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Qui, 16 Mai 2019 16:45:00 -0300
CNPq entrega Prêmio Almirante Álvaro Alberto
A cerimônia foi realizada na noite de quarta-feira, 15, na Escola Naval, no Rio de Janeiro. Bagnato fez questão de ressaltar o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de outras agências de fomento brasileiras, como Fapesp, Finep e BNDES."Quero receber este prêmio simbolizando o agradecimento a todos os que contribuem com a ciência no Brasil". Com essas palavras, o físico paulista Vanderlei Salvador Bagnato, professor e atual diretor do Instituto de Física de São Carlos, (IFSC-USP), da Universidade de São Paulo (USP), encerrou seu discurso após ser condecorado com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia - edição 2019, que este ano contempla a área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias.
Profº Bagnato recebe o diploma do presidente do CNPq, João Luiz Azevedo. Foto: Roberto Hilário/CNPq
A cerimônia foi realizada na noite de quarta-feira, 15, na Escola Naval, no Rio de Janeiro, quando foram entregues, também, os títulos de Professor Emérito do CNPq e as Menções Especiais de Agradecimento. Bagnato fez questão de ressaltar o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de outras agências de fomento brasileiras, como Fapesp, Finep e BNDES. "Se muitos têm motivo para deixar o País, eu não sou um deles. Quando retornei do doutorado, o CNPq já havia depositado recursos para eu montar o meu laboratório", afirmou.
Concedido anualmente pelo CNPq, em parceria com a Fundação Conrado Wessel e a Marinha do Brasil, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto é considerado o mais importante do País na área de Ciência e Tecnologia. Pelo legado do cientista que dá nome ao prêmio, Bagnato diz que se sente duplamente gratificado, embora não se considere merecedor, conforme declarou:
"Receber o maior prêmio de ciência e tecnologia do Brasil já é uma honra. Receber esse prêmio, e ele ter o nome do Almirante Álvaro Alberto, com todo o seu histórico, é mais honroso ainda. Ainda mais porque há muitos outros melhores e mais credenciados do que. Claro que estou feliz, e fico imaginando o trabalho árduo do comitê que indica o vencedor. Não me vejo como merecedor, mas prometo trabalhar duramente para fazer por merecer esse prêmio".
Emocionado, Bagnato também agradeceu à USP - "minha universidade mãe". Citou autoridades presentes como corresponsáveis pela sua premiação e destacou a presença do reitor Vahan Agopyan e de pró-reiroes. "Agradeço a todos vocês que estão prestigiando a valorização da ciência com esse prêmio, inclusive o prof. Vahan, aqui presente", disse. "Significa que não estamos sós, ao contrário, estamos rodeados de pessoas de extrema lealdade", acrescentou.
Colegas de trabalho, colaboradores nacionais e internacionais, técnicos, alunos e ex-alunos e pós-doutores que passaram pelo seu grupo são igualmente merecedores do prêmio, nas palavras de Bagnato. "Sem eles, meu trabalho não apareceria, e eu não estaria aqui. Temos 120 pessoas trabalhando em nosso grupo de pesquisa, e todos compartilham comigo o mesmo ideal. Sou muito grato a essas pessoas".
Para o pesquisador, a ciência e a tecnologia no Brasil estão em constate avanço. "E premiar ciência é sempre muito bom", disse, dirigindo uma agradecimento especial ao CNPq, à Fundação Conrado Wessel e à Marinha do Brasil. Bagnato também salientou a importância da ciência como promotora do desenvolvimento do País. "Já ajudamos a formar mais de 40 empresas em São Paulo, mais de mil empregos foram gerados. Eles concretizam parte da nossa missão".
O Prêmio Almirante Álvaro Alberto contempla medalha, diploma, viagem a Antártica e R$ 200 mil. Mais descontraído, Bagnato brincou sobre o que fará com cada um. "A medalha e o diploma vou colocar em algum lugar de destaque na minha casa. A viagem à Antártica é um sonho antigo, e que eu espero poder levar um acompanhante, talvez o Nobel, que é muito fã da ciência brasileira. Com o dinheiro, bem, vou fazer... [pausa]... outras coisas".
Bagnato discursa durante o evento. Foto: Roberto Hilário/CNPq
O pesquisador encerrou seu discurso dizendo que está feliz com tudo o que alcançou na carreira, mas que seu maior prêmio é sua família. "Minha esposa e meu filho conseguem entender meus sonhos e sacrifícios, tornando-os seus também. Minha família é e será sempre meu maior prêmio, comparando a qualquer prêmio que eu venha a receber. E sou muito grato a ela por me acompanhar nessa jornada".
Na sua saudação a Bognato, João Luiz Azevedo, presidente do CNPq, ressaltou o trabalho significativo do pesquisador para a ciência e para o Brasil. Fez um breve retrospecto da trajetória do Almirante Álvaro Alberto para evidenciar mais uma vez a relevância do prêmio e manifestou "grande satisfação de estar celebrando a ciência brasileira". "É preciso reconhecer a importância de quem sempre defendeu ciência e tecnologia para a prosperidade do País".
Participaram da entrega do Prêmio a Bagnato o ministro da Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) em exercício, Júlio Francisco Semeghini Neto, o presidente do CNPq, o comandante da Marinha do Brasil, almirante de esquadra Ilques Barbosa Júnior, representando o ministro de Estado da Defesa [Fernando Azevedo e Silva], e o presidente do Conselho Curador da Fundação Conrado Wessel, Jorge Márcio Arantes Cardoso.
Além desses, compuseram a mesa de autoridades o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), acadêmico Luiz Davidovich, o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, o presidente da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], general Waldemar Barroso Magno Neto, e o presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, acadêmico Evaldo Ferreira Vilela. Ao final, foram empossados os novos membros titulares da ABC.
Sobre o premiado - Graduado em Física pela USP e em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bagnato coordena atualmente o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela Fapesp. Também é doutor em Física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), com pós-doutorado pela Universidade de Maryland, ambos nos Estados Unidos. Obteve o título de livre-docente pela USP em 1990. É autor de cerca de 700 artigos científicos e já recebeu diversos prêmios e homenagens, entre eles o Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, em 2015, e o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedido pela Presidência da República, em 2007. Em 2018 tornou-se Pesquisador Emérito do CNPq. É membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês), da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NAS) e da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano.