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Sex, 02 Mar 2018 09:10:00 -0300
Ex-bolsista do CNPq lidera pesquisas no Chile
Bruno Dias concluiu o doutorado como bolsistas do CNPq e hoje lidera projetos de pesquisa, além de ser astrônomo de suporte dos telescópios terrestres mais poderosos do mundo no Observatório Europeu Austral (ESO), no Chile.Com forte interesse em Astrofísica e a proximidade de escolher uma profissão, com 18 anos, Bruno Dias optou por ingressar na universidade para estudar Física com especialização em Astronomia. Tomada a decisão, o astrônomo começou, então, sua jornada com pesquisas e projetos teóricos em relatividade restrita e em física experimental. Essa trajetória tem sido acompanhada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em diferentes momentos.
Em 2014, Bruno concluiu o Doutorado no Instituto de Astronomia, Geofisica e Ciencias Atmosfericas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), como bolsista do CNPq e sob a coordenação da Professora Beatriz Barbuy, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. A pesquisa, premiada pela USP, envolvia uma colaboração direta com o astrônomo Ivo Saviane do Observatório Europeu Austral (ESO), no Chile. Foi quando apareceu a oportunidade de estágio de doutorado no ESO-Chile por um ano.
"Nessa época, conheci muitos astrônomos e muitas portas foram abertas. Fiz um primeiro pós-doutorado na Universidade de Durham, na Inglaterra, no grupo do prof. Ray Sharples, líder do instrumento KMOS instalado nos telescópios do ESO. Novamente o ESO cruzou meu caminho e vi que as portas que abri antes deram resultados", explicou Bruno.
Bruno Dias, ex-bolsita do CNPq. Foto: Arquivo Pessoal
Hoje, ele é fellow do ESO e lidera projetos de pesquisa, além de ser astrônomo de suporte dos telescópios terrestres mais poderosos do mundo. O projeto recebe o nome de VISCACHA e usa o telescópio SOAR (SOuthern Astrophysical Research Telescope), fruto da parceria do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o National Optical Astronomy Observatory (NOAO), a Universidade da Carolina do Norte (UNC) e a Universidade Estadual de Michigan (MSU).
"Minha linha de pesquisa é sobre populações estelares e arqueologia galáctica. No momento estou focado nos aglomerados da Via Láctea e das Nuvens de Magalhães. Eu estudo os aglomerados de estrelas das Nuvens e com eles traço a composição química e construo um mapa 3D de sua distribuição tudo isso em função do tempo, o que torna possível mostrar a evolução dos efeitos das forças de maré", explica.
Existem dois cenários para a evolução dinâmica das Nuvens de Magalhães: o clássico diz que essas duas galáxias orbitam a Via Láctea e que as forças de maré entre as três galáxias foram responsáveis por formar as estruturas de gás e estrelas nas periferias das Nuvens. Um cenário moderno diz que as Nuvens estão em seu primeiro encontro com a Via Láctea e apenas as interações de maré entre as duas Nuvens é suficiente para criar as estruturas de gás e estrelas.
O trabalho no ESO
Como fellow do ESO, Bruno desenvolve pesquisa astronômica de forma independente, lidera projetos e grupos de pesquisa. Essa parte é desenvolvida na sede em Santiago, além de visitas a instituições de pesquisa e congressos nacionais e internacionais para colaborações. A outra atividade é um serviço para a comunidade científica, trabalhando como astrônomo de suporte para as observações de projetos de pesquisadores do mundo inteiro que são selecionados pelo ESO.
O suporte aos telescópios é feito in situ , no deserto do Atacama, onde trabalha por turnos, de seis a 14 noites, num total de 80 noites por ano. São mais de 170 pessoas trabalhando por dia no observatório, que já foi cenário do filme ¿007 Quantum of Solace¿. Há trabalho 24 horas por dia, diariamente. Durante o dia, é feito manutenção e preparação para passar a noite desvendando os mistérios do Universo.
"Além de operar os telescópios, desenvolvemos projetos de prevenção e manutenção dos equipamentos, e também fazemos a caracterização de novos equipamentos para oferecer estabilidade e controle sobre os instrumentos usados pela comunidade", conta.
Futuro
Em 2018 Bruno continua a fellowship do ESO desenvolvendo seus projetos científicos e servindo a comunidade científica operando os telescópios do observatório Paranal. Em termos de inovação, ele é um dos responsáveis por atualizar a linguagem de programação usada nos telescópios do Paranal para python.
Os telescópios estão em operação há 20 anos, e apesar de haver manutenção diária e atualização dos sistemas e componentes usados, a base dos softwares e scripts usados nas operações ficariam obsoletos em alguns anos mais. Python é usado na NASA, será usado no maior telescópio do mundo (ELT) em construção pelo ESO, e muitos cientistas usam e desenvolvem ferramentas nessa linguagem.
Esse movimento de inovação pertence a um contexto maior: os telescópios modernos produzirão terabytes de dados por noite e os desafios são armazenar, transferir e processar. É importante estar atualizado em programação para trabalhar de modo mais eficiente nessa nova era do big data.
ESO
O ESO, o Observatório Europeu do Sul, é a mais importante organização europeia intergovernamental para pesquisas em Astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO disponibiliza aos astrônomos e astrofísicos infraestruturas de pesquisa de última geração. O ESO é financiado pela Áustria, Alemanha, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. Com 55 anos de existência, o ESO é a maior organização astronômica do mundo e possui telescópios no Norte do Chile usados por astrônomos do mundo inteiro. Além dos telescópios, o ESO promove pesquisa astronômica em suas sedes e também em congressos internacionais.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP