Pesquisa do Dia
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Ter, 15 Mai 2018 18:02:00 -0300
Pele impressa em 3D pode substituir testes em animais
Pele humana reconstituída em impressoras 3D pode ter importantes utilidades como a avaliação toxicológica ou de eficácia de substâncias aplicadas topicamente. Essa é a conclusão da pesquisa da bolsista do CNPq e doutoranda no Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova Iorque (EUA), Carolina Motter Catarino.Pele humana reconstituída em impressoras 3D pode ter importantes utilidades como a avaliação toxicológica ou de eficácia de substâncias aplicadas topicamente. Essa é a conclusão da pesquisa da bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e doutoranda no Instituto Politécnico Rensselaer, em Nova Iorque (EUA), Carolina Motter Catarino.
O método consiste, primeiramente, na extração de células de amostras de pele provenientes de cirurgias plástica ou postectomia. A seguir, as tintas biológicas que serão usadas na impressão da pele são produzidas por meio de mistura de proteínas presentes na pele humana, tais como o colágeno tipo I e as células previamente isoladas (fibroblastos, queratinócitos e melanócitos). Depois de impressas, as amostras de pele são mantidas em incubadora por cerca de 14 dias para diferenciação das células. Após esse período, a pele apresenta estrutura semelhante à pele humana.
Essa criação permite substituir o uso de animais em testes que avaliam, por exemplo, reações adversas de substâncias usadas em maquiagens e outros produtos químicos. E até com melhores resultados, aponta a pesquisadora. Segundo Carolina, a pele animal possui diferenças fisiológicas em relação à pele humana, e podem gerar resultados que posteriormente não são observados em humanos ou até mesmo não antecipar possíveis efeitos adversos. "Essas diferenças podem ser observadas no número de camadas da pele e na concentração de folículos capilares e glândulas sudoríparas. Essas características influenciam a forma e a velocidade que uma substância é absorvida através da pele, como ela interage com as células das camadas inferiores da pele, e a quantidade que poderá alcançar a circulação, podendo resultar ou não em efeitos sistêmicos", explica Catarino.
A pesquisa de Carolina já rendeu a ela uma premiação da empresa britânica de cosméticos Lush, em novembro de 2017. O prêmio The 2017 Lush Prize promove cientistas que trabalhem em prol do fim do uso de animais em pesquisas que envolvem testes de produtos químicos. Para Catarino, o recebimento da premiação significa o reconhecimento pelo seu esforço e dedicação na pesquisa em métodos alternativos de testes químicos. "Esse prêmio criou oportunidades para divulgar não apenas o meu projeto do doutorado, mas a pesquisa brasileira e todo o conceito de método alternativos ao uso de animais na pesquisa e na indústria", afirma a cientista.
Métodos Alternativos
Quanto à possível implementação de métodos alternativos aos testes em animais no Brasil, a cientista afirma que o país seguiria a tendência de paises desenvolvidos. "Nos países europeus, a comercialização de produtos testados em animais é vetada. Assim, a implementação desta mudança no Brasil significaria não apenas o atendimento à demanda ética da população, mas estaríamos seguindo a tendência mundial de substituição de modelos animais. Além disso, a adoção de tais métodos significaria que empresas de cosméticos brasileiras poderiam comercializar seus produtos em países da União Europeia, o que possibilitaria a expansão de seus mercados", afirma a cientista.
Mulher e Ciência
Atualmente, segundo dados do CNPq, cerca de 76% dos cientistas nível sênior que recebem bolsas de pesquisa no país são homens. Para Catarino, a falta de regulamentação que assegurem as mulheres em programas de pós-graduação torna-as suscetíveis a abandonar a pesquisa cientifica. "Em outras carreiras, as mulheres têm direitos assegurados por lei em relação a gestação. Soube de casos de colegas que além de não poderem tirar uma licença maternidade de mesma duração que nas demais profissões, também tiveram suas bolsas suspensas nesses meses", conta.
Em seu departamento e grupo de doutorado, as mulheres representam apenas 30% dos alunos. Apesar de nunca ter tido problemas para desenvolver seu trabalho em nenhuma situação, e nunca ser desrespeitada por ser mulher, a cientista que o machismo ainda está presente no campo da pesquisa cientifica. "Ainda há muito machismo no meio acadêmico, mas acredito que isso esteja mudando aos poucos, e que através do desenvolvimento de um bom trabalho provamos que qualidade e capacidade não estão atreladas a nenhum gênero específico. Acredito que as mulheres podem oferecer uma nova perspectiva sobre diversos assuntos e promover uma maior interdisciplinaridade de projetos", diz Catarino.
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Ter, 08 Mai 2018 08:08:00 -0300
Start-Up movimenta mercado de venda de passagens
Para solucionar dificuldades financeiras na hora de viajar, a empresa mineira MaxMilhas oferece aos clientes sua plataforma de compra de passagens aéreas, para as pessoas que buscam gastar pouco, e venda de milhas acumuladas do cartão de crédito. A empresa é fruto de apoio do CNPq por meio do Programa Start-Up Brasil do MCTIC.Para solucionar dificuldades financeiras na hora de viajar, a empresa mineira MaxMilhas oferece aos clientes sua plataforma de compra de passagens aéreas, para as pessoas que buscam gastar pouco, e venda de milhas acumuladas do cartão de crédito. A empresa é fruto de apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa Start-Up Brasil do Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações (MCTIC). Ao ser contemplado pelo programa, o projeto contou com a orientação da aceleradora 21212, que permitiu contratar desenvolvedores e programadores para aprimorar seus serviços.
Segundo Max Oliveira, CEO e fundador da MaxMilhas, o apoio do CNPq foi decisivo para o amadurecimento e desenvolvimento pleno da empresa. "Foi no Start-up Brasil que a MaxMilhas conseguiu o apoio necessário de mão de obra tecnológica, e visibilidade para desenvolver o negócio até um patamar mais maduro", afirma Oliveira.
