Pesquisa do Dia
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Qui, 30 Jul 2020 17:26:00 -0300
Consórcio realiza sequenciamento genético de abelha sem ferrão nativa
Um consórcio de pesquisadores de seis universidades brasileiras, financiado pelo CNPq e pela FAPESP, sequenciou o genoma da Frieseomelitta varia, abelha sem ferrão nativa do Brasil conhecida como marmelada. O resultado aumenta a compreensão sobre a evolução destas abelhas e abre caminho para o melhoramento de espécies com potencial de uso comercial.Um consórcio de pesquisadores de seis universidades brasileiras, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sequenciou o genoma da Frieseomelitta varia, abelha sem ferrão nativa do Brasil conhecida como marmelada. O resultado aumenta a compreensão sobre a evolução destas abelhas e abre caminho para o melhoramento de espécies com potencial de uso comercial.
Os resultados foram publicados na BMC Genomics por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp), Federal de São Carlos (UFSCar), Federal de Alfenas (UFAL), Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
"Escolhemos uma espécie para realizar esse projeto-piloto, a fim de testar nossa capacidade de sequenciar um genoma inteiro. Essa é uma espécie emblemática, uma vez que suas operárias são completamente estéreis. É uma característica que a difere da grande maioria das abelhas do grupo Meliponini, das abelhas sem ferrão", diz Klaus Hartmann Hartfelder, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, bolsista do CNPq e um dos autores do trabalho.
O estudo integra um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado por Zilá Luz Paulino Simões, bolsista do CNPq, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e coautora do artigo. O sequenciamento foi realizado no Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também apoiado pela FAPESP.
O sequenciamento revelou uma grande quantidade de sequências repetidas dos chamados RNAs longos não codificantes, que têm função regulatória. Em humanos, por exemplo, esses RNAs estão relacionados a processos de regulação do desenvolvimento, inclusive do sistema nervoso central. Na marmelada, os pesquisadores consideram que essas sequências podem estar ligadas ao processo de desenvolvimento do ovário das abelhas, que torna as operárias completamente estéreis, enquanto a rainha é altamente fértil.
"Como na grande maioria dos insetos sociais, os ovos são iguais, dali pode sair tanto uma operária quanto uma rainha. Durante o desenvolvimento da larva, porém, acontece a divergência em algumas das vias moleculares de sinalização, que faz com que essas abelhas se diferenciem em dois tipos de indivíduos, a rainha fértil e muitas operárias inférteis. Na abelha europeia (Apis mellifera) isso se dá por conta da alimentação diferente que a rainha recebe na fase larval, mas nas abelhas sem ferrão parece ser mais uma questão de quantidade de alimento", diz Hartfelder.
Vantagem evolutiva
O grupo encontrou ainda um alto grau de conservação (sintenia) de um bloco de genes descrito na Apis mellifera relacionado ao comportamento de estocagem de pólen dentro da colônia. Essa é uma característica de espécies altamente sociais, enquanto outras coletam apenas o pólen suficiente para alimentar as larvas.
"O que nos surpreendeu é que a A. mellifera e as abelhas sem ferrão divergiram em linhagens diferentes há mais de 70 milhões de anos. É muito tempo e, mesmo assim, essa característica foi se mantendo ao longo da evolução. Temos de verificar se o mesmo acontece com outras abelhas para saber se isso ocorreu por puro acaso ou se garantiu uma vantagem evolutiva", explica o pesquisador.
Outro achado interessante foi a diferença de outras abelhas na organização da ordem dos genes do genoma mitocondrial, que também foi sequenciado nesse trabalho. A alteração na ordem gênica da usina de energia da célula pode ter implicações evolutivas a serem estudadas com mais profundidade no futuro.
Polinização em cultivo de alimentos
O nome popular da espécie faz referência à cor de seus ninhos, que tem um revestimento externo marrom por conta da aplicação de resina que as abelhas coletam de plantas. O material tem propriedades repelentes, o que afasta formigas e outros potenciais invasores do local de entrada.
A espécie produz pouco mel, mas por sua docilidade e larga distribuição, principalmente no Sudeste do Brasil, tem potencial para servir como polinizadora em cultivos de alimentos de alto valor agregado em estufas. A abelha europeia não se adapta bem a esses ambientes fechados, mas as abelhas sem ferrão têm grande potencial como polinizadores destes cultivos.
As descobertas do genoma da marmelada servem ainda de guia para a busca de características desejadas em outras espécies de interesse comercial, como a jataí (Tetragonisca angustula).
No trabalho atual, o grupo utilizou a experiência adquirida nos sequenciamentos de genomas de abelhas realizados por consórcios internacionais. Em 2006, os pesquisadores fizeram parte do grupo que sequenciou o genoma da Apis mellifera, a abelha europeia mais usada na produção de mel. O resultado foi publicado na Nature.
Em 2015, o grupo participou de um trabalho publicado na Science que sequenciou 10 genomas de abelhas, entre eles o da mandaçaia (Melipona quadrifasciata), a primeira espécie brasileira de abelhas sem ferrão a ter o genoma sequenciado. No mesmo ano, participou ainda da publicação do genoma de duas mamangavas, insetos da mesma linhagem das abelhas do gênero Apis e das abelhas sem ferrão.
O próximo passo da pesquisa é estudar melhor algumas regiões que chamaram atenção do genoma da marmelada. Além disso, graças ao conhecimento adquirido durante o trabalho, o grupo já selecionou outras cinco espécies que terão o genoma sequenciado.
Por: André Julião | Agência FAPESP
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Sex, 17 Jul 2020 20:21:00 -0300
Novas abordagens de nanomateriais para detecção de gás são tema de artigo publicado por pesquisador do CDMF
O pesquisador Leandro Silva Rosa Rocha, pós-doutorando no Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos ( DQ - UFSCar ) e integrante do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais ( CDMF ), é o autor principal do artigo "Novel Approaches of Nanoceria with Magnetic, Photoluminescent, and Gas-Sensing Properties" publicado no periódico científico ACS Omega .Cinco bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outros três pesquisadores publicaram artigo que propõe uma abordagem cruzada no que tange às propriedades elétricas, fotoluminescentes e magnéticas de nanomateriais à base de céria. "Neste caso, em particular, trabalhamos com o óxido de cério puro e dopado com 8% de lantânio (La), que é um elemento terra-rara, demonstrando que sua capacidade de detectar um gás ou emitir fotoluminescência está relacionada a transições quânticas entre estados energéticos de espécies defeituosas constituintes do sistema", esclarece o pesquisador Leandro Silva Rosa Rocha, do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), autor principal do artigo "Novel Approaches of Nanoceria with Magnetic, Photoluminescent, and Gas-Sensing Properties" publicado no periódico científico ACS Omega.
Rocha, pós-doutorando no Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (DQ -UFSCar) ainda explica que, ao fim desta pesquisa, foi possível observar que as propriedades fotoluminescentes, magnéticas e de sensoriamento ambiental são fortemente correlacionadas às criação de vacâncias de oxigênio, que, por sua vez, provocam a conversão de espécies Ce(IV) para Ce(III), e vice-versa. "Dependendo do elemento dopante e da atmosfera ao qual o sistema será exposto, há a possibilidade de ampliação da aplicabilidade de nanomateriais terras-raras", acrescenta.
As pesquisas desenvolvidas por Rocha no Centro são voltadas à exploração da multifuncionalidade de materiais híbridos nanoestruturados à base de celulose e óxido de cério (CeO2), que sintetizados em distintas condições, visam aplicações energéticas e de sensoriamento ambiental como, por exemplo, na confecção de baterias recarregáveis e na detecção de monóxido de carbono (CO).
Diante da emergência sanitária, impostas pela pandemia de COVID-19, e levando em conta as propriedades de oxirredução apresentadas por nanomateriais à base de céria, o pós-doutorando aponta que o próximo passo da pesquisa será voltado para testes das propriedades viricidas destes materiais em distintas superfícies, a fim de ampliar as opções de combate à contaminações pelo SARS-CoV-2.
Entre os oito autores do artigo, cinco são bolsistas do CNPq. Alexandre Z. Simões, Elson Longo, Miguel A. Ponce, Miguel A. Ramirez e Cesar R. Foschini. O artigo é assinado, também, por Rafael A.C. Amoresi e Henrique Moreno.
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e recebe também investimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).
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Seg, 13 Jul 2020 22:07:00 -0300
Prorrogação das bolsas institucionais de Mestrado e de Doutorado
CNPq anuncia, em resposta aos pedidos de prorrogação submetidos em razão do Informe nº4, a prorrogação, por 60 dias, de todas as bolsas de mestrado e de doutorado no âmbito do Programa Institucional de bolsas por quota, que tenham encerramento de vigência previsto entre 01/05/2020 e 31/12/2020.O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anuncia, em resposta aos pedidos de prorrogação submetidos em razão do Informe nº4, de 06 de maio de 2020, a prorrogação, por 60 dias, de todas as bolsas de mestrado e de doutorado no âmbito do Programa Institucional de bolsas por quota, que tenham encerramento de vigência previsto entre 01/05/2020 e 31/12/2020. As prorrogações serão feitas automaticamente pelo CNPq, não sendo necessário, portanto, o envio de solicitação pelo coordenador dos cursos.
A apreciação dos pedidos de prorrogação de bolsas de mestrado e de doutorado com encerramento de vigência posterior a 31/12/2020 será feita em momento oportuno.
