da tese é entender a paleontologia da Antártica e alunos da iniciação científica. Além disso, estagiários e alunos de graduação, mestrado e doutorado estão envolvidos nas análises dos materiais coletados pelo projeto nos laboratórios da universidade.
Para Kellner, o apoio do Governo Federal, por meio da Marinha, com o apoio logístico; e do CNPq, com o financiamento das pesquisas, é essencial para a pesquisa naquela região, que tem uma importância geopolítica, segundo o pesquisador. "A sociedade brasileira tem que entender que somente quem está fazendo pesquisa científica na região antártica vai definir o futuro do continente. Então, é fundamental que o governo brasileiro continue incentivando o Proantar nas mais diversas áreas do saber", complementa.
A exposição
A exposição permite que crianças e adultos entendam, de forma didática, através de vídeos, imagens, amostras, réplicas e fósseis, o que acontece na Antártica. Ela tem entrada gratuita a partir desta quinta-feira, 17, e poderá ser visitada até maio.
"Essa exposição, aberta pouco mais de quatro meses depois da tragédia que se abateu sobre a nossa instituição, tem inúmeros significados: é a primeira realizada desde o incêndio, acontece no prédio que foi a primeira sede do Museu Nacional e será uma oportunidade incomparável para o público conhecer uma Antártica apresentada de forma única e surpreendente. Uma experiência inesquecível que inclui os equipamentos originais usados pelos pesquisadores brasileiros", destaca Kellner.
A curadora acrescenta que estão apresentadas na exposição as mais recentes descobertas das expedições realizadas entre 2015 e 2018. "Nesse período, nossos pesquisadores trabalharam na região mais ao sul da Antártica na prospecção e coleta de fósseis para fins de reconstrução paleoclimática, paleoambiental e paleobiogeográfica da fauna e flora do Cretáceo no continente. O objetivo é convidar o público a acompanhar de perto esta missão", destaca a curadora.
Segundo Juliana, a exposição Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico foi pensada para estimular o diálogo com o grande público e, assim, gerar conhecimento e reforçar a importância das expedições realizadas ao continente gelado. "É uma forma de facilitar o entendimento das pessoas sobre questões que afetam as vidas de todos nós e entender, por exemplo, porque os dias no Rio de Janeiro estão cada vez mais quentes. Afinal, as correntes que chegam ao Brasil, no verão, saem justamente da Antártica. E qual a origem das massas polares que trazem chuva e, ao se encontrarem com massas quentes, geram tantos alagamentos? Ou seja, é fundamental conhecer esses fenômenos para que possamos trabalhar em pesquisas que contribuam para manter as pessoas vivas", explica.
Os visitantes vão se surpreender logo na entrada, onde chama a atenção a réplica de um mosassauro, com impressionantes cinco metros de comprimento, semelhante ao que aparece no filme Jurassic World (2015). O espécime pertence a um grupo extinto de criaturas marinhas que habitaram os mares do final do período Cretáceo. Considerados grandes predadores, os mosassauros chegavam a medir 17 metros e pesar seis toneladas.
A curadoria da exposição convida o visitante a percorrer diferentes momentos da história do continente gelado. O percurso começa pela sala que apresenta a situação atual, com direito à réplica de um navio da marinha do Brasil e a reconstituição do trajeto percorrido pelos pesquisadores, com detalhes sobre a vida nos acampamentos e laboratórios.
Em outra sala, o público terá contato com detalhes do trabalho realizado pelos paleontólogos e saber como trabalham esses pesquisadores, que equipamentos usam e como eles encontram fósseis e amostras de rochas.
A sala seguinte é a da Antártica de 90 milhões de anos atrás, completamente diferente da atual. Um continente quente, coberto por uma floresta tropical e com uma fauna exuberante. A proposta é justamente gerar a curiosidade e os questionamentos do público: por que essa Antártica era tão diferente? Por que mudou? O que aconteceu? Essa mudança pode acontecer em outros continentes no futuro?
O Proantar
O Proantar é um programa de Estado que tem como objetivo a produção de conhecimento científico sobre a Antártica e suas relações com o restante do sistema climático global. Ele garante a presença da comunidade científica brasileira na Antártica desde o verão de 1982/83. De acordo com o artigo IX do Tratado da Antártica, os países que se tornaram membros por adesão, como é o caso do Brasil, devem manter na região um programa científico de excelência, de forma que possam participar das reuniões consultivas que decidem o futuro da região com direito a voz e voto, inclusive com atuação no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) órgão interdisciplinar do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), responsável por promover, desenvolver e coordenar a investigação científica internacional de alta qualidade na região Antártica, inclusive o Oceano Antártico.
O CNPq participa da realização dos objetivos científicos do programa desde 1991, sendo responsável pelo financiamento das pesquisas científicas na Antártica. Junto com o MCTIC é responsável pelo fomento e pela coordenação da execução das pesquisas científicas realizadas pelas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs). A implementação logística do PROANTAR está a cargo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), vinculada ao Comando da Marinha (Ministério da Defesa - MD). Também são parceiros na execução do Programa o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), entre outros atores do setor público (PETROBRAS) e privado.
Sobre o Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil
Com cerca de 200 anos de idade, o Palacete da Casa da Moeda é uma edificação de grande valor histórico, especialmente para a memória da pesquisa científica do país. O Palacete abrigou a primeira instituição de pesquisa do país, a Casa de História Natural e foi nesse imóvel que Dom João VI abrigou o primeiro museu do país, o Museu Real, criado por decreto em 6 de junho de 1818. Tombado pelo IPHAN em 2016, o Palacete é uma construção eclética, de traços neoclássicos.
SERVIÇO
Quando Nem Tudo era Gelo - Novas Descobertas no Continente Antártico
Período da exposição: de 17 de janeiro a 17 de maio Local: Centro Cultural Museu Casa da Moeda do Brasil (Praça da República ¿ nº26 - Centro)
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 16h e domingo, das 10h às 15h Entrada franca
Com informações da Asssessoria de Imprensa do Museu Nacional