Desde o inicio do lançamento de um novo segmento no mercado aéreo, empresa enfrenta desafios constantes como explicar a nova cultura da empresa para os clientes, transmitir credibilidade, e fortalecer-se pelo seu propósito. Apesar dos desafios próprios do desconhecimento sobre o mercado em expansão, a empresa dobrou a receita operacional, assim como o crescimento de 60% nas transações realizadas. A MaxMilhas gera receita a partir da taxa de serviço cobrada dos compradores, e também sobre a comissão cobrada dos vendedores.
Para comprar passagens na plataforma basta escolher o destino, a data de ida e volta (ou somente ida), o número de passageiros e fazer a busca. Se o melhor preço for oferecido pela companhia aérea, o site redireciona a compra para a companhia, caso contrário, se a melhor opção for via MaxMilhas basta selecionar o voo. Para vender milhagens na plataforma, os interessados devem informar quantas milhas deseja vender e escolher, com base nas ofertas dos outros ofertantes, o valor para cada 1.000 milhas.
Segundo o CEO da empresa, possibilitar o vendedor definir o preço das milhas é o diferencial da empresa. "Somos a única empresa que permite que o vendedor escolha o preço das milhas que deseja vender, transformando-o assim no protagonista dessa negociação. Assim como possibilitar pessoas que não tem cartão de crédito ou estão sem limite no cartão no momento consigam comprar com facilidade por meio de transferência bancária", explica o empresário.
O Programa Start-Up Brasil
O Start-Up Brasil, Programa Nacional de Aceleração de Startups, é uma iniciativa do governo federal, criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com gestão da Softex e em parceria com aceleradoras, para apoiar as empresas nascentes de base tecnológica.
As startups cumprem com a função de continuamente revitalizar o mercado, mas precisam de um ambiente propício para que se desenvolvam e tenham sucesso. A figura da aceleradora surge nesse contexto como um agente fortemente orientado ao mercado, geralmente de origem privada e com capacidade de investimento financeiro, que tem a função de direcionar e potencializar o desenvolvimento das startups.
São oferecidos R$ 200 mil por ano para cada startup, repassados na forma de bolsas para pesquisa e desenvolvimento, concedidas pelo CNPq. Essas bolsas serão concedidas para os profissionais indicados pela startup e terão seus valores mensais depositados na conta corrente destes profissionais. Para que estejam aptos a receber as bolsas, será necessário que os candidatos se enquadrem nos critérios de formação acadêmica e experiência profissional específicos para a categoria de bolsa pretendida. Estes critérios estão detalhados no edital de seleção das startups.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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Qua, 25 Abr 2018 15:33:00 -0300
Estudo com células-tronco aponta promessa terapêutica para diversas doenças
A malignidade tumoral tem sido associada à presença de células-tronco cancerígenas, sendo que, quanto maior a presença de tais células, mais agressivo o tumor é classificado, refletindo em um pior prognóstico para o paciente. Este é um dos principais resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor da USP, Alexander Henning Ulrich, bolsista PQ do CNPqA malignidade tumoral tem sido associada à presença de células-tronco cancerígenas, sendo que, quanto maior a presença de tais células, mais agressivo o tumor é classificado, refletindo em um pior prognóstico para o paciente. Este é um dos principais resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Henning Ulrich, também bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e líder do Laboratório de Neurociências[1], certificado pela USP junto ao Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, [2], do CNPq.
Prof. Alexander Henning Ulrich no Laboratório da USP (Foto: IQ/USP)
A pesquisa envolveu o estudo sobre Células-tronco (CT), "que são células com capacidade de auto-renovação e que, devido às suas características, nos últimos anos, têm surgido como uma importante promessa terapêutica para diversas doenças", explica o professor Ulrich. As CT encontradas nos tumores têm sido apontadas como responsáveis pela iniciação e crescimento tumoral, resistência às terapias clássicas e, pela volta da doença depois do tratamento (recidiva).
Ulrich esclarece que no laboratório foi estudado o papel das cininas ("mensageiros" gerados no sangue) e das purinas (moléculas produzidas no organismo) sobre as células-tronco a fim de que essas moléculas possam ser utilizadas como terapia para doenças neurodegenerativas.
Os receptores de cininas estão localizados na superfície das células e esses receptores são responsáveis por captar e reconhecer a presença das cininas no tecido. As cininas, por sua vez, são moléculas que, ao ligar-se aos receptores, promovem vários modificações nas células. "Entre estes efeitos, nosso grupo mostrou que a bradicinina (uma cinina) favorece a formação de novos neurônios a partir de células-tronco, em um processo denominado neurogênese", aponta Ulrich.
Estas recentes descobertas abrem novas perspectivas para um efeito benéfico das cininas em doenças do sistema nervoso, tais como Parkinson, esclerose lateral amiotrófica e Alzheimer. Além disso, explica o pesquisador, "as cininas e seus receptores também apresentam perspectiva de tratar tumores do sistema nervoso, já que foi mostrado seu papel na indução da diferenciação de células de cânceres, ou seja, elas seriam transformadas e remediadas, freando assim, o crescimento tumoral".
Indagado sobre o porque das células-tronco de origem tumoral serem responsáveis pelo desenvolvimento de tumores, o professor Ulrich revela que as células tronco de origem tumoral, ao se proliferarem, são capazes de auto-renovar, gerando mais células-tronco, e também de diferenciar em outros tipos celulares encontrados no tumor, como, por exemplo, células endoteliais que dão origem a vasos sanguíneos, o que acaba por ajudar a nutrir o tumor, bem como seu crescimento.
Nesse estudo também foi abordado o desenvolvimento de aptâmeros (moléculas formadas de DNA) que se ligam à superfície de células tumorais, e que servem para antecipar a identificação da malignidade do tumor e podem, desta forma, ajudar na escolha antecipada de uma terapia adequada para aquele tipo de tumor.
O professor Ulrich explica que os aptâmeros, como ligantes específicos, podem futuramente ser utilizados não só para identificar e quantificar a presença de células-tronco em amostras tumorais, mas também determinar a sua malignidade.