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Qui, 09 Jul 2020 16:47:00 -0300
CGEE lança boletim com panorama da produção científica sobre o coronavírus
O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) lança uma nova edição do boletim temático do Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação (Octi), que traz um panorama da produção científica e tecnológica sobre o coronavírus e a Covid-19.O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) lança uma nova edição do boletim temático do Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação (Octi), que traz um panorama da produção científica e tecnológica sobre o coronavírus e a Covid-19. De acordo com o levantamento, houve um aumento significativo no desenvolvimento desses estudos durante a pandemia, sendo identificados, de janeiro a junho, 2685 artigos e reviews científicos relacionados ao tema.A edição do boletim é resultado de uma parceria entre o Centro e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o objetivo de disponibilizar informações que contribuam para a elaboração de estratégias de combate à pandemia. Além disso, o informativo oferece um mapeamento de competências nacionais na área e uma análise da produção patentária global.Foram identificados, ainda, os artigos com contribuições de autores brasileiros. Os estudos abordam temas como o uso da telemedicina e o reposicionamento de medicamentos nos tratamentos. O CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são as principais agências financiadoras do país.O levantamento disponibiliza a visualização de clusters temáticos, ou seja, agrupamentos gerados a partir da relação semântica entre as publicações. Esse dado indica uma característica multidisciplinar dos artigos e aponta os temas mais abordados. Por meio desses clusters, é possível identificar, por exemplo, domínios referentes aos principais desafios ao enfrentamento da Covid-19, listados no boletim.O OctiO Observatório de Ciência, Tecnologia e Inovação desenvolvido pelo CGEE busca monitorar as tendências globais nessas três áreas, acompanhando e antecipando o desenvolvimento de temas estratégicos. Assim, visa a subsidiar tomadas de decisão governamentais na formulação de iniciativas nesses campos. O Octi utiliza serviços de inteligência estratégica e antecipatória para fornecer informações de qualidade, de forma contínua, ao Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI).Para conferir o boletim, acesse este link.Fonte: CGEE
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Ter, 07 Jul 2020 20:14:00 -0300
CNPq, MCTI e Saúde divulgam resultado final de apoio a pesquisas em Covid-19
Ao todo, são 90 projetos contemplados, somando um total de R$ 45 milhões em investimentos. Os projetos abrangem todas as regiões do país. O resultado foi divulgado em live, nesta terça-feira.O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovações (MCTI) e o Ministério da Saúde divulgaram nesta terça-feira, 7, o resultado final da chamada de apoio a pesquisas em COVID-19. Ao todo, foram 90 projetos de pesquisas classificados dentro dos limites orçamentários, totalizando cerca de R$ 45 milhões. São R$ 25,5 milhões do MCTI (21 propostas) e R$ 19,9 milhões do Ministério da Saúde (69 propostas).
A Chamada MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020 - Pesquisas para enfrentamento da COVID-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves, lançada em abril deste ano, previa a seleção de propostas em temas como tratamento, vacinas, diagnósticos, patogênese e história natural da doença, carga da doença, atenção à saúde e prevenção e controle. O CNPq recebeu 2.219 propostas de todas as unidades da Federação.
O processo de julgamento das propostas envolveu quatro etapas, detalhadas na Chamada, e coordenadas pelo CNPq: análise do cumprimento dos critérios de elegibilidade; avaliação individual de cada projeto, realizada por cerca de 1000 consultores ad hoc; avaliação contextualizada dos projetos, considerando, por exemplo, a adequação às linhas da chamada e seus objetivos propostos; Relevância sócio-sanitária, envolvendo os projetos que tiveram nota acima de 6 pelo Comitê de Mérito. Além disso, após a divulgação do resultado preliminar, foram julgados 400 recursos recebidos. O resultado final manteve a lista preliminarmente divulgada.
Conheça alguns números das propostas aprovadas:
Propostas por Região
Norte: 4
Nordeste: 16
Centro-Oeste: 11
Sudeste: 48
Sul: 11
Número de propostas por linha prevista na chamada
Tratamento - 3
Vacinas - 8
Diagnóstico - 7
Patogênese e História natural da doença - 10
Carga da doença - 7
Atenção à saúde - 17
Prevenção e controle - 38
Propostas por gênero (proponente)
Mulheres - 51
Homens - 39
Veja aqui a lista completa dos projetos contemplados.
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Qua, 17 Jun 2020 11:12:00 -0300
Fármaco para câncer acelera recuperação de casos graves de Covid-19
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) coordenado por bolsista do CNPq, desenvolvem medicamento para tratar câncer que acelera a recuperação de casos graves do novo coronavírus. O artigo foi publicado no repositório Social Science Research Network, ainda sem revisão por pares.Um medicamento desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para estimular o sistema imune a combater o câncer - ainda em fase de testes clínicos - pode se tornar uma arma importante contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2).
Em testes feitos com cinco pacientes que desenvolveram a forma grave da COVID-19 enquanto lutavam contra tumores na bexiga, a associação do imunoterápico com antibióticos e corticoides amenizou a resposta inflamatória desregulada no pulmão e reduziu o tempo médio de internação de 18 para 10 dias, sem a necessidade de intubação.
O caso mais emblemático foi o de um paciente de 78 anos, que contraiu a infecção durante um cruzeiro pela costa brasileira e foi tratado no Hospital Municipal de Paulínia, cidade próxima a Campinas. Os detalhes foram descritos em artigo publicado no repositório Social Science Research Network, ainda sem revisão por pares. A pesquisa é apoiada pela FAPESP. O artigo foi assinado por 12 pesquisadores, entre eles, três bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Wagner José Fávaro, Rodrigo Ramos Catharino e Anderson Rezende Rocha.
"Esse paciente chegou ao hospital com 50% do pulmão comprometido, febre de 38,3o C, dor de cabeça, falta de apetite, dificuldade para respirar e nível de oxigenação no sangue abaixo do normal [87%, quando deveria estar acima de 94%], conta Wagner José Fávaro, bolsista PQ do CNPq, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do estudo.
A despeito da recomendação médica, o paciente resistiu à ideia de "ir para o tubo", conta o pesquisador. Tabagista de longa data e portador de várias doenças crônicas, temia não sair vivo da ventilação mecânica. "Após conversar com a família, decidimos fazer apenas a suplementação de oxigênio por cateter intranasal e administrar o imunoterápico associado aos antibióticos e corticoides do protocolo padrão do hospital. Após 72h de internação, os marcadores inflamatórios no sangue tinham diminuído significativamente, a saturação de oxigênio estava em 95%, a coriza havia diminuído e a febre, sumido. No sétimo dia, já sem o cateter intranasal, o nível de oxigênio no sangue atingiu 98%. No décimo dia ele teve alta."
O exame de tomografia feito antes da alta hospitalar revelou que as lesões pulmonares tinham cicatrizado e, no teste sorológico, foi detectada a presença de anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G), que são específicos contra o SARS-CoV-2 e conferem imunidade duradoura, até onde se sabe.
Resultados semelhantes foram observados em outros quatro pacientes submetidos à imunoterapia, todos portadores de câncer de bexiga e outras doenças crônicas e com idade superior a 65 anos. "O que chama a atenção é que indivíduos nessas condições tendem a piorar nos primeiros dias de internação por COVID-19. Mas todos que tratamos com esse protocolo - que consiste em administrar antibióticos e corticoides durante seis dias e o imunoterápico por duas semanas -apresentaram sinais de melhora desde o início", afirma Fávaro.
Mecanismo de ação
Patenteado pela Unicamp com o nome "OncoTherad", o imunoterápico começou a ser desenvolvido há cerca de 13 anos com o objetivo de estimular o sistema imune a combater doenças infecciosas e tumores. "Trata-se de uma nanopartícula totalmente sintética capaz de induzir no organismo uma resposta imune de células T, ou seja, de ativar determinados tipos de linfócitos que produzem uma proteína chamada interferon [IFN], importante tanto para combater o câncer como também alguns vírus e bactérias", explica Fávaro.
A segurança do fármaco já foi comprovada na primeira etapa de testes clínicos. Atualmente, os pesquisadores buscam confirmar sua eficácia contra o câncer de bexiga avançado. "O estudo começou com 30 pacientes (19 homens e 11 mulheres) que já tinham sido submetidos sem sucesso aos tratamentos disponíveis no mercado. Mas temos recebido muitos pedidos de inclusão de novos participantes. Há poucas opções terapêuticas para esse tipo de tumor", diz o pesquisador.
Todos os integrantes do estudo tinham indicação para a remoção cirúrgica da bexiga e, após o tratamento com o imunoterápico, iniciado há dois anos, quase 80% ficaram livres do tumor. "Nos demais, a doença voltou com menor agressividade, o que permitiu a retirada localizada da lesão", conta o pesquisador.
Quando veio a pandemia, o grupo da Unicamp observou que alguns dos voluntários do ensaio clínico mantiveram contato próximo com pessoas infectadas pelo novo coronavírus. E, embora todos integrem o grupo de risco da COVID-19, nenhum apresentou sintomas da infecção. "Teve participante que mesmo com o PCR [teste que detecta o RNA do vírus no sangue] positivo permaneceu totalmente assintomático", conta Fávaro.
A suspeita de que o imunoterápico poderia reduzir a agressividade da infecção pelo SARS-CoV-2 começou a ganhar corpo entre os pesquisadores da Unicamp quando grupos internacionais divulgaram evidências de que o vírus era capaz de inibir no organismo humano a resposta de células T, conta Fávaro.
"Ao que parece, quando as células do pulmão são infectadas pelo novo coronavírus tem início uma tempestade de citocinas [proteínas com ação pró-inflamatória secretadas por células de defesa] que inibe a ação das células T produtoras de interferon. E o OncoTherad é justamente um ativador da produção de interferon", explica.
Segundo o pesquisador, a falta de um modelo animal adequado para o estudo da COVID-19 tem dificultado a prova de conceito. Ratos, camundongos e outros animais usados nesse tipo de experimento não se infectam naturalmente pelo SARS-CoV-2. Existe apenas um modelo importado de roedor modificado geneticamente para expressar a enzima ACE2 humana - molécula à qual o vírus se liga para invadir as células.
