-
Qui, 20 Jul 2017 14:20:00 -0300
SBPC 2017 - 20 anos do PELD são celebrados na SBPC
Em Sessão Especial durante a 69ª Reunião Anual da SBPC, em Belo Horizonte (MG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) celebrou os 20 anos da criação do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) da agência.Em Sessão Especial durante a 69ª Reunião Anual da SBPC, em Belo Horizonte (MG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) celebrou os 20 anos da criação do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) da agência. "Um programa no Brasil que completa 20 anos precisa ser exaltado", disse o presidente do CNPq, Mario Neto Borges, apontando a tendência do país de não dar seguimento às políticas públicas. "A ciência tem que ser suprapartidária, a continuidade é fundamental", reforçou.
A presidente da SBPC, Helena Nader, também ressaltou a importância da permanência de programas na área da ciência e, ainda, aproveitou a oportunidade para apontar a necessidade de maior investimento no setor.
Presente na cerimônia representando a parceria do programa com o Fundo Newton, o cônsul britânico em Belo Horizonte, Thomas Nemes, lembrou que o objetivo de fundo é apoiar o desenvolvimento econômico e social por meio da ciência, tendo 15 países prioritários, incluindo o Brasil. "Um dos programas que apoiamos é o PELD porque temos o tema do meio ambiente como uma das prioridades", afirmou, exaltando a importância do Brasil no avanço do dialogo mundial sobre o tema. "Podem sempre contar com o Reino Unido como parceiro", disse.
Nemes corroborou o discurso do quanto o investimento continuado é essencial para a pesquisa. "Em um mundo de imediatismos, não podemos esquecer que, na ciência, o longo prazo é fundamental, em especial quanto à biodiversidade, que convive com mudanças cíclicas. O cientista tem paciência e temos muito a aprender com essa mentalidade", finalizou.
Para falar um pouco do histórico do programa, foi convidado o Prof. Francisco Barbosa, coordenador pioneiro do PELD, com o sítio do Rio Doce. "Como um dos primeiros integrantes dessa rede, queria resgatar um pouco da história desse programa que começou quando a ecologia ainda era uma ciência relativamente nova no Brasil e vinha crescendo, mas com muito esforço e faltando foco", lembrou o professor.
Segundo ele, o PELD teve a iniciativa de promover esse foco e contribuir para a criação de metodologia e diretrizes. Além disso, Barbosa afirmou que o programa foi responsável pelo fortalecimento da pós-graduação em ecologia e a integração dessa área com a botânica e a zoologia.
Além disso, o professor afirmou com veemência que o investimento de longo prazo é imprescindível para respostas que exigem longos estudos. "Não dá pra responder, por exemplo, desastres como o de Mariana em um horizonte de 4 anos", pontuou.
No âmbito dos estudos do sítio que coordena, Francisco Barbosa apresentou os resultados obtidos graças a essas pesquisas permanentes, capazes de identificar mudanças significativas ao longo de muitos anos e acompanhar as alterações da biodiversidade do local. Foram identificadas invasões biológicas como o caramujo (Melanoides tuberculatus), o tucurané (Cichla ocelaris) e outras espécies que ameaçam a conservação da biodiversidade da região.
Sobre o programa
Ainda no evento, o CNPq apresentou os principais resultados do programa ao longo desses 20 anos e as perspectivas futuras. Marisa Mamede, da Coordenação do Programa de Pesquisa em Gestão de Ecossistemas do CNPq, responsável pela gestão do PELD, mostrou que já foram investidos - até 2015 - R$ 31 milhões. Estima-se que até 2020 esse investimento chegue a R$ 54 mil.
Os aportes financeiros são oriundos do CNPq e dos diversos parceiros, que incluem Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Fundo Newton.
Atualmente, o programa conta com 33 sítios, além de outros dois financiados independentemente, por FAPs.
Algumas das conquistas do Programa foi a inserção com membro da International Long Term Ecological Research (ILTER), que congrega 40 países-membros e suas redes nacionais de pesquisa em Ecologia de Longa Duração. A instituição conta, hoje, com 1017 sítios do mundo inteiro cadastrados no repositório do ILTER e alguns brasileiros ainda não estão lá por serem mais recentes. "O CNPq vem dando muita atenção a essa articulação da ciência com a sociedade. Mas isso não se faz por decreto, exige um grande esforço", apontou Marisa.
Segundo ela, outros avanços do programa incluem a contribuição na formação de recursos humanos, tendo sido responsável pela titulação de 650 mestres e 179 doutores. Além disso, é possível identificar um crescimento do número de programas de pós-graduação em ecologia. "De 1996 a 2014, o número de cursos de Mestrado na área passou de 13 para 57 e Doutorados, de 8 para 34", disse.
Outros dados importantes são a atuação de mais de 2500 pessoas nas equipes, um total de 2712 artigo publicados em periódicos indexados e mais de 600 teses e 1000 dissertações produzidas. Além disso, houve um incremento da integração com a gestão das Unidades de Conservação (UCs). Hoje, 22 sítios estão inseridos em 28 UCs, com 22 gestores participando das equipes.
Por fim, Marisa afirmou que um dos maiores desafios atuais do programa é promover e estimular a aplicação de resultados. Para isso, já foi iniciada uma parceria com a GIZ Brasil, com o intuito de capacitar técnicos sobre metodologia do programa NoPa que combina ferramentas e instrumentos que buscam a facilitação de contatos, a comunicação e disseminação de projetos de pesquisa e de seus resultados, bem como o monitoramento do uso e do impacto destes resultados. "É importante avançar na articulação com políticas publicas, promover a interdiscplinaridade e aumentar inserção internacional", finalizou.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
Fotos: Cláudia Marins