A próxima etapa da pesquisa, explica o pesquisador, seria demonstrar a aplicação dos aptâmeros também como promissora ferramenta terapêutica, já que são capazes de carregar e entregar drogas quimioterápicas ao tumor de maneira mais específica que a terapia convencional. Esse procedimento poderá ajudar a minimizar os efeitos colaterais associados ao tratamento dos pacientes, pois levaria a droga para célula cancerígena alvo do tratamento, poupando o restante do organismo.
A equipe do professor Ulrich atestou que aptâmeros possuem ação comprovada em células tumorais de pulmão. Todavia, em células tronco tumorais de glioblastoma (tumor maligno mais comum no cérebro), os experimentos continuam para comprovar a ação dos aptâmeros.
A pesquisa, cujo título é "Células-tronco: dos papéis de receptores de cininas e purinas às aplicações terapêuticas em doenças do sistema nervoso", gerou um registro de patente[3] e contou com recursos da Chamada "Pesquisa Translacional em Terapia Celular", da ordem de R$ 150 mil em custeio e R$ 96 mil em bolsas. A Chamada foi uma parceria do CNPq com o Departamento de Ciência e Tecnologia[4], do Ministério da Saúde.
Coordenação de Comunicação do CNPq
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Ter, 17 Abr 2018 11:20:00 -0300
Pesquisa identifica registros de terremotos em SC
Projetos financiados pelo CNPq, com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Oceanografia Integrada e usos múltiplos da Plataforma Continental e Oceano Adjacente descreve registros de terremotos no passado geológico, como evidencias desses eventos em Florianópolis e regiões adjacentes. Os primeiros trabalhos com estes registros foram publicados em 2016.Projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Oceanografia Integrada e usos múltiplos da Plataforma Continental e Oceano Adjacente - Centro de Oceanografia Integrada (INCT-Mar COI/Geodiversidade) descreve registros de terremotos no passado geológico, como evidencias desses eventos em Florianópolis e regiões adjacentes. Os primeiros trabalhos com estes registros foram publicados em 2016.
O projeto, no qual estão envolvidos os pesquisadores Antonio H. F. Klein[1], Ricardo P. Meireles[2] e Elírio E. Toldo Jr[3], mapeou as áreas marinhas da Baía da Pinheira, Baía de Tijucas e Ilha de Santa Catarina a partir da aquisição e da integração dos dados geofísicos da plataforma interna adjacente a Ilha de Santa Catarina e regiões vizinhas, antes esparsos e desconectados, numa extensão de 456 km de dados sísmicos de alta-resolução.
Um dos principais resultados foi o encontro de extensos depósitos de sedimentos subsuperficias com a presença de estruturas deformadas na região marinha adjacente ao norte da Ilha de Santa Catarina (30 metros de coluna de água), descritas como resultado de atividade sísmica, devido à existência de sedimentos deformados (de 20 a 30 metros de espessura).
"Uma variedade de fatores pode causar deformação de sedimentos, mas ao encontrarmos depósitos extensos como correlação lateral, como os vistos nos registros de subsuperficies (sísmica rasa) obtidos, mesmo em regiões onde existe pouca atividade sísmica, como em SC, é um indicativo de presença de atividade sísmica (leve a moderada)", explicou Klein.
O tipo de dimensão do depósito deformado tem uma relação direta com a magnitude do abalo sísmico. Estruturas de liquefação dos sedimentos devido a abalos sísmicos, como os encontrados na região, estão associados a magnitudes maiores que 5 e a distâncias não maiores que 40 km do epicentro (estatisticamente, a literatura diz que isso ocorre em 90% dos casos). Isso implica que o epicentro que gerou estes sedimentos localizou-se no passado geológico próximo à Ilha de Santa Catarina e pode ter sido de magnitude maior que o registrado no dia 13-04-2018 (magnitude 3,6).
Os estudos mostraram, ainda, que houve duas fases de atividades sísmicas do Pleistoceno Superior, o que parece indicar a existência de processos de reativação de falhas geológicas.
Nesses mesmos estudos, foram identificadas falhas nos depósitos de sedimentos marinhos próximos da Ilha de Santa Catarina, que coincidem com a área do epicentro do registro de abalo sísmico que ocorreu no dia 13 de abril de 2018, de baixa magnitude, sentido, especialmente, na Grande Florianópolis.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
[1] Prof. da Coordenadoria Especial de Oceanografia, Centro de Ciências Física e Matemáticas, Universidade Federal de Santa Catarina e bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq.
[2] Prof. do Departamento de Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia.
[3] Prof. do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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Ter, 10 Abr 2018 17:25:00 -0300
Conversão de pastagem em lavoura de cana aumenta emissões de gases de efeito estufa
Um estudo realizado por pesquisadores da UFSCar constatou que os processos de conversão de áreas de pastagem em lavouras de cana-de-açúcar e de intensificação do manejo de pastos para compensar as áreas ocupadas pela cana aumentam as emissões de gases de efeito estufa. A pesquisa foi realizada por bolsistas e ex-bolsistas do CNPq .Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de Sorocaba, constatou que os processos de conversão de áreas de pastagem em lavouras de cana-de-açúcar e de intensificação do manejo de pastos para compensar as áreas ocupadas pela cana aumentam as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. A pesquisa, realizada por bolsistas e ex-bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aponta que essas mudanças no uso da terra podem alterar o balanço de emissões de gases de efeito estufa na produção do etanol de cana no Brasil.
Esses resultados foram publicados em artigo no Journal of Environmental Management assinado por Janaina Braga do Carmo, bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, professora da UFSCar e principal autora do estudo, Camila Bolfarini Bento, Solange Filoso (ex-bolsista de doutorado do CNPq), Leonardo Machado Pitombo, Heitor Cantarella (Bolsista PQ 1C), Raffaella Rossetto (ex-bolsista de pós-doutorado), Luiz Antonio Martinelli (Bolsista PQ 1A).
A pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é tema do trabalho de mestrado de Camila e contou com a participação de pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, do Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP).
"Observamos que as mudanças no uso da terra associadas à expansão do cultivo de cana em áreas de pastagem e à intensificação do manejo dos pastos restantes aumentam as emissões de gases de efeito estufa, e que a magnitude do aumento é determinada pelo tipo de práticas de manejo do solo, da adubação com fertilizantes nitrogenados e pelas condições ambientais", disse Janaína.