Alterações metabólicas
Para entender por que os pacientes tratados com o OncoTherad se recuperaram mais rapidamente do que a média dos casos graves de COVID-19, pesquisadores do Laboratório Innovare de Biomarcadores, sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, analisaram amostras de sangue e compararam o conjunto de metabólitos (diversos produtos de processos metabólicos que estão ativos, principalmente lipídios e ácidos orgânicos) presentes no fluido antes e depois da imunoterapia.
As amostras foram analisadas por um espectrômetro de massas, aparelho capaz de identificar substâncias em fluidos biológicos de acordo com o peso molecular de cada uma. A interpretação dos resultados contou com auxílio de técnicas de inteligência artificial. Essa parte da pesquisa foi conduzida pela doutoranda Jeany Delafiori, com apoio da FAPESP e orientação do professor e bolsista do CNPq, Rodrigo Ramos Catharino.
"O que já sabemos é que a infecção causa um estresse oxidativo muito forte no organismo. Nas amostras de sangue coletadas antes do tratamento observamos muitas moléculas oxidadas e muitas moléculas associadas à inflamação, o que corrobora a existência de uma tempestade inflamatória", diz Catharino.
Já nas amostras coletadas após o tratamento o conjunto de metabólitos era mais parecido com o existente no sangue de um indivíduo saudável. "No futuro, talvez seja possível usar esse padrão de metabólitos ¿sadio¿ para determinar a recuperação do paciente", avalia o pesquisador.
Além de incluir mais pacientes no estudo para melhor compreender o mecanismo de ação da imunoterapia na COVID-19, o grupo de Catharino pretende comparar amostras de pacientes que se recuperaram da doença sem receber o OncoTherad e ver se há diferenças.
Made in Brazil
Caso novos estudos confirmem o potencial do imunoterápico de acelerar a recuperação dos casos graves de COVID-19, os benefícios para o Sistema Único de Saúde (SUS) serão imensos, avalia Fávaro. "Os custos com internação em Unidade de Terapia Intensiva [UTI] diminuiriam significativamente e, na medida em que se reduz a necessidade de ventilação mecânica, amplia-se o número de pacientes graves que podem ser tratados com sucesso", afirma.
Para isso, segundo o pesquisador, o ideal seria iniciar o tratamento no momento em que o nível de oxigênio no sangue ficar abaixo de 94% e o paciente começar a sentir dificuldade para respirar ou cansaço. "Estamos acrescentando o uso contra COVID-19 na patente, que é fruto de ciência 100% brasileira, financiada com recursos públicos. Caso o medicamento seja aprovado nas últimas fases do ensaio clínico, a patente será licenciada para uma empresa farmacêutica, que deverá fornecê-lo gratuitamente para pacientes do SUS", diz Fávaro.
Antes disso, porém, será necessário ampliar os estudos clínicos para outros pacientes com quadros moderados ou graves de COVID-19, independentemente de serem pacientes oncológicos. Um estudo com 140 participantes está tramitando na Comissão de Ética em Pesquisa (Conep) para uso da imunoterapia OncoTherad associada ao tratamento clínico padrão no Hospital Municipal de Paulínia. O estudo tem duração prevista de um ano.
O artigo A 78-Year Old Urothelial Cancer Patient with Faster Recovery from COVID-19:
Potential Benefit from Adjuvant Active Immunotherapy pode ser lido em:https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3609259
Fonte: Agencia Fapesp - Karina Toledo
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Sex, 05 Jun 2020 16:48:00 -0300
Bolsista do CNPq coordena estudo estratégico para combater a COVID-19
Pesquisadores das Faculdades de Medicina e de Odontologia de Ribeirão Preto (USP), coordenados por bolsista PQ do CNPq, estão desenvolvendo uma estratégia para combater a COVID-19 baseada em edição gênica, por meio de ferramentas de biologia molecular e de bioinformática.Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP estão desenvolvendo uma estratégia para combater a covid-19 baseada em edição gênica.
Por meio de ferramentas de biologia molecular e de bioinformática eles criaram um sistema para simular mutações pontuais no gene que codifica a proteína ACE2 - à qual o vírus SARS-CoV-2 se liga para entrar nas células humanas. O objetivo é desestabilizar a interação entre o vírus e as células para impedir a infecção.
Desenvolvido no âmbito de um projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o modelo foi descrito em um artigo publicado na plataforma Preprints, ainda sem revisão por pares.
"O sistema possibilita simular a inserção de mutações específicas na região do gene ACE2 que codifica a parte da proteína que adere ao vírus, sem prejudicar as funções fisiológicas da molécula", diz à Agência Fapesp Geraldo Aleixo Passos, bolsista PQ do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor da FORP e da FMRP e coordenador do projeto. O artigo foi assinado por 15 pesquisadores, incluindo outros 4 bolsistas do CNPq. Natane de Araujo, Max Jordan, Romário de Sousa e Eduardo Antônio.
Uma das principais funções do gene ACE2 é expressar o RNA mensageiro que orienta a produção da enzima conversora da angiotensina 2 - molécula essencial para o controle da pressão arterial.
Por isso, medicamentos candidatos a combater a covid-19 pela inibição desse gene reduziriam em tese a entrada do SARS-CoV-2 nas células, mas poderiam causar, como efeito colateral, aumento da pressão arterial, pondera Passos.
"A edição gênica representa uma estratégia mais interessante para interferir na ACE2 porque permite modificar apenas a região da proteína que interage com o novo coronavírus, mantendo intacta a atividade biológica de conversão da angiotensina 2", avalia o pesquisador.
Por meio de estudos das características estruturais, os pesquisadores analisaram a proteína de superfície do SARS-CoV-2 - chamada spike - e da região da ACE2 que adere ao vírus e permite a sua entrada nas células - a alfa-hélice N-terminal - e identificaram resíduos de aminoácidos que funcionam como pontos de contato entre o novo coronavírus e a ACE2.
"Podem existir outras regiões da ACE2 que interagem com o SARS-CoV-2, mas atacamos a que é mais conhecida", explica Passos.
Com base no sistema CRISPR/Cas9 - ferramenta molecular que permite inserir ou deletar nucleotídeos (blocos de construção do material genético) e até genes inteiros no genoma -, foram alterados os códons (trincas de nucleotídeos no DNA) dos resíduos de aminoácidos da alfa-hélice N-terminal da ACE2 envolvidos na ligação com o novo coronavírus. As alterações permitiram substituir aminoácidos críticos por outro, chamado alanina (Ala).
Os resultados das análises de predição indicaram que essas mudanças (mutações pontuais) por edição gênica desestabilizaram a interação entre a alfa-hélice N-terminal da ACE2 e a proteína spike do SARS-CoV-2, sem interferir no centro ativo da proteína, mantido intacto.
"Comprovamos em ensaios de bioinformática que a edição gênica é uma estratégia promissora para combater o novo coronavírus", afirma Passos.
Os pesquisadores estão buscando agora se associar com grupos de virologia para a realização de ensaios in vitro.
Os pós-graduandos participantes do estudo produziram um vídeo explicativo sobre a pesquisa que foi um dos vencedores de um concurso promovido pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP para premiar os melhores curtas sobre pesquisas relacionadas à covid-19 produzidos por estudantes de mestrado e doutorado da Universidade.
O artigo A Crispr-Cas9 system designed to introduce point mutations into the human ACE2 gene to weaken the interaction of the ACE2 receptor with the SARS-CoV-2 S protein (DOI: 10.20944/preprints202005.0134.v1), de Tanaka, P.; Santos, J.; Oliveira, E.; Miglioli, N.; Assis, A.; Monteleone-Cassiano, A.; Ribeiro, V.; Duarte, M.; Machado, M.; Mascarenhas, R.; Souza, A.; Brito, L.; Oliveira, L.; Donadi, E.; e Passos, G., pode ser lido em www.preprints.org/manuscript/202005.0134/v1.
Fonte: Agência FAPESP
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Sex, 29 Mai 2020 18:16:00 -0300
As gestantes, os recém-nascidos e a COVID-19
Diante das complicações, incluindo mortalidade, causadas por outros coronavírus e pelo vírus da influenza em gestantes e puérperas, mulheres que tiveram filhos há pouco tempo, o Ministério da Saúde recomenda uma atenção especial a este grupo na prevenção e tratamento da COVID-19.Diante das complicações, incluindo mortalidade, causadas por outros coronavírus e pelo vírus da influenza em gestantes e puérperas, mulheres que tiveram filhos há pouco tempo, o Ministério da Saúde recomenda uma atenção especial a este grupo na prevenção e tratamento da COVID-19. Para saber mais sobre o assunto, a equipe de COVID-19 DivulgAÇÃO Científica, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), conversou com Manoella do Monte Alves , médica e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e com Esaú Custódio João Filho , infectologista no Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro.
Ainda não há, segundo o Ministério da Saúde, nenhum caso comprovado de crianças nascidas com má formação congênita por causa do COVID-19. A professora Manoella Alves esclarece que as gestantes sempre serão um grupo especial, assim como as crianças recém nascidas, as puérperas, os idosos e os imunossuprimidos em geral. Sempre quando surge uma doença nova, existe um medo de que esses grupos, em especial, incluindo as gestantes, possam desenvolver doenças mais graves. "É claro que se for recém-nascido com alguma doença que tenha comprometimento maior pulmonar, como a cardiopatia ou até uma doença pulmonar mesmo, congênita, com certeza, se ele adquirir uma pneumonia por coronavírus, vai tender a ser mais grave, mas não pelo fato em si de ser um recém-nascido, mas sim por ter essa comorbidade", afirma Manoella.
