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Ter, 06 Ago 2019 18:17:00 -0300
Guia reúne as espécies mais comuns nas várzeas da Amazônia
Com apoio do CNPq, grupo de pesquisa lançou o "Guia de campo de herbáceas aquáticas: várzea Amazônica", que reúne as espécies mais comuns nas várzeas, especialmente da Amazônia Central, com fotos, ilustrações e esquemas sintetizando o ciclo de vida das plantas ao longo do ciclo hidrológico. No livro, são descritas espécies de 38 diferentes famílias de plantas.Grupo de pesquisa lançou o Guia de campo de herbáceas aquáticas: várzea Amazônica, que reúne as espécies mais comuns nas várzeas, especialmente da Amazônia Central, com fotos, ilustrações e esquemas sintetizando o ciclo de vida das plantas ao longo do ciclo hidrológico. No livro, são descritas espécies de 38 diferentes famílias de plantas, incluindo pteridófitas, hepáticas, monocotiledôneas e dicotiledôneas. O principal objetivo da obra é fornecer informações básicas para identificar essas plantas em campo, conhecer sua ecologia e morfologia adaptativa e, adicionalmente, expandir o conhecimento de todos os interessados por seus aspectos estéticos, recreativos e de embelezamento.
Típica paisagem de um lago de várzea às margens do Rio Amazonas; em primeiro plano a belíssima vitória-régia [Victoria amazonica (Poepp.) J.E.Sowerby], entremeada pelo capim-membeca (Paspalum repens P.J.Bergius); no fundo a exuberante floresta alagável. Foto: Acervo Grupo MAUA
A obra conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e é assinada pelos pesquisadores Maria Teresa Fernandez Piedade, Aline Lopes, Layon Oreste Demarchi, Wolfgang Junk, Florian Wittmann, Jochen Schöngart e Jefferson da Cruz. O livro ainda não foi impresso por falta de recursos, mas está disponível, gratuitamente, para download na página do INPA na internet.
Segundo os autores, "as plantas aquáticas amazônicas pertencem a vários grupos taxonômicos, e sua identificação e organização não se mostrou um exercício banal". Várias ideias se sucederam ao longo dos anos, mas a opção foi fazer uma obra mais concisa e rica visualmente que atendesse às necessidades de um público maior. Entretanto, uma compilação mais robusta está em construção.
Mureru (Eichhornia azurea (Sw.) Kunth), espécie comum em vários lagos da várzea amazônica. Foto: Acervo Grupo MAUA
O livro é apresentado pelo Professor Sir. Ghillean Prance, um dos maiores botânicos do mundo, que trabalhou muitos anos junto ao INPA. Ele destaca a importância da publicação e ressalta que "a vegetação aquática tem um papel bastante importante na ecologia da região, então é essencial facilitar o trabalho dos pesquisadores na identificação exata das espécies". Prance destaca, ainda, que "os detalhes da estrutura das plantas são claramente ilustrados mostrando adaptações aos diversos nichos do ecossistema aquático".
Para a pesquisadora do INPA, Maria Teresa Fernandez Piedade, coordenadora do sítio do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração do CNPq PELD-MAUA, considerando o papel ecológico e econômico que as herbáceas da várzea desempenham, a obra é essencial para auxiliar o entendimento de como as espécies se comportam em função das variações de nível da água dos rios da região, ou seja, a dinâmica do pulso de inundação. Segundo ela, essas informações são de interesse para alunos, pesquisadores, gestores públicos, bem como para o público em geral.
Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, uma das espécies mais abundantes das várzeas amazônicas, onde frequentemente forma estandes monoespecíficos. Foto: Acervo Grupo MAUA
"Além de um guia ilustrado que auxilia a identificação das espécies em campo, (o livro) representa a reunião de diversas informações ecológicas e morfológicas até agora ausentes para este importante e magnífico grupo de espécies das várzeas amazônicas. Esse trabalho visou atender não apenas aos especialistas em plantas aquáticas, como também a outros pesquisadores que necessitam identificar as plantas aquáticas, como, por exemplo, aqueles que estudam aves, peixes e insetos que usam as plantas como alimento ou habitat", disse, Maria Teresa, que é bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq.
A professora ressalta, ainda, que a publicação conta com informações fundamentais sobre a ecologia das principais espécies de plantas aquáticas e em que período do ano elas podem ser encontradas. "Assim, se trata de um trabalho inédito, que vem sendo idealizado há muitos anos por pesquisadores que são referências na área de ecologia de áreas úmidas amazônicas, e sintetiza informações de diversas outras publicações anteriores, mas, principalmente, o conhecimento de campo acumulado durante anos de experiência na área", finaliza.
Nymphaea rudgeana G.Mey., espécie que ocorre em águas calmas de lagos de várzea e igapó da região amazônica. Foto: Aline Lopes
Sobre os autores
Aline Lopes, bióloga, doutora em ecologia. Bolsista PNPD Capes do PPG Ecologia, Universidade de Brasília. Pesquisadora Colaboradora do PELD-MAUA e Grupo MAUA/INPA. Estuda ecologia de macrófitas aquáticas e efeitos da poluição sobre as plantas aquáticas. alopesmga@ gmail.com
Florian Wittmann, doutor em geografia física e livre-docente em geografia física. Pesquisador do Instituto de Geografia e Geoecologia da Universidade de Karlsruhe, Alemanha, e líder do Departamento de Áreas Úmidas. Pesquisador do PELD-MAUA e Grupo MAUA/INPA. Estuda a ecologia e fitogeografia das áreas alagáveis neotropicais. f-wittmann@web.de
Jefferson da Cruz, biólogo, doutor em botânica. Professor Associado da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Pesquisador Colaborador do Grupo MAUA/ INPA. Estuda morfologia, taxonomia e ciclos de vida de macrófitas aquáticas e de palmeiras amazônicas. jeffdacruz2@gmail.com
Jochen Schöngart, doutor e livre docência em ciências florestais. Pesquisador Associado do INPA atuando no grupo de pesquisa MAUA e projeto PELD-MAUA. Estuda a idade de árvores e as relações entre o crescimento arbóreo e fatores ambientais em áreas úmidas com aplicações na ecologia, conservação, climatologia, hidrologia e manejos de recursos madeireiros. jochen.schongart@inpa.gov.br
Layon Oreste Demarchi, ecólogo, mestre em ecologia e doutorando em botânica pelo INPA. Grupo MAUA/INPA. Estuda florística e fitossociologia de formações vegetais amazônicas e seus usos pelas populações humanas. layon.lod@gmail.com
Maria Teresa Fernandez Piedade, bióloga, doutora em ecologia. Pesquisadora Titular do INPA e responsável pelo Grupo de Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA. Pesquisadora coordenadora do Grupo MAUA e PELD-MAUA. Estuda a ecologia de áreas úmidas com ênfase em macrófitas aquáticas. maitepp@inpa.gov.br
Wolfgang Junk, doutor em zoologia, botânica, química, oceanografia e limnologia com livre docência em Ecologia Tropical. Professor visitante da Universidade Estadual do Amazonas - UEA. Coordenador Científico do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT-INAU) na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá. Pesquisador Colaborador do PELD-MAUA e Grupo MAUA/INPA. Estuda ecologia tropical com ênfase em áreas alagáveis, biodiversidade e manejo sustentável. wjj@evolbio.mpg.de