De acordo com os pesquisadores, atualmente extensas áreas de pastagem de baixa produtividade e intensidade têm sido convertidas em plantações de cana no Brasil. Somente na última década a área plantada com cana-de-açúcar no país aumentou cerca de 60%, principalmente à custa de pastagens naturais ou não manejadas e já improdutivas. Quase metade dessa expansão ocorreu em pastagens degradadas ou abandonadas.
Apesar de a expansão da agricultura da cana sobre essas áreas ser considerada positiva, porque impede o desmatamento de florestas tropicais, esse processo afeta as emissões e altera o balanço de carbono e nitrogênio no solo e na atmosfera, uma vez que a aplicação anual de fertilizante nitrogenado e a reforma do canavial no final de cada ciclo produtivo da cana mudam o balanço desses elementos no agroecossistema.
Esse uso crescente de fertilizantes nitrogenados em pastagens e na cana-de-açúcar pode resultar em maiores emissões de óxido nitroso e metano e alterar o balanço de gases de efeito estufa do etanol da cana produzido no país. A magnitude do aumento das emissões desses gases de efeito estufa causado pela conversão de áreas de pastagem em lavouras de cana e a intensificação do manejo nos pastos restantes, entretanto, ainda não estavam claras, apontaram.
"Nossa hipótese era que a emissão desses gases de efeito estufa aumentaria com essas mudanças de uso da terra", explicou a professora.
"Mas, para nos certificarmos disso, era preciso verificar o que aconteceria com a entrada da cana em uma área dedicada à pastagem por 40 anos, por exemplo, com baixas emissões de gases de efeito estufa e com um estoque de carbono no solo considerável e que passa a ser manejado. Além disso, também queríamos avaliar o que aconteceria em pastagens que passassem a ser adubadas para manter uma produção adequada, de forma a evitar a degradação e suportar a manutenção não extensiva de gado, com animais confinados em uma área pequena, em um sistema de rotação de piquetes", disse Carmo.
O artigo Impacts of sugarcane agriculture expansion over low-intensity cattle ranch pasture in Brazil on greenhouse gases (doi: 10.1016/j.jenvman.2017.11.085), pode ser lido por assinantes do Journal of Environmental Management em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S030147971731160X.
Coordenação de Comunicação Social, com informações da Agência Fapesp
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Qua, 04 Abr 2018 17:20:00 -0300
Pesquisa melhora navegabilidade de navios em portos
Atualmente, existem inúmeros trabalhos que abordam a influência das condições ambientais de ondas, correntes e ventos na dinâmica de embarcações. Um desses trabalhos está sendo desenvolvido por Wiliam Correa Marques, professor da FURG e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.Desde o início do século XX estudos das condições de navegabilidade e da análise de risco de manobras de embarcações vêm sendo conduzidos através da utilização de diferentes fundamentações teóricas. Estes estudos estão evoluindo ao longo do tempo, e atualmente existem inúmeros trabalhos que abordam a influência das condições ambientais de ondas, correntes e ventos na dinâmica de embarcações. Um desses trabalhos está sendo desenvolvido por Wiliam Correa Marques, professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Diferentes formulações teóricas são empregadas neste tipo de estudo e desta forma, metodologias como a do cálculo variacional, também podem ser empregadas para desenvolver modelos numéricos aplicados à análise das condições de navegabilidade. Esta formulação teórica foi utilizada para iniciar o desenvolvimento de um modelo da dinâmica de embarcações influenciadas pela ação de ondas, correntes e ventos.
Este modelo foi registrado no ano de 2015, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com o nome: SHIPMOVE - SHIP MOVEMENT MODEL. Os primeiros estudos de caso foram realizados para o movimento de embarcações arbitrárias na zona costeira adjacente à desembocadura da Lagoa dos Patos, analisando diferentes cenários de condições de mar observados para esta região. Novos estudos de caso vem sendo realizados com embarcações que tipicamente trafegam pela região portuária da cidade de Rio Grande no Rio Grande do Sul. Além disso, testes de validação do sistema de modelagem estão sendo conduzidos com informações obtidas para o navio Oceanográfico Atlântico Sul, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Marques explica que a simulação de fenômenos físicos pela aplicação da modelagem matemática e numérica vem sendo cada vez mais empregada durante as diferentes etapas de desenvolvimento de projetos de pesquisa ou desenvolvimento em diversas áreas. A região costeira do Sul do Brasil apresenta alta susceptibilidade a eventuais acidentes com derrame de óleo, já que existe um intenso transporte de óleo na região, devido à presença do Porto de Rio Grande, do Terminal Aquaviário da Transpetro (Petrobrás) e da Refinaria de Petróleo Riograndense S/A.
Neste sentido, simulações das condições ideais de navegabilidade de navios com cargas potencialmente poluidoras são importantes para que eventos envolvendo derrames de óleo no ambiente possam ser minimizados. As consequências adversas que surgem com derrames de óleo de diversas proporções motivam a capacidade de prever e controlar de maneira eficaz o comportamento dos navios petroleiros em diferentes condições ambientais, ao longo de seu trajeto em direção ao continente.
"Portanto", informa Marques, "o objetivo principal desta proposta é desenvolver um sistema de modelagem numérica para a simulação do comportamento de navios sob a influência de diferentes forçantes ambientais, capaz de ser utilizado na previsão de cenários realísticos, e que possa ser acoplado a qualquer modelo hidrodinâmico e de ondas geradas pelo vento".
A metodologia está baseada no desenvolvimento e aplicação de modelos numéricos tridimensionais e na utilização do formalismo Lagrangeano para o desenvolvimento do modelo numérico para a simulação da dinâmica de navios. O principal resultado deste projeto de pesquisa é a obtenção de um modelo consistente da simulação e previsão da dinâmica de navios em ambientes costeiros e estuarinos, que represente o maior número de processos possível, e que possa ser acoplado a qualquer outro modelo hidrodinâmico e de ondas geradas pelo vento.