Apesar dos cientistas já terem detectado a presença do novo coronavírus na placenta de gestantes com COVID-19, por enquanto não há evidências científicas sobre a transmissão da doença para o bebê ainda no útero. "Até hoje não está bem provado se existe transmissão vertical, que é aquela da mãe para o feto, intra-útero, ou no momento do parto. Tem alguns poucos casos descritos, mas que ainda não são bem definidos", explica o infectologista Esaú Filho.
Em questão do tipo de parto para uma gestante com COVID-19, a professora Manoella explica que quem deve fazer a indicação é o obstetra. "Dependendo da indicação, não existe o maior risco se for normal ou cesárea", conclui.
Esaú Filho alerta para os cuidados que as mães com COVID-19 devem ter com os filhos recém-nascidos "A paciente deve usar máscara durante o período de quarentena. Ter muito cuidado em relação ao toque com a criança, estar sempre com a higienização das mãos, evitar beijar, ficar muito próximo", explicou.
Quanto à transmissão pelo leite materno, Manoella, aparentemente, não há risco e as mulheres devem, sim, amamentar os filhos recém-nascidos. "Ainda existe a possibilidade de retirar o leite materno e dar em separado para essa criança", lembra a professora. Para esse procedimento, é importante o alerta dado pelo infectologista Esaú, que aponta a importância da higienização, também, da bomba, caso ela seja usada, antes e após a retirada do leite.
Máscaras em crianças
Outro fator de preocupação entre mães é o uso de máscara em crianças pequenas. Sobre o assunto, Manoella explica que só podem ser usadas em crianças maiores de dois anos de idade e que o ideal é que o recém-nascido fique em casa. Segundo ela, dentro de casa, onde há janelas que recebem luz do sol, o bebê pode ficar em segurança.
Quando houver necessidade de saída para acompanhamento médico, por exemplo, o ideal, segundo a professora, é que, se a mãe puder, use transporte com poucas pessoas, preferencialmente, só ela. "E esse trajeto da criança até o local de atendimento deve ser feito da maneira mais breve possível", finaliza.
Confira o vídeo completo da entrevista em: https://www.youtube.com/watch?v=qXg-3NOoY_0&t=1s
O COVID19 DivulgAÇÃO Científica é uma iniciativa do Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), sediado na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os canais da iniciativa são:
Facebook: facebook.com/coronavirusdc
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Ter, 12 Mai 2020 16:31:00 -0300
Bolsistas do CNPq criam modelo de previsão da evolução da Covid-19
O trabalho é baseado em modelo epidemiológico que lida com a pandemia introduzindo casos não reportados na modelagem e avalia as consequências das intervenções de saúde pública.Os professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e bolsistas de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carolina Naveira-Cotta e Renato Cotta, e o especialista em simulação de epidemias, professor Pierre Magal, da Universidade de Bordeaux, França, desenvolveram um modelo matemático que permite traçar previsões para o número de casos da Covid-19, reportados e não reportados, bem como o pico da pandemia em cenários com diferentes medidas de saúde pública. Desenvolvido com apoio da Marinha do Brasil, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o estudo foi publicado no site MedXriv, no final de março, e será publicado em um número especial da revista Biology, neste mês de maio.
Por solicitação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), os professores da Coppe têm fornecido simulações demandadas para diferentes cenários e regiões do país. O artigo chamou a atenção da Agência, que já havia formado um grupo de trabalho interdisciplinar para avaliar diferentes ferramentas de simulação da evolução da Covid.
O trabalho é baseado em modelo epidemiológico que lida com a pandemia introduzindo casos não reportados na modelagem e avalia as consequências das intervenções de saúde pública. "Os casos reportados são apenas uma fração do número total de indivíduos com os sintomas. É preciso considerar também os casos não reportados. Usamos como referência o modelo já utilizado em previsões relacionadas a outras doenças/epidemias, como casos recentes de epidemias de influenza (gripes), cujo número de infectados não reportados é grande, assim como no caso da Covid-19", explicou Carolina Naveira-Cotta.
Segundo a professora da Coppe, a intenção desse estudo é suprir, com uma ferramenta complementar, àquelas já empregadas pelos órgãos responsáveis pelo controle da epidemia, seja regional ou nacionalmente.
Os dados disponíveis acerca dos casos confirmados no Brasil, entre 25 de fevereiro e 29 de março, foram usados para estimar parâmetros e prever a evolução da epidemia. Os pesquisadores utilizaram 25/2, data do primeiro caso reportado no país, como marco temporal para prever o pico da doença no país. Em seguida, simularam as intervenções de saúde pública, tanto para o controle da taxa de transmissão do vírus quanto para a fração do número total de indivíduos reportados com os sintomas.
Até a data de fechamento do estudo, os autores traçaram cinco cenários hipotéticos com medidas de saúde pública para controle da doença no Brasil. "Os cenários estudados incluem variações em parâmetros que resultam de fatores como distanciamento social, hábitos de higiene e proteção individual, intensificação de testes para isolamento de infectados, e outras medidas de reorganização social. A sensibilidade do modelo a esses parâmetros foi então avaliada por meio de cinco cenários: 1º) manter-se as medidas de contenção e mitigação no nível atual; 2º) intensificar progressivamente o distanciamento social; 3º) reduzir progressivamente o distanciamento social; 4º) intensificar o isolamento de infectados pela testagem mais numerosa da população; 5º) combinar a testagem ampliada com a intensificação do distanciamento social", explica a professora da Coppe.
Sobre o modelo e sua confiabilidade
De acordo com o artigo assinado pelos pesquisadores, intitulado Parametric identification and public health measures influence on the COVID-19 epidemic evolution in Brazil, cada país ou região requer uma combinação específica de medidas, devido à distribuição espacial de sua população, estrutura etária, capacidade do sistema de saúde e características socioeconômicas. "Essas especificidades exigem um modelo matemático que permita, com urgência e agilidade, simular as intervenções possíveis para controle da epidemia", destacou a professora da Coppe.
Os autores aperfeiçoaram um modelo epidemiológico chamado SIRU para traçar prognósticos do avanço da Covid-19 no Brasil, analisar a efetividade das medidas de saúde pública e simular o controle da doença. SIRU é o acrônimo para indivíduos suscetíveis (S), infectados assintomáticos (I), infectados sintomáticos reportados (R), e infectados sintomáticos não reportados (U).
O novo coronavírus, SARS-CoV2, causou os primeiros casos de contaminação humana no final de 2019, em Wuhan, na China, e no dia 11 de março, a Covid-19 foi considerada uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os países e cidades atingidos implementaram uma série de medidas para conter o avanço da doença, incluindo distanciamento social, quarentena, e testes em massa. A China, por ser a origem do vírus, oferece as séries de dados mais longas tanto em relação ao avanço da doença, quanto em relação aos efeitos das intervenções de saúde pública.
Carolina Naveira-Cotta, Renato Cotta e Pierre Magal utilizaram os dados chineses, cuja epidemia estava na fase final de sua evolução para "treinar" o modelo. "Usamos 1/3 dos dados disponíveis da China para estimar os parâmetros do modelo e depois os para fazer a previsão dos outros 2/3 dos dados. Ao compararmos a nossa previsão com esses 2/3 restantes observamos uma excelente concordância do modelo com os dados reais da China. Isso foi bastante animador e por isso passamos para a análise dos dados do Brasil. Cerca de 30 dias depois de termos realizado as estimativas, obtinha-se ainda uma boa concordância com os dados de casos reportados fornecidos diariamente pelo Ministério da Saúde, como no exemplo da China, com um desvio médio inferior a 5%. Esse modelo só precisou ser reestimado a partir do final de abril, com a intensificação da testagem no país, em cenário de intervenção em saúde pública anteriormente previsto pelo modelo no estudo original", avalia a professora do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe.
"Nossa ideia inicial não foi disponibilizar a ferramenta ao público porque para isso teríamos o desafio de criar uma interface amigável em um espaço de tempo muito curto, mas voluntariamente oferecemos o nosso conhecimento para implementar quaisquer cenários planejados pelos órgãos responsáveis. Continuamos à disposição para colaborar e mais recentemente fomos contatados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde", complementa Carolina Naveira-Cotta.
Os professores da Coppe fizeram contato com diferentes colaboradores, dentro e fora da UFRJ, para colher críticas e sugestões, estimular iniciativas similares e oferecer melhoramentos e comparações, visando reforçar a confiança no uso dessas simulações pelos gestores em diferentes níveis.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Coppe
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Qui, 07 Mai 2020 20:18:00 -0300
Remédios para a COVID-19: quais são os desafios?
Para entender o processo de desenvolvimento de medicamentos, a equipe do COVID-19 Divulgação Científica entrevistou o pesquisador Eliezer Barreiro, bolsista PQ do CNPq. Coordenador do INCT-INOFAR, apoiado pelo CNPq, ele esclareceu sobre a necessidade de trabalho extenso de pesquisas com profissionais de diferentes áreas da ciência.Com o aumento dos casos do novo coronavírus, cresce, também, a expectativa em torno de medicamentos para ajudar no enfrentamento da pandemia. Por ser um vírus novo, a busca por um tratamento confiável precisa de rigorosos estudos, tanto para avaliar a eficácia de medicamentos já existentes, quanto para produzir uma nova substância que atue de forma segura e favorável. Para entender o processo de desenvolvimento de medicamentos, a equipe do COVID-19 Divulgação Científica entrevistou Eliezer Barreiro, bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Coordenador do Instituto Nacional de Fármacos e Medicamentos (INCT-INOFAR), projeto apoiado pelo CNPq, Eliezer Barreiro esclarece que, para que os remédios cheguem até as prateleiras das farmácias, é necessário um trabalho extenso de pesquisas com profissionais de diferentes áreas da ciência. "Este processo é basicamente multidisciplinar. E, por incrível que pareça, ele tem um componente híbrido de disciplinas das ciências biológicas, da saúde e disciplinas das ciências exatas. Esse processo, para um efeito que não seja acelerado vai de 6, 8 a 10 anos", afirma.