A pesquisa, cujo título é Sistema de modelagem numérica da dinâmica de navios: Estudo de caso para a área de atuação do Porto de Rio Grande, foi financiada pelo CNPq por meio da Chamada MCTI/CNPq/CT-Aquaviário Nº 23/2013 (Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico nas Áreas de Transporte Aquaviário e Construção Naval ). A Instituição executora do projeto é a Universidade Federal do Rio Grande ¿ FURG.
Coordenação de Comunicação Social
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Ter, 27 Mar 2018 17:57:00 -0300
Estudo revela que poluição de Manaus inibe a fotossíntese e reduz as chuvas
Pesquisa realizada pelo Prof. Paulo Artaxo e equipe da USP, financiada pelo CNPq, mostra que a poluição gerada pelas emissões atmosféricas de Manaus tem contribuído para o aumento da concentração de ozônio, alterando mecanismos de formação e desenvolvimento de nuvens e alterando o fluxo de radiação para a floresta, entre outros efeitos. Os achados atestam que isso altera o funcionamento do ecossistema Amazônico.Pesquisa realizada pelo Professor Paulo Eduardo Artaxo Netto e equipe, da Universidade de São Paulo (USP), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostrou que a poluição gerada pelas emissões atmosféricas de Manaus tem contribuído para o aumento da concentração de ozônio, alterando mecanismos de formação e desenvolvimento de nuvens e alterando o fluxo de radiação para a floresta, entre outros efeitos. E, estes achados atestam que as emissões de Manaus alteram o funcionamento do ecossistema Amazônico vento abaixo da cidade. Artaxo é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e vencedor do Prêmio Almirante Álvaro Alberto de 2016.
Artaxo esclarece que os resultados da pesquisa geram impactos socioeconômicos e ambientais."É nítida a importância e a pertinência de elaborar políticas de controle de emissões de poluentes em Manaus, em particular no setor de transporte e de termoelétricas. É importante também realizar a gestão e o controle do processo de urbanização na região Amazônica". Afirma ainda que, considerando tratar-se de uma região que abriga uma grande parte da biodiversidade mundial, o impacto do homem no ecossistema tem tido consequências muito negativas, tanto pelas queimadas quanto pelo crescimento dos centros urbanos e suas emissões.
A pesquisa de Artaxo foi contemplada pelo Edital Universal de 2012, com o projeto 'GoAmazon2014 - A interação entre emissões atmosféricas urbanas e emissões naturais da Floresta Amazônica', financiado em R$ 80 mil pelo CNPq.
Segundo Artaxo, a floresta emite naturalmente os chamados compostos orgânicos voláteis (VOCs) como parte do seu metabolismo. Uma vez na atmosfera, os VOCs interagem com outros gases e são oxidados. Esse processo tem papel fundamental na formação de ozônio e de partículas secundárias que afetam as nuvens e, consequentemente, da chuva que cai na região. Com mais aerossóis, o fluxo de radiação que atinge a superfície e é usado pela vegetação para fotossíntese, é reduzido.
É neste ponto que a pluma de poluição manauara mostra a sua influência. As emissões que saem das chaminés industriais e dos escapamentos da frota de veículos formam uma pluma de poluentes na troposfera sobre Manaus e vento abaixo. Tal pluma é continuamente transportada pelos ventos para longe da cidade, geralmente na direção sudoeste, formando uma mancha de poluentes atmosféricos que se estende por mais de 200 quilômetros de distância na Amazônia Central.
Os gases poluentes da pluma alteram as reações químicas dos VOCs na atmosfera, produzindo mais ozônio e mais partículas de aerossóis do que ocorreria naturalmente longe da presença da pluma de poluição. "O ozônio é um gás fitotóxico. Ele é tóxico para as plantas em altas concentrações, acima de cerca de 40 ppb", diz Artaxo.
"O foco dos estudos do experimento GoAmazon foi desvendar os mecanismos de interação entre as emissões de Manaus e as da floresta", diz Paulo Artaxo, que é professor do Instituto de Física da USP e um dos coordenadores do experimento GoAmazon, uma campanha científica internacional com participação do INPA, INPE, UEA, USP e outras instituições.
Com cerca de 400 trabalhos publicados e mais de 16 mil citações, Artaxo foi um dos quatro brasileiros citados no início do ano entre os pesquisadores 'mais influentes', do mundo pela empresa Thomson Reuters.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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Ter, 20 Mar 2018 16:38:00 -0300
Pesquisa cria sistema de localização para atletas cegos
Pesquisa financiada pelo CNPq por meio da Chamada de Tecnologia Assistiva proporciona autonomia a velocistas cegos a partir de mecanismos táteis emitidos pelas próprias pistas de atletismo. A pesquisa está em aprimoramento e concorreu ao Sports Technology Awards, prêmio internacional de tecnologia para o esporte, em 2017, e, em 2015, venceu o Prêmio Nacional Santander Ciência e Inovação.Uma pesquisa pode mudar de vez com a conhecida imagem dos atletas com deficiência visual que correm guiados por outra pessoa sem deficiência. É o que pretende a pesquisadora Ana Carolina Oliveira Lima, com o estudo que vem desenvolvendo intitulado Sistema de Localização e Correção de Trajetória para Atletas com Deficiência Visual na Modalidade de Corrida em Pista.
A pesquisa faz parte do projeto Sistema de Monitoramento de Atletas Cegos em Modalidade Corrida em Pista - Guia Vibrátil, coordenado por Ana Carolina, que foi contemplado pela Chamada em Tecnologia Assistiva (20/2016), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O projeto é realizado em parceria com pesquisadores de outras instituições superiores do Amazonas - Instituto Federal de Educação do Amazonas (IFAM), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O objetivo da pesquisa é oferecer autonomia a velocistas cegos a partir de mecanismos táteis emitidos pelas próprias pistas de atletismo. Isso será possível a partir da definição de um Código Lingüístico Moderno por meio de testes de percepção tátil aplicável nas áreas sensoriais táteis: antebraço, braço, perna, costas e dorso. "Na modalidade atlética de corrida em pista, o deficiente visual faz uso do tato como substituto sensorial para executar uma tarefa relativa a tal modalidade", explica a pesquisadora.
Ana Carolina, que coordena o Núcleo de Tecnologia Assistiva, alocado na UFAM, tem expectativa de revolucionar uma modalidade paralímpica. "Gostaríamos que algum dos nossos protótipos, seja o bracelete ou o macacão, já na forma de produto, pudesse transformar a concepção atual de corrida de pista em jogos paralimpícos", afirmou a pesquisadora em entrevista ao Portal Brasil, em referência ao fato de a tecnologia dispensar a necessidade de um segundo atleta ao lado dos competidores deficientes visuais.
A pesquisadora afirmou, ainda, que "todo esse trabalho só saiu por causa do CNPq", ressaltando o apoio da agência por meio da chamada pública.
Essa pesquisa foi tema de dissertação de mestrado do aluno Luiz Alberto Queiroz Cordovil Júnior, da qual Ana Carolina foi orientadora. Em seu estudo, Cordovil Júnior esclarece que mesmo que a ferramenta (corda) possibilite a execução da atividade desportiva, um guia humano influencia indiretamente no desempenho do atleta, visto que a capacidade física do seu guia deve ser equivalente à sua. Quando isso não ocorre, o atleta pode ser prejudicado na execução da modalidade, além de problemas como afinidade ou tratativas profissionais que podem ocasionar transtornos no treinamento ou a ausência do guia por qualquer motivo. "Neste sentido, o propósito é garantir autonomia aos atletas, bem como fornecer ferramentas de controle e monitoramento. O projeto apresenta uma proposta de dispositivo de correção de trajetória baseado em acelerômetro e uma metodologia de localização para fins de orientação de atletas com deficiência visual em corridas paralímpicas de atletismo", explica Cordovil Júnior.
A ideia é uma vestimenta com dispositivo acoplado que emite vibrações por meio de um sistema sensorial, pelo qual o corredor se baseia para receber orientações referentes à postura e direção no decorrer da prova. A comunicação através da roupa é feita por uma rede de localização (GPS).
A pesquisa recebeu recursos financeiros do CNPq da ordem de R$ 174,4 mil entre custeio, capital e bolsas. Esse auxílio é um desdobramento dos investimentos em Tecnologia Assistiva realizados pelo CNPq e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) desde a primeira Chamada lançada pela agência, em 2013.
Como reconhecimento à importância da pesquisa, Ana Carolina Oliveira Lima concorreu ao Sports Technology Awards, prêmio internacional de tecnologia para o esporte, no ano de 2017, e, no ano de 2015, foi vencedora do Prêmio Nacional Santander Ciência e Inovação.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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Qua, 14 Mar 2018 14:23:00 -0300
Pesquisa busca sustentabilidade do fósforo no Brasil
A base terrestre do Brasil e o clima favorável oferecem um grande potencial para expandir a produção agrícola do país, tanto por intensificação agrícola quanto por expansão controlada das terras cultivadas. No entanto, o professor Luiz Roberto Guimarães Guilherme, bolsista PQ do CNPq, alerta para o aumento da demanda de fertilizantes, exigência para uma maior produção agrícola, e em particular o fósforo.Hoje, cerca de 70% das reservas mundiais de fósforo estão no Marrocos. E desse valor, 80% são destinados para fertilizantes, utilizados em solos como os do Brasil, pobres em fósforo disponível.
A enorme base terrestre do Brasil e ainda o clima geralmente favorável oferecem um grande potencial para expandir ainda mais a produção agrícola do país, tanto por intensificação agrícola quanto por expansão controlada das terras cultivadas. No entanto, o professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA) Luiz Roberto Guimarães Guilherme, pesquisador de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) alerta que uma grande consideração econômica e ambiental na expansão da agricultura brasileira é o aumento da demanda de fertilizantes, exigência para uma maior produção agrícola, e em particular o fósforo. "60% desse fósforo é importado. A alta demanda e a forte dependência de importação de fertilizantes tornam a agricultura brasileira particularmente vulnerável à escassez e flutuações de preço. Assim, as estratégias para reduzir essa dependência e usá-lo de forma mais eficiente tornar-se-ão cada vez mais importantes", aponta.
O assunto é tema de pesquisa da qual participa o Prof. Luiz Roberto, cujo resultado foi publicado recentemente na Scientific Reports/Nature, apresentando possibilidades de melhorar a eficiência da agricultura brasileira com tecnologias alternativas que visem à sustentabilidade na gestão do fósforo. Participaram do estudo, ainda, o pós-doutorando Teotônio de Carvalho, também da UFLA, os pesquisadores de Produtividade em Pesquisa do CNPq Paulo Pavinato (ESALQ), Luciano Gatiboni (UFSC), Ciro Rosolem (UNESP), além de Fernando Andreote (ESALQ). Além destes, outros oito pesquisadores de expressividade no estudo do fósforo em solos tropicais participaram desta pesquisa, dentre eles quatro pesquisadores da EMBRAPA, dois pós-doutores pela USP e um pesquisador britânico (Paul Withers).
Prof. Pavinato e outros pesquisadores brasileiros estiveram, recentemente, na maior mina de fosfato do mundo, no Marrocos, a Khouribga, para conhecer o trabalho realizado.
Algumas alternativas já são bastante difundidas com o intuito de diminuir o uso de fertilizante fosfatado, como cultivar em solos que possuem maior teor de matéria orgânica ou fazer calagem (ação ou efeito de adubar a terra com cal). ¿Há um cenário de utilização alta de fósforo no Brasil, mas, existe uma série de estratégias. Está sendo construída uma poupança de fósforo no solo, eventualmente, em certo momento, ficaremos como nos Estados Unidos e boa parte da Europa, com produção em alta e taxa de fósforo constante¿, comenta ainda o professor Luiz Roberto.