O pesquisador explica que a etapa mais longa e custosa do processo de desenvolvimento de um medicamento é a de testes clínicos, a fase de segurança efetiva, realizada em humanos. E completa: "esses ensaios clínicos costumam ser validados com um número de pacientes adequados, um número de pessoas sadias e, também, significativo, representativo de gênero, idade, etc, para que você tenha uma distribuição de amostras bastante significativa".
Além disso, Eliezer afirma que, muitas vezes, o medicamento que se mostra eficaz nos testes em laboratório não apresenta os mesmos resultados em humanos. "Você tem que, em 99% das vezes, fazer ensaio em animais de laboratório antes de ir para os humanos. Mas o que funcionou no animal pode não funcionar no homem, pois a capacidade de absorção, metabolização e distribuição é diferente", explica.
O pesquisador cita que o desafio para os pesquisadores é calcular uma dosagem do remédio que seja, ao mesmo tempo, eficiente e segura para as pessoas. "Um idoso como eu é diferente, em termos da sua capacidade de metabolização pelo fígado, de um adulto sadio. A gestante é diferente da não gestante. Então, nós temos uma variabilidade que faz com que os estudos sejam, necessariamente, feitos com muito rigor", aponta Eliezer.
Segundo ele, uma aliada do desenvolvimento de novos medicamentos é a informática. Um estudo do INCT coordenado por Eliezer, por exemplo, usa um programa de computador para identificar moléculas que têm potencial para serem utilizadas como fármacos contra o novo coronavírus. Eliezer explica que o grupo tem mais de 2.300 moléculas obtidas em projetos visando fármacos e que, com estudos computacionais, a partir de alvos já descritos nos bancos de dados de proteína, isolados e caracterizados da COVID, buscam identificar moléculas que interfiram na evolução do ciclo do vírus. "Para cada uma dessas moléculas, nós temos amostras físicas para fazer os ensaios que possam ser feitos in vitro para validar os resultados computacionais", conclui.
Confira o vídeo completo da entrevista do pesquisador Eliezer Barreiro em: https://www.youtube.com/watch?v=mBQQ3ZmdlvA&t=24s
O COVID19 DivulgAÇÃO Científica é uma iniciativa do Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), sediado na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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Seg, 04 Mai 2020 18:18:00 -0300
Covid-19: Rede Clima estuda impactos na saúde e economia
Resultado de pesquisas coordenadas por bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq vai auxiliar na tomada de decisões para políticas públicas. A Rede Clima foi criada em 2007 pelo MCTIC para desenvolver pesquisas na área de mudanças climáticas.O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) segue atuando em diferentes linhas de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). Centenas de pesquisadores espalhados pelo país realizam seus estudos, financiados pelo ministério, com o objetivo, não apenas de encontrar a cura, mas também de frear e diminuir os danos em diversas áreas causados pela doença no mundo inteiro. Uma dessas frentes de combate é a Rede Clima MCTIC, que por meio de suas sub-redes, Saúde e Economia, estão produzindo um estudo sobre os principais impactos do Covid-19 em suas áreas. A intenção é que o resultado dessas pesquisas possa auxiliar na tomada de decisões para políticas públicas.
Coordenada pelo bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Moacyr Araújo (UFPE), a Rede Clima foi criada em 2007 para desenvolver pesquisas na área de mudanças climáticas.
A equipe responsável pelo estudo no setor da saúde trabalha desde meados de abril para coletar dados públicos, referentes ao Covid-19. A ideia é estruturar um banco de dados com informações totais por estado brasileiro disponibilizando conteúdo específico por faixa etária, comorbidades por Covid-19, número de leitos disponíveis, testes realizados, número de hospitalizados e óbitos. Também serão feitas projeções dos cenários de progressão do coronavírus e avaliação dos possíveis impactos à saúde no Brasil como, por exemplo, a previsão de picos máximos de casos e mortes ao longo das próximas semanas e o comportamento de uma segunda onda de expansão do Covid-19. No momento, essas projeções estão em desenvolvimento.
"A rápida resposta às solicitações do MCTIC foi possível devido ao comprometimento da Rede Clima com o desenvolvimento de inovações na área de Ciência e Tecnologia e da Fiocruz no atendimento das prioridades do governo federal em relação a pandemia do Covid-19", afirmou a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública ENSP/Fiocruz, Sandra Hacon que é a coordenadora da sub-rede Saúde e também bolsista PQ do CNPq.
Sub-rede Economia
A interdependência setorial e regional dos impactos econômicos através de um modelo interestadual de insumo-produto para o Brasil é a linha da pesquisa na área de economia. O modelo econômico do estudo já foi escolhido e agora a equipe está estimando os custos diários para diversos cenários de isolamento. O objetivo do estudo é calcular e mapear os impactos econômicos de medidas de prevenção relacionadas à pandemia do coronavírus. Desta forma, será possível avaliar os setores e regiões do país mais vulneráveis. Isso será importante para avaliar cenários de flexibilização das medidas de controle, tão logo os órgãos da saúde definam a data e os locais que poderão voltar às atividades. As principais perguntas a serem respondidas são: Quais os custos econômicos diários de cenários de isolamento e distanciamento social? Quais os setores de atividade mais vulneráveis economicamente? Quais os estados e regiões mais vulneráveis economicamente?
O coordenador da sub-rede Economia, Eduardo Haddad, que é pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e bolsista PQ do CNPq, explica que a principal variável de ligação entre o modelo econômico e os cenários epidemiológicos é o grau de isolamento social em cada região. Se por um lado um maior grau de isolamento impõe custos econômicos com a interrupção parcial de algumas atividades, por outro achata a curva de contaminação e salva vidas. "Em nossa modelagem, levaremos em conta todos estes aspectos, bem como os efeitos sobre o sistema de saúde", adianta.
Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores farão uma avaliação dos impactos econômicos das políticas de natureza compensatória que se colocam. Como por exemplo, políticas de transferência de renda a trabalhadores informais e medidas de auxílio do governo federal aos estados.
A equipe de pesquisadores também fará análises dos custos de diferentes estratégias de isolamento e distanciamento social. Haddad exemplifica a metodologia da pesquisa com os dados do dia 13 de abril (Fonte: Inloco) em que o índice de isolamento variou bastante entre os estados (de 35% da população no Tocantins, a 56% no DF) o custo estimado de perda de PIB nacional foi de cerca de R$13 bilhões o que equivale a 0,21% do PIB nacional em 2019, ano pré-crise. Em termos regionais, Roraima teria sido o estado relativamente menos afetado naquele dia (-0,14% do PIB estadual) e Pernambuco o mais afetado (-0,23%).
A terceira e última etapa dos estudos consiste na projeção dos impactos de longo prazo na economia brasileira (mercado de trabalho, produtividade, perda de renda, desemprego, capacidade produtiva, investimento público e privado), para posterior identificação de políticas públicas para recuperação socioeconômica da pandemia no longo prazo.
Segundo Haddad, a principal dificuldade no desenvolvimento deste trabalho está ligada à luta contra o tempo. "Temos que trabalhar dentro dos limites do possível, com as ferramentas que dispomos, adaptando-as de forma criativa. Felizmente, há um estoque de conhecimento acumulado nos últimos anos que nos dá segurança para encarar da melhor maneira os desafios que nos foram apresentados", finalizou.
Rede Clima MCTICA Rede foi acionada pela excelência de suas instituições e pesquisadores, além da experiência em modelagem integrada e capacidade de rápida resposta. "A manutenção de um corpo de cientistas atualizados e ativos é absolutamente necessária para qualquer nação, e a Rede Clima é um exemplo de sucesso dessa estratégia em nosso país", afirmou o pesquisador Moacyr Araújo (UFPE), coordenador da Rede.
O pacote de prioridades anunciado pelo Ministério inclui: a criação da Rede Vírus; uma Chamada Pública em parceria com o Ministério da Saúde lançada pelo CNPq; e um conjunto de encomendas de pesquisas para grupos com reconhecida competência em áreas científicas relacionadas com o combate à pandemia.Fonte: ASCOM/MCTIC
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Sex, 24 Abr 2020 18:55:00 -0300
Cães e gatos na pandemia da COVID-19
É possível que cães e gatos transmitam o novo coroanvírus para o ser humano? Segundo o Professor João Pessoa Araújo Jr, bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ainda não há comprovação dessa forma de contágio.É possível que cães e gatos transmitam o novo coroanvírus para o ser humano? Segundo o Professor João Pessoa Araújo Jr, bolsista de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ainda não há comprovação dessa forma de contágio.
Pesquisador da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Botucatu) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Virologia, João Pessoa esclarece que, segundo a Organização Mundial da Saúde Animal, não há nenhum caso ou evidência científica que comprove essa forma de contágio. Por outro lado, alguns estudos feitos em laboratório confirmam que tanto cães quanto gatos podem ser contaminados com o vírus. Porem, o vírus só é capaz de se replicar nos gatos.
Em entrevista à equipe do COVID19 DivulgAÇÃO Científica, o pesquisador explica que, mesmo comprovado cientificamente que o gato pode ter alguma replicação do vírus, não foi provada a transmissibilidade. E orienta: "se você foi diagnosticado com o coronavírus, o melhor a fazer é se afastar dos animais e evitar contatos como passar as mãos e ficar beijando".
Além disso, João Pessoa explica que a prevenção contra a COVID-19 inclui alguns cuidados específicos para quem possui cães e gatos em casa. O professor alerta sobre os cuidados ao retornar de passeios com os animais rua. "Como os cachorros têm o hábito de rolar no chão, correm o risco de entrar em contato com alguma secreção de algum infectado. Se perceber que os animais fizeram isso, é chegar e dar banho no seu cachorro", afirma. Caso contrário, segundo ele, é recomendado apenas lavar as patas com detergente, porque o sabão destrói o vírus ao romper a camada de gordura que o reveste.