Nesse estudo, após fazer uma nova análise estratégica da demanda/oferta atual, os pesquisadores constataram que os recursos secundários de fósforo que são produzidos anualmente (por exemplo, esterco de gado, resíduos de processamento de cana-de-açúcar) poderiam potencialmente fornecer até 20% da demanda de fósforo da safra em 2050. "Os cenários para intensificação agrícola no Brasil até 2050 foram construídos com base em tendências e dados do censo nacional da área de cultivo total brasileira, produção de cultura, número de animais e consumo de fertilizantes", explicam.
Mas, de acordo com os pesquisadores, ainda é necessário buscar outras fontes alternativas de fósforo, até mesmo em razão de novas áreas que ainda serão adaptadas para a agricultura. "Temos áreas novas, como na região de Matopiba (estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), com cerca de 70 milhões de hectares de fronteira agrícola e um solo igual ao que o professor Alfredo Scheid Lopes estudou há 40 anos no cerrado". Mas, hoje, dizem os pesquisadores, já são aplicadas estratégias ainda mais modernas para construir a fertilidade desse solo.
Uma das atuais propostas é a reciclagem do fósforo por meio de um sistema de tratamento de lodo. "Esta é uma importante solução. Quando você pega uma planta, crescida em um solo fertilizado com fósforo, e a utiliza como alimentação tanto em humanos como em animais, por exemplo, suínos, após o consumo, 80% do fósforo sairão nas fezes. Uma cidade como Lavras, por exemplo, são 50 toneladas de lodo sendo produzidas diariamente. Em alguns países do mundo, como nos Estados Unidos, esse material, ao ser reciclado, vira adubo. Mas, primeiramente, você tem que ter saneamento básico", relatam os pesquisadores da UFLA.
O Paraná é o principal estado que deseja trabalhar com lodo no Brasil, sendo o que mais incentiva essa alternativa de reciclagem. Pela primeira vez, no País, uma usina produzirá energia a partir da combinação entre resíduos orgânicos e o lodo de esgoto. "A Dinamarca foi o primeiro país a desenvolver esse processo: após incinerar o lodo para gerar energia, você ainda pode utilizar as cinzas como fertilizante", finaliza o professor Luiz Roberto.
Como conclusão deste trabalho os autores destacam que há espaço para ampliar a produção agrícola no Brasil sem afetar outros setores de produção e nenhuma contravenção às regras atuais do código florestal. A demanda brasileira de fertilizantes fosfatados ainda irá aumentar nos próximos anos, independentemente de haver ou não melhor exploração das reservas já acumuladas no solo. Algumas estratégias devem ser adotadas para a maior eficiência deste fertilizante (a) investimentos nacionais e regionais em tecnologias de mineração e recuperação de fósforo de recursos secundários ¿¿que podem substituir o fertilizante importado e (b) melhorar as bases de recomendação de fertilização para suprimento do mínimo necessário para a obtenção de alta produção. Desta forma conseguiríamos utilizar este nutriente de forma eficiente na produção agrícola, destaca o prof. Pavinato.
Acesse aqui o trabalho completo.
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Ter, 06 Mar 2018 10:10:00 -0300
Curativo cicatriza lesões de portadores de diabetes
Estudo financiado pelo CNPq e desenvolvido no laboratório do professor Carlos Pérez Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), resultou na criação de um curativo para úlceras da pele e ossos agravados pela presença de diabetesEstudo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e desenvolvido no laboratório do professor Carlos Pérez Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), resultou na criação de um curativo para úlceras da pele e ossos agravados pela presença de diabetes. Esse curativo é capaz de servir como suporte para o crescimento de novas células de pele ou osso, sendo completamente absorvido pelo organismo após algum tempo.
A inovação é um benefício direto aos milhões de brasileiros diagnosticados com a doença, que provoca uma dificuldade na cicatrização, em razão da vascularização deficiente, tendo como consequência feridas que infeccionam facilmente. Levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, mostrou que em 10 anos o número de brasileiros com diabetes cresceu 61,8%, passando de 5,5% da população para 8,9% em 2016.
O curativo foi criado a partir do desenvolvimento e da aplicação de membranas compostas por biomateriais nanoestrutuados, em especial poliuretanos e hidroxiapatita e o pedido de patente da invenção foi depositado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2015.
Imagem fotográfica do curativo (à esquerda) e microscópica (direita)
Segundo Bergmann, o processo de estudo envolveu a obtenção das membranas poliméricas pela técnica de eletrofiação, que é pouco utilizada para o desenvolvimento de compósitos aplicáveis na área da saúde, mas que gera características compatíveis com o meio biológico e com propriedades físicas adequadas ao processamento final do produto, que foi produzido em escala laboratorial.
Foi realizado, também, um estudo sistemático de avaliação da interação do material com as células, avaliando de maneira inovadora a relação entre as membranas obtidas e características como biocompatibilidade e citotoxicidade. Os estudos clínicos realizados indicaram que o curativo final obtido foi capaz de servir como suporte para o crescimento de novas células de pele ou osso, sendo completamente absorvido pelo organismo após algum tempo.
A execução do projeto envolveu uma equipe multidisciplinar. Além de especialistas em Materiais, a equipe contou com pesquisadores da Saúde, responsáveis pelos testes in vitro de biocompatibilidade e de adesão e proliferação celular.
Engenheiro metalúrgico pela UFRGS e professor titular desta Universidade, Bergmann é doutor em Engenharia pela Rheinisch Westfälische Technische Hochschule Aachen, na Alemanha, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq e líder do Laboratório de Materiais Cerâmicos.
A pesquisa de Bergmann, intitulada 'Síntese de membranas nanoestruturadas para emprego na regeneração de úlcera por diabetes e osteointegração', foi contemplada pela Chamada "Diabetes" e recebeu R$ 694 mil. A chamada foi fruto de mais uma parceria entre CNPq e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT), do Ministério da Saúde.
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Seg, 26 Fev 2018 13:33:00 -0300
Pesquisa agrega valor a subprodutos da soja e do etanol
Bolsista PQ do CNPq e professor da UFPR, Miguel Noseda desenvolveu, com sua equipe, processos para a obtenção de compostos de maior valor agregado a partir da biomassa de levedura excedente da produção de etanol e de soja, transformando-as em produtos com aplicação industrial.Grande parte do que é gerado de leveduras excedentes decorrentes do processo de produção de etanol é subaproveitado como fonte de proteínas e o restante se tornou um problema ambiental, pois necessita de tratamento adequado antes de ser descartada no meio ambiente. Para minimizar esse problema, o pesquisador, Miguel Daniel Noseda, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e sua equipe desenvolveram processos para a obtenção de compostos de maior valor agregado a partir dessa biomassa de levedura excedente.