Já com os gatos, que muitas vezes passeiam sozinhos pelas ruas, o professor alerta para evitar ao máximo que eles saiam de casa. "Se não tiver outra opção, é fazer a mesma coisa que fazem com os cachorros, a higienização com água e sabão". Para o professor, isso pode ser feito ao passar um pano com sabão nos pelos e nas patas.
João Pessoa alerta, ainda, para o uso do álcool em gel nos animais. "O álcool em gel é algo caro e pode irritar mais ainda a pele do animal. Então usar só em casos extremos, se você não tiver nenhum detergente, nenhum sabão, não tiver condições de fazer isso", pontuou.
Por fim, o professor aponta para a necessidade de uma especial atenção para este momento, em que os casos da COVID-19 estão aumentando. Segundo ele, o ideal é evitar sair com os animais, já que a probabilidade dos cães e gatos terem contato, no chão, com secreções de alguém contaminado é muito alta. Assim, o cuidado com a higienização deve ser redobrado.
O COVID19 DivulgAÇÃO Científica é uma iniciativa do Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), sediado na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Os canais da iniciativa são: Facebook (facebook.com/coronavirusdc), Twitter (twitter.com/Covid_19DC), Instagram https://www.instagram.com/covid_19dc/), YouTube (youtube.com/channel/UCmHB5LSPew9zZWDVUozJ14g) e site www.coronavirusdc.com.br
Confira o vídeo completo da entrevista do Prof. João Pessoa em: https://www.youtube.com/watch?v=LzWWp6zt28w
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Qua, 15 Abr 2020 09:26:00 -0300
INCT, Fiocruz e CNPq lançam iniciativa de divulgação científica sobre o Covid-19
O projeto COVID19 DivulgAção Científica vai abrir canais de comunicação direta com a população para, por meio de vídeos e outros conteúdos publicados nas redes sociais, dar subsídios para que os cidadãos tomem decisões informadas, contribuindo para o controle da disseminação do coronavírus.COVID19 DivulgAção Científica produzirá vídeos e artigos sobre a doença para as redes sociais.
Um dos grandes desafios da atual pandemia de Covid-19 é levar informações confiáveis ao público sobre a doença e como preveni-la. Com esse objetivo, o projeto COVID19 DivulgAção Científica vai abrir canais de comunicação direta com a população para, por meio de vídeos e outros conteúdos publicados nas redes sociais, dar subsídios para que os cidadãos tomem decisões informadas, contribuindo para o controle da disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
A iniciativa é coordenada pelo Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), sediado na Casa de Oswaldo Cruz (COC), e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Com a pandemia, as pessoas têm uma necessidade muito grande de se informar sobre o vírus e a doença, mas, por outro lado, há uma enxurrada de informações muitas vezes contraditórias e fake news", diz Luisa Massarani, coordenadora do INCT- CPCT e responsável pela iniciativa.
Nesta etapa do projeto, duas linhas de vídeos serão lançadas. "A primeira pretende dar visibilidade ao que os cientistas brasileiros têm feito para combater a pandemia. Outra linha será dedicada a temas controversos e que têm gerado dúvidas, como o uso de máscara e a da cloroquina", explica Luisa Massarani. Segundo a pesquisadora, pelo menos dois vídeos devem ser publicados a cada semana.
"É nosso objetivo, também, valorizar a importância da ciência internacional e especialmente a brasileira no enfrentamento da pandemia. Por isso, criamos esta iniciativa, que visa oferecer informações confiáveis às pessoas, de forma que elas possam tomar decisões bem informadas", ressaltou a pesquisadora, que também coordena o Programa de Pós-Graduação em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Também serão compartilhados links de notícias, artigos e outros materiais relevantes.
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Qui, 09 Abr 2020 17:10:00 -0300
INCT atua em pesquisas para diagnóstico e vacinas contra o Covid-19
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas, integrante de programa apoiado pelo CNPq e MCTIC, trabalha em duas frentes: diagnóstico e desenvolvimento da plataforma de uma vacina contra o coronavírus. A pesquisa conta, também, com apoio da FAPEMIG.Laboratório associado a um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) está atuando em ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19. É o Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCT-V), com sede no Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR/Fiocruz), em Belo Horizonte (MG).
O INCT é um programa coordenado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC), que reúne, em rede, diversas instituições de pesquisa e ensino para o desenvolvimento, em cooperação, de estudos em temas estratégicos para o país.
De acordo com o coordenador do INCT-V, Ricardo Gazzinelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisador sênior do Centro de Pesquisas René Rachou e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, a equipe mudou radicalmente sua rotina para enfrentar essa ameaça. Grande parte dos pesquisadores foram reajustados para trabalhar em duas frentes: diagnóstico e desenvolvimento da plataforma de uma vacina contra o coronavírus.
As ações estão reunidas no projeto Desenvolvimento de testes de diagnóstico molecular e sorológico para Covid-19, que conta,além do apoio do CNPq e MCTIC por meio do INCT, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Gazzinelli coordena o estudo, que trabalha com várias plataformas de vacinas.
Uma delas utiliza o vírus da influenza como um vetor vacinal. Segundo o pesquisador, nesta técnica estabelecida pelo pesquisador da Fiocruz-Minas Alexandre Machado, o vírus usado é atenuado, ou seja, não replica a doença, mas induz a resposta imunológica. "Como a influenza e o Coronavírus infectam as mesmas células e tecidos, achamos que essa pode ser uma vacina eficiente", explica. O grupo está construindo este vírus da influenza expressando a proteína de superfície do coronavírus-2 (CoV-2). "A ideia é usá-la como uma vacina ambivalente, servindo contra a influenza e contra o CoV-2".
LONGO CAMINHO
O coordenador lembra, entretanto, que o desenvolvimento de uma vacina não é tão rápido como se gostaria. "Normalmente, o processo demora um ano a dois anos e meio, mesmo em tempos de urgências, como o que estamos vivendo".
Será preciso aguardar para a obtenção de uma vacina contra o CoV-2, por outro lado os testes se encontram a todo vapor no CT-Vacinas. Liderado por professores da UFMG, o grupo do INCT-V conseguiu rapidamente estabelecer o teste molecular em Minas Gerais.
Segundo Ricardo Gazzinelli, atualmente o grupo - que conta com a participação dos docentes Santuza Teixeira, Flávio da Fonseca e Pedro Alves - presta serviço para vários hospitais mineiros, além de ter repassado a metodologia para outros laboratórios da UFMG que, por sua vez, também realizam serviços para hospitais. ¿Dessa forma, o CT-Vacinas desempenhou um papel central para atender a comunidade na realização de testes moleculares do coronavírus¿, destaca.
Já a professora da UFMG Ana Paula Fernadez está desenvolvendo a aplicação de um teste rápido para o coronavírus que forneça o resultado em até uma hora. ¿Isso é fundamental para se fazer a triagem em uma grande população. Já tínhamos essa tecnologia funcionando, agora estamos a modificando para o enfrentamento da Covid-19¿, ressalta.
Gazzinelli destaca que o investimento na ciência não pode parar. "Imagine um carro: é preciso muito mais força para fazer um carro andar quando ele está totalmente parado, do que quando ele está andando - ainda que devagar. É preciso que a ciência seja financiada o tempo todo para que esses grupos não precisem recomeçar do zero quando tivermos um problema desses", ressalta.
CENTRO DE TECNOLOGIA DE VACINASO CT-Vacinas é um laboratório instalado no Parque tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) com o objetivo estabelecer um ambiente de pesquisa adequado para o desenvolvimento e inovação tecnológica. Sua criação ocorreu graças à iniciativa de um grupo de pesquisadores da UFMG e Fiocruz Minas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas (INCT-V).
De acordo com Gazzinelli, o INCT-V atua basicamente com três linhas de pesquisa: entendimento dos mecanismos de defesa do organismo contra processos infecciosos; aquisição de tecnologias de vacina; e testes das vacinas. Ele destaca que, atualmente, existem várias metodologias para fazer uma vacina "Pode-se usar uma proteína recombinante ou um patógeno atenuado essa variedade é muito importante, já que podemos variar nas formulações", conta.
Fonte: Assessoria de Comunicação da FAPEMIG
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Seg, 30 Mar 2020 17:29:00 -0300
Pesquisadores da USP desenvolvem ventilador pulmonar de baixo custo
Bolsista do CNPq é um dos coordenadores da equipe de engenharia multidisciplinar que criou um projeto de baixo custo, livre de patente, e de rápida produção, com insumos de fácil acesso no Brasil.Uma equipe multidisciplinar da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveu um projeto de um ventilador pulmonar emergencial para suprir a possível demanda do aparelho hospitalar devido à pandemia do COVID-19, o INSPIRE. A articulação de um grupo de pesquisadores que pudesse dar uma resposta rápida à situação emergencial foi coordenada pela direção da escola de engenharia, e envolve pesquisadores com ampla experiência nas áreas de engenharia biomédica, mecânica, mecatrônica, energia, eletrônica, de produção, além de experiência em prototipagem e testes de aparelhos utilizados na medicina.
O protótipo batizado com o nome INSPIRE é um ventilador pulmonar aberto de baixo custo, produzido totalmente com tecnologia nacional, e que se utiliza de componentes amplamente disponíveis no mercado brasileiro.
O professor Raul González Lima, especialista em Engenharia Biomédica e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e tecnológico (CNPq) é um dos coordenadores do projeto e explica que o objetivo é suprir uma possível necessidade deste tipo de equipamento no Brasil, em que faltem os ventiladores comerciais que levaram décadas para serem aprimorados. "O motivo de se desenvolver este tipo de ventilador de pulmão emergencial parte de algumas premissas. Uma delas é que a cadeia de produção instalada deste tipo de equipamento talvez não consiga aumentar sua produção para a demanda da população brasileira nas próximas semanas. Seria necessário ter um equipamento que pudesse atender a população que ficaria desassistida neste caso".
Um dos motivos para a cadeia de produção instalada não conseguir se desenvolver rápido o suficiente seria a dificuldade de importação desses componentes. "Esses equipamentos dependem de muitos componentes importados, e nem todos estão em estoque na quantidade necessária. Os componentes podem não chegar a tempo para fazer essa produção". Outra premissa considerada pela equipe, é de que possivelmente faltarão linhas de ar comprimido nos leitos de hospital, o que torna necessário o bombeamento de ar para o paciente, na hipótese da indisponibilidade. "É uma demanda crítica e pontual, e depois essa tecnologia pode ser usada em áreas remotas, em que um hospital não esteja próximo".
O desenvolvimento de protótipo está concluído, embora continue em constante aprimoramento, e o projeto passou para a fase de produção, em que será estabelecida a cadeia de suprimentos. "Buscamos montar um equipamento que pudesse utilizar ao máximo componentes que já existem no mercado brasileiro, não dependendo muito de importação, e que pudéssemos acionar os fabricantes dos componentes para aumentar sua produção. Tentamos evitar peças que tivessem que ser desenvolvidas, ou seja, utilizamos peças que já existem em linhas de produção", detalha o docente.
Raul defende que já existe uma indústria instalada que o Brasil precisa proteger e ampliar. "Nós gostaríamos que a indústria nacional se desenvolvesse e exportasse as tecnologias que possuem para muitos países. Nosso objetivo é criar uma resposta rápida para uma crise provável".
Fonte: Poli/USP
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Sex, 20 Mar 2020 16:24:00 -0300
Jogos melhoram o aprendizado de leitura e escrita de crianças
Um experimento realizado com alunos de educação infantil mostrou que o uso de jogos digitais de consciência fonológica conceito que abarca uma série de habilidades, como separar sílabas, juntar sons para formar novas palavras e reconhecer rimas e vocábulos iniciados pelos mesmos sons aumentou a aprendizagem em leitura e a habilidade de escrita das crianças.Um experimento realizado com alunos de educação infantil mostrou que o uso de jogos digitais de consciência fonológica conceito que abarca uma série de habilidades, como separar sílabas, juntar sons para formar novas palavras e reconhecer rimas e vocábulos iniciados pelos mesmos sons aumentou a aprendizagem em leitura e a habilidade de escrita das crianças.
Uso de jogos digitais aumentam a aprendizagem em leitura e a habilidade de escrita das crianças
Os resultados da pesquisa, que integram a tese de doutorado em educação do brasileiro Americo Amorim, defendida em 2018 na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, estão em artigo publicado em março, no periódico científico Educational Researcher. Amorim é bolsista de Produtividade Desenvolvimento Tecnológico e de Extensão Inovadora (DTI) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Partindo da literatura internacional, que aponta que o baixo aprendizado em leitura e escrita está associado à falta de estimulação adequada das crianças na faixa etária pré-escolar, Amorim desenvolveu um programa de estimulação da consciência fonológica por meio de 20 atividades lúdicas gamificadas, que foram realizadas por meio de tablets de baixo custo. Elas foram aplicadas, com a ajuda de professores e psicólogos, durante três meses do segundo semestre de 2017, em 17 escolas particulares de cinco cidades pernambucanas ¿ Recife, Olinda, Paulista, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes.
Um total de 749 alunos, de 62 turmas, com idade média de 4 anos e meio, participou do experimento. As crianças foram divididas, por sorteio, em dois grupos o que realizou as atividades propostas e o que não as fez (grupo de controle). Ambos os grupos passaram por avaliações antes e depois desse período, e os resultados foram comparados. Os alunos que realizaram o programa tiveram resultados superiores em 68% (leitura) e 48% (escrita) em relação a aqueles que não participaram. Os jogos também geram relatórios que permitem que professores e gestores acompanhem o aprendizado dos alunos.
"Uma das principais contribuições da pesquisa é mostrar a importância de fazer esse tipo de estimulação lúdica já na educação infantil, o que contribui para a alfabetização na idade correta no ensino fundamental", observa Amorim.
O trabalho envolveu também pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) e contou com financiamento do CNPq - por meio do RHAE Inovação, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e da Escribo Inovação para a Aprendizagem, empresa fundada por Amorim em 2015, que desenvolve e comercializa jogos pedagógicos.
Em 2018, a pesquisa foi repetida em escolas públicas, e os resultados, de acordo com Amorim, foram ainda melhores. "Crianças que recebem menos estímulos em casa e na escola acabam se beneficiando ainda mais. As turmas que utilizaram os jogos avançaram o dobro em leitura e o triplo em escrita. Isso nos motivou a continuar aperfeiçoando os jogos para atender cada vez mais as necessidades desses alunos".
Atualmente, mais de 100 escolas localizadas nos estados de Pernambuco, Ceará e São Paulo utilizam os programas, a maior parte delas da rede pública.
Mais informações
Americo Amorim, Doctor of Education
(81) 98825-2748
americo@jhu.edu
Fonte: Agência Bori
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Sex, 28 Fev 2020 17:31:00 -0300
Bolsista do CNPq é selecionado para programa de Engenharia Aeroespacial nos EUA
Três jovens estudantes brasileiros foram selecionados em um programa de engenharia aeroespacial nos EUA. Dentre os selecionados, está o bolsista de Iniciação Cientifica Junior do CNPq, Wanghley Soares. O estudante, de 17 anos, cursa o 3º ano de informática no Instituto Federal de Brasília (IFB) e concorreu com mais de 900 candidatos de todo o país.Três jovens estudantes brasileiros foram selecionados em um programa de engenharia aeroespacial nos Estados Unidos. A iniciativa oferecerá uma bolsa para duas semanas de estudos na National Flight Academy, pelo programa de Engenharia da Delta Airlines. Dentre os selecionados, está o bolsista de Iniciação Cientifica Junior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Wanghley Soares.
O estudante, de 17 anos, cursa o 3º ano de informática no Instituto Federal de Brasília (IFB) e concorreu com mais de 900 candidatos de todo o país. Aos 11 anos, Wanghley foi avaliado como uma criança com altas habilidades e superdotada. Estudou em escolas públicas da capital voltadas para crianças com capacidades específicas.
Wanghley Soares é aluno do Instituto Federal de Brasília e passará duas semanas nos EUA aperfeiçoando seus estudos. Foto: Reprodução/Pessoal
Hoje, com a bolsa do CNPq, contribuir com pesquisas no IFB como o desenvolvimento de um protótipo que detecta doenças neuromotoras a partir do movimento do paciente. "Com essa pesquisa, procuro realizar o diagnóstico e prognóstico de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson, de forma a deixar esse diagnóstico simples e barato", explicou.
O estudante destacou a importância da bolsa no CNPq para progredir em suas pesquisas e projetos "O CNPq oferece a oportunidade de desenvolvimento sólido da ideia, fazendo com apoio financeiro e intelectual, a possibilidade de seqüência no desenvolvimento e patenteação ou registro daquilo que foi desenvolvido", disse.
Para o futuro, o jovem pensa em estudar Ciência da Computação ou Engenharia da Informação e se especializar nas áreas de Bioengenharia ou Ciência de Dados. Sua expectativa com a experiência nos Estados Unidos é aperfeiçoar o conhecimento em engenharia, adquirido em grande parte de forma autodidata, e programação, em particular relacionada às questões aeronáuticas.
O programa
A Junior Achievement (JA), responsável pelo programa de intercâmbio, é uma organização social que incentiva jovens de 90 países a desenvolverem técnicas pelo método do "aprender-fazendo".
Os programas de educação da JA são baseados em três pilares de atuação:
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Preparação para o mercado de trabalho
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Empreendedorismo
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Educação financeira
A seleção
Entre os critérios de seleção para estudar engenharia aeroespacial nos EUA, era necessário ser estudante do ensino médio, ex-aluno de um programa de impacto social da Junior Achievement (JA), além de ter bom desempenho acadêmico e fluência em inglês.
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Qua, 12 Fev 2020 18:04:00 -0300
Uso de bactérias e material orgânico pode aumentar a produtividade da cana-de-açúcar
Uma pesquisa realizada na Esalq/USP por bolsistas do CNPq concluiu que a adição de composto e bactérias no solo resultou em um acréscimo de 20 toneladas por hectare no cultivo da cana-de-açúcar. A união dessas técnicas é considerada uma estratégia ecologicamente sustentável.Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP) por bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concluiu que a adição de composto e bactérias no solo resultou em um acréscimo de 20 toneladas por hectare no cultivo da cana-de-açúcar. A união dessas técnicas é considerada uma estratégia ecologicamente sustentável, pois com o uso dos microrganismos e da compostagem consegue-se ganhos biológicos abaixo do solo, além de diminuir o uso de fertilizante fosfatado, representando ganho econômico.
"A fonte da maior parte dos fertilizantes fosfatados é de origem não renovável, ou seja, pode acabar, então nossa estratégia foi usarmos bactérias capazes de disponibilizar o fósforo e uma fonte de energia (o composto) para estimular a microbiota presente no solo e assim diminuirmos o uso de insumos fosfatados sintéticos", disse Antonio Marcos Miranda Silva, integrante deste projeto, ex-bolsista de Mestrado do CNPq atual bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no Doutorado.