No laboratório do professor Noseda, que é bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foram desenvolvidos dois processos para transformar farelo de soja e levedura excedente da produção do etanol em produtos com aplicação industrial. Na dissertação da mestra Juliana Teodoro, integrante de sua equipe, foi delineado um processo sequencial onde são gerados produtos com aplicação industrial: ribonucleotídeos, que são utilizados como realçadores de sabor na área da indústria alimentícia, e polissacarídeos da parede celular das leveduras - aplicados como prebióticos e imunoestimulantes na ração animal para melhorar o funcionamento do intestino e diminuir os riscos de infecções.
A composição nutricional e alta disponibilidade do farelo de soja, subproduto da produção de óleo de soja, cujo destino usual é a incorporação em ração animal, o tornam uma fonte com potencial de utilização para fins biotecnológicos. A pesquisa desenvolvida na tese da doutora Jenifer Mota Rodrigues, também da equipe do professor Noseda, evidenciou que os extratos quimiotransformados de farelo de soja apresentam alto potencial de ligação à Salmonella enterica sv. Tiphymurium. Esses resultados demonstram o potencial uso biotecnológico dos extratos obtidos a partir do farelo de soja na prevenção de infecções causadas por bactérias enteropatogênicas, responsáveis pelas infecções do aparelho digestivo. A consequência esperada ao seu uso é a redução da utilização de antibióticos na pecuária, contribuindo de maneira promissora frente ao contexto mundial de aumento da incidência de cepas bacterianas resistentes a antibióticos.
As pesquisas resultaram no depósito de dois pedidos de patentes de invenção, que aguardam o apoio de investidores para se tornarem produtos comerciais, com consequente impacto ambiental aproveitando subprodutos e resíduos agroindustriais sem afetar o meio ambiente, impacto social gerando empregos nos setores produtivos, e impacto econômico otimizando o uso de matéria-prima no meio produtivo e promovendo a diversidade de produtos na economia.
Sobre o projeto
Com o título "Potencial aplicação biotecnológica de leveduras e farelo de soja no controle de doenças entéricas e propriedades prebióticas", o projeto foi contemplado pelo Edital Universal de 2012 do CNPq e recebeu um total de R$ 50 mil em custeio e capital, contando com duas bolsas concedidas, uma na Modalidade Apoio Técnico a Pesquisa - Nível Superior e uma de Iniciação Científica.
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Seg, 22 Jan 2018 16:03:00 -0200
Pesquisa desenvolve citros resistentes à seca
Sabe-se que as plantas desenvolvem mecanismos de "memória" para melhor se adaptarem às condições adversas, estresses bióticos e abióticos. Pensando nisso, o pesquisador da Embrapa e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Sabe-se que as plantas desenvolvem mecanismos de "memória" para melhor se adaptarem às condições adversas, estresses bióticos e abióticos. Pensando nisso, o pesquisador da Embrapa e bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Abelmon da Silva Gesteira, estudou alterações epigenéticas de dois porta-enxertos - tangerineira "Sunki Maravilha" e o limoeiro "Cravo" em combinação com laranjeira "Valencia" - que foram induzidas por sucessivos déficits hídricos, ou seja, a irrigação foi cortada.
Epigenética é um termo usado na biologia para se referir a características de organismos unicelulares e multicelulares, como as modificações de cromatina e DNA que são estáveis ao longo de diversas divisões celulares mas que não envolvem mudanças na sequência de DNA do organismo.
Gesteira explica que após sucessivos ciclos de déficit hídricos, a combinação laranjeira "Valencia"/"Sunki Maravilha" apresentou características de aclimatação que permitem uma maior tolerância ao déficit hídrico, o que, por sua vez, pode facilitar a sobrevivência da planta. Além de trazer informações relevantes da interação copa/porta-enxerto a sucessivos ciclos de déficit hídrico, o estudo traz o primeiro conjunto de dados que demonstra que alterações epigenéticas induz uma melhor tolerância à seca a esta cultura. "As informações obtidas poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de uma técnica de manejo com aplicação direta na cadeia citrícola", afirma.
O pesquisador da Embrapa informa ainda que o cultivo dos citros no Brasil se dá predominantemente sem irrigação e por isso é desejável que se usem combinações copa/porta-enxerto que mostrem, entre outras características de interesse agronômico, a tolerância à seca, devido à ocorrência de déficits hídricos temporários em várias regiões citrícolas. "As plantas cítricas apresentam uma série de adaptações morfológicas e fisiológicas à deficiência hídrica, entre as quais se citam a conformação de copa e a morfologia foliar", esclarece. Estes atributos, segundo Gesteira, são influenciados pela combinação copa/porta-enxerto, sendo que a tolerância à seca é também uma das características para seleção e melhoramento de porta-enxertos, existindo grande variação desta resposta, determinada especialmente pela condutividade hidráulica do sistema radicular.
Intitulado "Estudos de alterações epigenéticas induzidas pelo déficit hídrico em citros", Gesteira destaca que a proposta é inovadora e sem relatos na literatura, além de apresentar potencial para o desenvolvimento de uma técnica de manejo com aplicação direta na cadeia citrícola. "Vale ressaltar que, caso seja comprovado que plantas cítricas submetidas a déficits hídricos sucessivos apresentam adaptações que resultam em uma maior tolerância à seca, as plantas matrizes, doadoras das borbulhas para enxertia, poderão ser submetidas a déficits hídricos prévios, visando aumentar o nível de tolerância ao estresse em questão", finaliza.
A pesquisa foi publicada no periódico Scientic Reports 7, doi:10.1038/s41598-017-14161-x com o título "Recurrent water deficit causes epigenetic and hormonal changes in citrus plants".
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