Segundo o pesquisador, apenas com o uso do composto, sem a adição de bactérias, foi possível aumentar a produtividade em condições de campo. "Com o fertilizante fosfatado rotineiramente utilizado (superfosfato triplo), obtivemos 145 toneladas por hectare de cana-de-açúcar, adicionando somente o composto, a produtividade foi para 155 toneladas por hectare, ou seja, ganhamos 10. Por fim, quando adicionamos composto e bactérias, a produtividade saltou para 165 toneladas por hectare, no primeiro ano de cultivo", detalhou Antonio Marcos.
O estudo foi desenvolvido sob a orientação da professora Elke Cardoso, do Departamento de Ciência do Solo e bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq. Participaram, ainda, das pesquisas, os professores Godofredo Cesar Vitti e Rafael Otto, também bolsista PQ do CNPq; além dos pesquisadores Germán Estrada-Bonilla e Cintia Masuco Lopes, que atuou no projeto como bolsista de Doutorado do CNPq. Além do CNPq, o projeto foi financiando, também, pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Etapas
A pesquisa seguiu por etapas como isolar bactérias da rizosfera da cana-de-açúcar, região de solo que circunda a raiz da planta, montar o experimento em casa de vegetação e inocular as bactérias e o composto já obtido da compostagem. Com os bons resultados em condições controladas, os pesquisadores realizaram o experimento em campo e observaram o aumento de produtividade.
O pesquisador explica que, durante o processo de obtenção do açúcar, gera-se naturalmente resíduos chamados de torta de filtro e cinzas de caldeira, que já são utilizados como forma de matéria orgânica nos cultivos de cana-de-açúcar. "Ao contrário do que é tradicionalmente feito, os subprodutos foram submetidos a um processo de compostagem e foi monitorada periodicamente por German Estrada-Bonilla em sua tese de doutorado. A compostagem é uma técnica milenar e torna os nutrientes mais disponíveis, tanto para os microrganismos quanto para as plantas", disse.
"Deixamos de aplicar um fertilizante que é não renovável, e adotamos uma estratégia ecológica, que é a inoculação de bactérias junto com seu alimento. As bactérias já temos no solo e o alimento já é gerado durante o processo de industrialização da cana, ou seja, temos um viés totalmente sustentável e que pode ser aplicado em condições reais", finalizou Antonio Marcos.
Divulgação
O estudo foi submetido em revistas científicas de elevado fator de impacto e também divulgado em vídeo no canal Agro Eco Ciência no Youtube, que publica produções sobre pesquisas em agroecologia. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=x_o9fd553gI&t=2s.
Fonte: ESALQ/USP
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Sex, 10 Jan 2020 18:28:00 -0300
Ferramenta desenvolvida por grupo de pesquisa brasileiro permite mapeamento da linha de costa de regiões litorâneas
Um grupo de pesquisadores brasileiros está desenvolvendo ferramenta para mapeamento e análise de variação da linha de costa, um indicador amplamente utilizado em zonas costeiras que possibilita o planejamento adequado face à ocupação do litoral. A ferramenta, o CASSIE, é resultado do projeto Baysqueeze, apoiado pelo CNPq, que conta com pesquisadores da UFSC, UNIVALI, e FURG.Um grupo de pesquisadores brasileiros está desenvolvendo ferramenta para mapeamento e análise de variação da linha de costa, um indicador amplamente utilizado em zonas costeiras que possibilita o planejamento adequado face à ocupação do litoral. A ferramenta, o CASSIE (Coastal Analysis via Satellite Imagery Engine), é resultado do projeto Baysqueeze, apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que conta com pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), e Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
A ferramenta é um aplicativo web (https://cassie-stable.herokuapp.com/), código aberto (open source) e de acesso livre, que permite o mapeamento automático da posição da linha de costa (limite entre o mar e a terra) e sua análise para qualquer região do planeta. Assim, o CASSIE oferece a possibilidade do desenvolvimento de estudos que visem uma análise histórica da tendência evolutiva da linha de costa em qualquer região do litoral Brasileiro.
Segundo o professor da UFSC e bolsista PQ do CNPq, Antonio Henrique da Fontoura Klein, e um dos pesquisadores do projeto, a posição da linha costa não é constante no tempo e no espaço. Ela varia em função do aporte de sedimentos (exemplo: dos Rios, etc) e dos processos costeiros (ondas, marés) e pode migrar em direção ao mar (chegando mais sedimento do que saindo do sistema), pode ficar estabilizada (tudo que entra é igual ao que sai) ou pode migrar em direção a terra (erosão costeira - neste caso esta saindo mais sedimento do que entrando na região costeira). "Ao monitorarmos a linha de costa a partir de imagens de satélite podemos definir, por exemplo, locais com erosão costeira ao longo do tempo e medidas preventivas ou mitigadoras podem ser adotadas", explica o pesquisador. "Ainda com base no passado, considerando um mesmo intervalo de tempo futuro, podemos prever o comportamento da linha de costa para o futuro", complementa Klein.
Construído com tecnologia do Google Earth Engine (uma avançada plataforma de processamento geospacial baseada em nuvem, ideal para análises de dados em escala planetária) o CASSIE faz uso do catálogo de vários petabytes de imagens de satélite (incluindo a série Landsat e Sentinel), ferramentas de análise espacial e a poderosa capacidade de computação do Google Cloud, que permite a qualquer utilizador quantificar as tendências (em metros/ano) evolutivas da linha de costa, bastando para isso o acesso á internet, já que todo o processamento é feito na nuvem, explica o pesquisador do projeto, Rudimar Dazzi (UNIVALI).
Exemplo da aplicação do CASSIE nas margens da Baía da Babitonga, dentro do munícipio de Joinville (Santa Catarina). Fonte Imagem: Google Earth Engine
O CASSIE foi apresentado pela primeira vez em Novembro do ano passado pelos Profs. Luis Pedro de Almeida da FURG e Rodrigo Lyra da UNIVALI e pelo Bolsista de IC do CNPq, Israel Oliveira, durante o curso para a ferramenta que aconteceu no âmbito da conferência internacional LAPECO 2019 (Latin American Physics of Estuaries and Coastal Oceans), em Florianópolis, SC. O curso contou com um total de 12 participantes (incluindo pesquisadores, consultores e estudantes), oriundos de diversos Países da América do Sul e Europa (Brasil, Espanha, Argentina, Chile, Uruguai e Panamá), os quais tiveram a oportunidade de conhecer e aplicar a ferramenta CASSIE. Como demonstração do potencial de aplicação do CASSIE cada participante pode desenvolver um exercício de análise de evolução da linha de costa a uma área costeira de origem. Este foi o primeiro teste oficial do sistema.
O CASSIE é financiado pelo CNPq por meio da Chamada de Pesquisa e Desenvolvimento em Ações Integradas e Sustentáveis nas Baías do Brasil - MCTIC/CNPq - Nº 21/2017) e, além do Prof. Klein, conta com o trabalho dos pesquisadores Luis Pedro de Almeida, Prof. Visitante do Programa de Pós-Graduação em Oceanologia, Instituto de Oceanografia da FURG; Rodrigo Lyra e Rudimar Dazzi, Profs. do Curso de Ciência da Computação da UNIVALI; Israel Oliveira, Bolsista de IC-CNPQ do Curso de Ciência da Computação da UNIVALI.
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Sex, 27 Dez 2019 17:45:00 -0300
Primeiro drone dispersor de sementes da América do Sul é viabilizado com apoio do CNPq e Ibama
Projeto financiado pelo CNPq, em parceria com o Ibama, resultou na criação do primeiro drone dispersor de sementes da América do Sul. O equipamento foi apresentado durante o Workshop Dronecoria Brasil, realizado em novembro na UFMT.Projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), resultou na criação do primeiro drone dispersor de sementes da América do Sul. O equipamento foi apresentado durante o Workshop Dronecoria Brasil, realizado em novembro na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), como parte do projeto "Aeronaves Remotamente Pilotadas como Estratégia de Fiscalização de Queimadas e Monitoramento da Restauração Ecológica em Áreas Protegidas".
Duas oficinas para capacitação de estudantes, professores e público foram realizadas no workshop: biopeletização de sementes nativas do Cerrado e construção de aeronave remotamente pilotada (drone) para dispersão de sementes. De acordo com o engenheiro da computação Lot Amorós, que idealizou o Dronecoria, as oficinas tiveram como principal objetivo encorajar milhares de pessoas a plantar árvores nos diversos biomas brasileiros.
O drone, desenvolvido sob coordenação de Normandes Matos da Silva, professor da UFMT e bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT) do CNPq, será apresentado a instituições públicas como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e as secretarias estaduais de meio ambiente nos estados. A ideia é que essa inovação tecnológica seja incorporada em todas as regiões do país como forma de potencializar o serviço ambiental realizado por pássaros e insetos polinizadores. Veja o vídeo do drone em ação.
O projeto obteve apoio financeiro a partir da Chamada Pública n° 33, realizada em 2018 pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama e pelo CNPq.
A Chamada
A Chamada CNPq/Prevfogo-Ibama Nº 33/2018 - Pesquisas em ecologia, monitoramento e manejo integrado do fogo tem por objetivo apoiar projetos de pesquisa interdisciplinares e socioambientais que visem suprir lacunas no conhecimento disponível sobre a temática dos incêndios florestais e do manejo integrado do fogo, com destaque para ecologia e impactos do fogo, monitoramento, prevenção e combate de incêndios florestais, além de apoiar a investigação de temas de pesquisa que possam subsidiar a gestão de áreas protegidas sujeitas a incêndios e queimadas nos Biomas Amazônia, Pantanal e Cerrado, preferencialmente nas áreas de atuação do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo).Ao todo, foram aprovados 25 projetos, no valor global de R$ 4 milhões, oriundos do Prevfogo-Ibama e do CNPq, abrangendo pesquisa em Terras Indígenas, Quilombolas e Unidades de Conservação na Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Com informações do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Ibama